quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O CRISTÃO E A MENTIRA


"Pega na Mentira" 
♫♪ Zico tá no Vasco, com Pelé
Minas importou do Rio a maré
Beijei o beijoqueiro na televisão
Acabou-se a inflação
Barato é o marido da barata
Amazônia preza a sua mata 
Pega na mentira, pega na mentira
Corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela
Pega na mentira 
Já gravei um disco voador
Disse a Castro Alves seu valor
Em Copacabana não tem argentino
Sou mais moço que um menino
Vi Papai Noel numa favela
O Brasil não gosta de novela 
Pega na mentira, pega na mentira
Corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela
Pega na mentira 
Sônia braga é feia, não é boa
Já não morre peixe, na Lagoa
Passa todo mundo no vestibular
O amor vai se acabar
Carnaval agora é um dia só
Sem censura e guaraná em pó 
Pega na mentira, pega na mentira
Corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela
Pega na mentira ♪♫
A letra acima é uma composição da dupla Erasmo e Roberto Carlos, gravada pelo primeiro no seu emblemático álbum "Mulher", de 1981, um dos melhores de sua carreira, diga-se de passagem. De maneira inteligentemente criativa e muito bem humorada, a canção além de explícita crítica social, usando o elementos comuns ao contexto da época,  fala de algo com o que todos nós lidamos no decorrer de nossas vidas, quer em pequena, média ou máxima extensão: a mentira. E quem aí nunca mentiu (menti ou mentirá) que atire a primeira pedra. Em minha mão não tem pedra alguma, já vou logo avisando. 

Na Bíblia temos um texto clássico sobre a questão da mentira:
"Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira" (João 8:44, grifos meus. O contexto pode ser lido aqui.).

A mentira e a ciência


Quem já não ouvir o dito popular "uma mentira puxa outra ainda maior"? Essa prática acaba de ser comprovada cientificamente por neurologistas da Universidade College London (UCL), no Reino Unido. De acordo com o estudo britânico, a tendência de quem mente uma vez é mentir cada vez mais, pois a resistência do cérebro em praticar o ato novamente vai se tornando menor. No experimento, os voluntários foram encorajados a mentir repetidamente e o resultado surpreendeu até os próprios pesquisadores.

Durante a experiência, 80 voluntários visualizaram  fotografias de copos com diferentes quantidades de moedas de um centavo. Eles foram orientados a aconselhar um parceiro - um ator, desconhecido por eles e que tinha visto as mesmas imagens desfocadas - quanto ao dinheiro que havia nos copos. Ao responder honestamente, eles foram recompensados por isso.  

Depois, em uma segunda etapa, a mentira proposital foi recompensada com lucros, ambos e, num terceiro experimento, explicou-se aos participantes que a fraude prejudicaria somente o parceiro. Os participantes se diferenciaram muito no grau de desvio da verdade e na taxa em que sua desonestidade aumentou, mas a maioria dos participantes tinha em comum o fato de que caíram num padrão de mentiras e aumentaram a intensidade delas ao longo do tempo. As pessoas mentiram mais quando ambos podiam tirar proveito. Se a situação beneficia apenas a si próprio, mas prejudica outra pessoa, mente-se menos. Essa foi a conclusão que chegaram os autores da pesquisa.

Por que mentir?


Para os psicólogos que atuam na área clínica, existe uma relação muito próxima entre a mentira e recompensa. Segundo eles, indivíduos com comportamentos manipuladores buscam argumentar e convencer pessoas dentro de suas relações interpessoais com a finalidade de obter benefícios para si. Desta forma acabam desestruturando familiares, amigos e colegas de trabalho. O manipulador identifica o outro como um objeto, utilizando comportamento egocêntrico com diferentes métodos de persuasão.

Ainda segundo esses especialistas, o ato de mentir é, muitas vezes, considerado norma pela sociedade, mas as consequências podem ser gravíssimas quando uma mentira é contada como verdade ou fato que precisa ser aceito como verídico. Muitas vezes, mentimos porque a verdade nos é inconveniente, para não magoar as pessoas, para evitar conflitos entre terceiros, ou por tantos outros motivos que possam existir. O medo da punição é provavelmente a causa mais comum para as mentiras. Após fazer algo que o indivíduo acredita ser reprovável ou passível de castigo, a mentira surge como uma forma de evitar a penalidade.

O perfil do mentiroso

  • Tem conduta manipuladora, é bom ator, improvisa bem, fala o mínimo possível, pensa rápido e causa boa impressão.
  • Tem boa memória, é criativo e confiante enquanto mente. Esconde facilmente as emoções e utiliza de espontaneidade.
  • Apresenta-se sempre cheio de boas intenções, explora os comportamentos alheios e faz chantagem moral, emocional e sentimental.
  • Demonstra cultura e conhecimento, tende a desvalorizar e fazer caricaturas diante das informações emitidas por outro.
  • Inventa histórias para mostrar que as coisas não são da sua responsabilidade, distorce as informações dadas pelas pessoas à sua volta e nega os fatos.
  • Comunica-se por meias palavras e é especialista em fofocas e intrigas. A sua arma preferida é a culpabilidade.

Uma perspectiva cristão do assunto


Mentir é falar ou dizer algo contrário à verdade; é a expressão e manifestação contrária ao que alguém sabe, crê ou pensa. Pode-se crer na mentira, falar mentira e praticar a mentira. É o engano em seus diferentes aspectos; nocivo ao ser humano e ofensa grave diante de Deus. O diabo é o pai da mentira (João 8:44) e, portanto, a mentira é um instrumento diabólico que o homem usa para sua própria perdição. O mais triste é que o homem ama a mentira, não ama a verdade pois ele é mau por natureza (Romanos 1:25; Apocalipse 22:15). E com advento das tais redes (e/ou mídias) sociais, esse comportamento não tem encontrado limites nem fronteiras.

A juventude, em termos gerais, está sendo arrastada à perdição eterna pelo prazer transitório da inclinação à droga, sexo, etc. Tudo não passa de uma grande mentira; é enganoso, anormal, trazendo prejuízos físicos, morais e espirituais. Tais coisas podem ser definidas como praticar a mentira. Esta prática abrange os mais variados aspectos da mentira como idolatria, homicídio, adultério, fornicação, cobiça, etc.

Falar mentira é um mal muito comum em todos os ambientes e esferas da vida. Algumas pessoas dizem que certas mentiras são benignas, mas isto não é correto. Toda mentira, pequena ou grande, é um instrumento do diabo, portanto é recomendável que o crente não se comprometa com coisa alguma que possa levá-lo a mentir. Todo verdadeiro cristão deve tratar tudo de uma forma positiva; na verdade o seu falar deve ser 
"Sim, sim; Não, não, porque o que passa disto é de procedência maligna" (Mateus 5:37).

Existe também a mentira doutrinária e a mentira teórica. O espírito do erro nega que Jesus Cristo veio em carne, nega que Cristo é Deus (1 João 4:6). Esta é uma mentira doutrinária. A teoria da evolução é uma mentira teórica pois nega a criação, negando assim o Criador que é Deus. Há pessoas que creem nessas mentiras (não só creem, com as disseminam), e haverá muitíssimos que irão crer na mentira por não terem dado crédito à verdade (2 Tessalonicenses 2:10-12).

Quando Adão e Eva pecaram no Éden, o pecado entrou no ser humano; entrou a mentira, o mal e, consequentemente, a morte. 
"Porque o salário do pecado é a morte", mas graças a Deus que "o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 6:23). 
Portanto, ao homem agrada, por natureza, crer na mentira; agrada-lhe praticar a mentira e ele até mesmo ama a mentira. Repito, a mentira é prejuízo ao homem e, com todos os seus horrorosos aspectos, o degenera e o leva à perdição. O diabo com seu instrumental de mentira rouba, mata e destrói o homem. Está escrito: 
"O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir" (Jo 10:10). 
O diabo lançou a sua mentira no mundo: 
"A concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 Jo 2:16).
 É triste saber que há um sem número de pessoas (infelizmente, muitas dessas nas fileiras e, pior, até nos púlpitos evangélicos) que acreditam e se deixam seduzir por esse enredo diabólico.

Conclusão


Devemos aborrecer a mentira, em qualquer forma que se apresente, e não nos esquecermos que o primeiro pecado grave, pecado de morte, registrado na igreja, foi uma mentira (Atos 5:1-11). Temos que amar a verdade, a qual está em nós, e estará para sempre (2 Jo). Procuremos praticar a verdade em nossas vidas, crer na verdade, falar a verdade e amar a verdade. Cristo disse: 
"Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14:6).  
"Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros." (Efésios 4:25).

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