quarta-feira, 12 de outubro de 2016

POR QUE NÃO "#SOMOSTODOSHAITI"?

É interessante vermos a comoção em nível mundial quando acontece uma tragédia em alguma parte do globo terrestre. Foi assim com os atentados terroristas contra o World Trad Center, em 2001, nos EUA, deixando um saldo de quase 3 mil mortos. Foi assim com o tsunami que em 2004 que devastou zonas costeiras em 11 países no continente asiático, deixando um saldo de 250 mil mortos. E, mais recentemente, foi assim também com os ataques terroristas que tiveram como alvo a França e deixaram um saldo de dezenas de mortos. 

A febre das hashtags #Somostodos...


O que as hashtags #Somostodos… mobilizam? O advento das mídias sociais trouxe consigo uma nova forma de demonstrar empatia, que de tempos em tempos se repete! No Brasil, que eu me lembre: a primeira estratégia de criar vínculo por meio do que eu chamo marcadores de identidade foi a inclusão no nome nos perfis do termo Guarani Kaiowá. 

Depois se seguiram: #SomostodosTinga, #SomostodosCláudia, #SomostodosAmarildo, #SomostodasVerônica, #Somostodosprofessores! Também tivemos o #Somostodosmacacos em referência ao caso de racismo envolvendo o jogador do Barcelona Daniel Álves. A estratégia também foi adotada em nível planetário com #JesuisCharlie e o seu contrário #jenesuispascharlie, reações ao assassinato dos chargistas do semanário de humor francês Charlie Habdo e o #Wecanbreathe em apoio a Eric Garner, que foi morto pela polícia estadunidense depois de ser preso por vender cigarros ilegalmente. Mas, por que até hoje eu vi uma hashtag #SomostodosHaiti?

O Haiti


O Haiti foi a primeira república negra do mundo a declarar sua independência. O Haiti é o país mais pobre do hemisfério ocidental, com 80% de sua população vivendo na pobreza, com menos de US$ 2 por dia. Dois terços dos haitianos dependem do setor agrícola e são vulneráveis aos danos ocasionados por desastres naturais, agravados pelo desmatamento.

O setor de produção de roupas representa dois terços das exportações do Haiti para os Estados Unidos. Além disso, o Haiti sofre com uma grande inflação, possui uma infra-estrutura limitada e um severo déficit comercial. O governo haitiano depende de ajuda internacional para seu sustento fiscal

No ano de 2005, o Haiti pagou suas dívidas com o Banco Mundial, reforçando assim a possibilidade de investimentos com a organização. Acredita-se que o Haiti receba a liberação de sua dívida através da iniciativa para Países Pobres Altamente Endividados (HIPC, na sigla em inglês).

Além disso, o governo enfrenta problemas com o tráfico de drogas. No Haiti, o narcotráfico corrompeu o sistema judicial e as forças policiais.

O Brasil foi o responsável pela organização das forças de paz no Haiti. Atualmente há 1.266 militares brasileiros lá. O objetivo é colaborar na reconstrução física e institucional haitiana com apoio nas áreas de segurança, de engenharia e saúde.

Política 


Durante décadas, o Haiti viveu sob o poder dos governos brutais de François "Papa Doc" Duvalier e seu filho, Jean-Claude, conhecido como "Baby Doc". Em 1990, Jean-Bertrand Aristide foi o primeiro presidente eleito de forma democrática.

Apesar de sua grande popularidade, as esperanças de um futuro melhor desapareceram quando Aristide foi derrubado em um sangrento golpe militar, em 1991. Ele regressou ao Haiti em 1994, logo após o regime militar renunciar frente à pressão dos Estados Unidos.

Em 1996, Aristide foi substituído por René Preval na presidência, após eleições diretas. René foi reeleito em novembro de 2000. Em 2004, um governo interino, aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, assume o poder. Com isso, a Organização enviou para ao país uma força para restaurar a ordem.

Entretanto, o Haiti prosseguiu afetado por confrontos violentos entre gangues e grupos políticos rivais. A ONU classificou a situação de direitos humanos como catastrófica. Em 2006, René Préval, chamado por seus partidários de defensor dos pobres, voltou à presidência.

Protestos e violência 


O Haiti - que importa a maior parte da comida que consome - foi um dos países mais atingidos pela crise alimentar causada pela alta nos preços dos alimentos.

Segundo analistas, a raiz da crise alimentar do Haiti está na combinação de uma agricultura de corte e queima que destruiu várias terras do país - deixando apenas 2% das florestas originais - e a decisão de importar alimentos a partir dos anos 80, quando os preços eram mais atraentes.

O país começou a importar grande quantidade de alimentos principalmente dos Estados Unidos, depois de baixar tarifas de importação após negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial em troca de empréstimos.

O Haiti foi um dos primeiros países a chamar a atenção mundial para crise dos alimentos. A crise gerou uma onda de violentos protestos no país em 2008.

Mídia 


O rádio é o meio de comunicação mais importante no Haiti. O acesso à imprensa escrita é limitado, devido ao alto índice de analfabetismo. Existem mais de 250 estações de rádio privadas, que cobrem um amplo espectro do panorama político. Entretanto, a autocensura é muito comum. Os jornalistas evitam entrar em confronto com seus patrocinadores e com os políticos.

A organização Repórteres sem Fronteiras, que defende a liberdade de imprensa, afirmou que a publicação de notícias melhorou "dramaticamente" desde a saída do presidente Jean-Bertrand Aristide. A ONG havia colocado o ex-mandatário em sua lista de "depredadores da liberdade de imprensa".

Em meio à violência crescente no início de 2004, estações de rádio e televisão se tornaram alvo de quadrilhas em ambos os lados do espectro político. Estúdios e equipamentos de transmissão foram destruídos.

Furacões 


Formado por uma topografia montanhosa e um clima tropical, sua localização, história e cultura (caracterizada pela religião vudu, suas músicas, tambores e danças), fizeram do Haiti um lugar ideal para o turismo.

Em 2008, o Haiti foi atingido por uma série de de tempestades e furações, que deixaram cerca de mil mortos, mais de 800 mil pessoas desabrigadas e causaram prejuízos de mais de US$ 1 bilhão.

Na época, o enviado especial da ONU para o Haiti, Hedi Annabi, estimou que Produto Interno Bruto do país havia caído entre 3% e 4% devido às tempestades.

Matthew, 2016


Cidades arrasadas, com estradas e acessos por reconstruir; milhares de centenas de mortos; comboios com alimentos atacados por gangues e por pessoas em situação de desespero; vegetação arrancada como que com a mão. A passagem do furacão Matthew pelo Haiti, na semana passada, gerou um cenário desolador até para quem, em tese, é treinado para lidar com esse tipo de tragédia.

O general brasileiro Ajax Porto Pinheiro, comandante das forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti, viu o país ser atingido em cheio bem no dia em que completava um ano de missão humanitária. Aos 60 anos, casado e pai de três filhos, Pinheiro foi nomeado para o posto pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em outubro do ano passado.

Em entrevista ao site UOL, o comandante falou da capital Porto Príncipe, por telefone, sobre como estão os trabalhos de reconstrução coordenados pela força de paz que ele lidera, da qual participam militares de 19 países. Entre hospitais de campanha, helicópteros e batalhões de engenharia, o general afirma que a ajuda internacional até chega, mas "em torno de 20%" do volume observado, por exemplo, no terremoto de 2010.

O furacão Matthew foi o mais forte a atingir o Caribe desde 2007, e com uma proporção de estragos maior no Haiti, país mais pobre das Américas.
"Existe essa solidariedade internacional; a ONU disse que os países precisam apoiar mais o Haiti, mas é fato que, no que se refere ao Haiti, não é como um drama na Europa; não é aquela grande comoção internacional" (grifos meus), 
disse o comandante.

Conclusão


É um absurdo ver que tem tanta gente humanizando animais mundo afora enquanto tem tantos humanos vivendo pior do que animais e quase ninguém se importa. Qual será a escala de valores que define o interesse e a preocupação pelo nosso semelhante? #SejamostodosHaiti_peloAmordeDeus!


[Fonte: Com informações da BBC Mundo; CIA (Agencia Central de Inteligência dos Estados Unidos, na sigla em inglês) e agências; Uol.]

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