sexta-feira, 30 de setembro de 2016

FILMES QUE EU VI - 21: "LA BAMBA"

A década de 1980 foi marcada por uma boa safra de musicais no cinema. Tivemos "Dirty Dancing" (1987), "Footelose" (1984), "Os Embalos de Sábado à Noite Continuam" (1984), só para citar alguns. Mas, dentre eles teve um que foi uma febre: "La Bamba". Este filme, o "La Bamba", foi um sucesso de bilheteria nos anos 80. Teve tudo para isso. Era uma história marcante e bela, tinha músicas muito românticas e que viraram sucessos nas rádios FM, como "Donna" (que já havia sido sucesso nos anos 50). Pois é, vamos relembrar do que se trata o filme.

Um filme...


Cartaz original do filme
O filme "La bamba" foi lançado em 1987, seu gênero é um drama biográfico. Pois se trata de uma história real e trágica de Ritchie Valens (1941) , cantor que teve um sucesso meteórico nos anos 50. 

O filme mostra todo o amor que de Ritchie por Donna Ludwig, sua colega de escola. Inclusive a música mais famosa dele é uma declaração de seus sentimentos com relação a Donna.

O filme é muito lindo! Não posso afirmar se o filme foi fiel à sua história, mas acredito que seja. Ele é cheio de detalhes e capta bem a essência dos personagens (e o clima delicioso dos anos 50). Ritchie tinha medo de viajar de avião e isso fica bem claro através de suas falas e pesadelos. 

A cena em que ele e o irmão brigam e sem querer Bob quebra o colar, que seria um tipo de amuleto protetor, e futuramente acontece uma tragédia, significou muito para mim. 

Ritchie, como sempre pensou, morre em um acidente de avião aos 17 anos. Após uma tempestade de neve, ele e outros cantores se veem congelando em um ônibus, e a alternativa é resolver em cara ou coroa quem vai viajar no avião e quem vai congelar no ônibus. 

E é aí que Ritchie ganha/perde. Quando ele diz que era a primeira vez que ele ganhava algo eu não consegui mais segurar o choro. As cenas que seguem tem um choro livre para todos os públicos. O irmão e a cunhada recebendo a notícia pelo rádio, a mãe estendendo as roupas no varal e seguidamente caindo no desespero, Donna ouvindo da amiga de escola sobre o acidente, os alunos da escola de Ritchie chorando... Foi demais!  Foi um filme que marcou muito minha adolescência. Confesso que saí do cinema bastante emocionado.

...Uma história


Ritchie Valens (✩1941/✟1959)
Ritchie Valens, ou Ricardo Esteban Valenzuela Reyes, nasceu em 13 de maio de 1941 na Califórnia-EUA. Vindo de uma família pobre de origem mexicana, cresceu sem a ajuda do pai, tendo como referência paterna o irmão mais velho. 

Este por sua vez tinha um mal comportamento, se envolvendo sempre em confusões e brigas.

Ele tinha tudo para seguir o caminho do irmão, mas com apoio da mãe guerreira (sempre tem uma nessas histórias) a música o levou ao estrelato. 

Aos 16 anos entrou em uma banda e, ainda com essa idade, foi descoberto por Bob Keane - famoso "caça-talentos" da época -, com o auxílio desse, gravou o hit 'Come On Let's Go'. Daí em diante só foi sucesso.

Sua carreira ganhou um impulso chamado 'Donna', uma canção que Ritchie escreve para uma paixão homônima, mais tarde, após viajar para Tijuana (fronteira EUA/México) resolve fazer uma releitura da canção do folclore mexicano: 'La Bamba'. E é aí que vem o nome do filme. Mesmo mal sabendo falar espanhol, a canção se torna um sucesso.

Porém um trágico fim poria fim ao sonho do jovem cantor. Após uma performance no Surf Ballroom em Clear Lake, Iowa, o pequeno avião Beechcraft Bonanza no qual viajavam entrou em uma tempestade de neve cega e bateu no milharal de Albet Juhl, algumas milhas depois, às 1:05 da manhã, do dia 3 de fevereiro de 1959. Ritche morre, aos 17 anos de idade.

Além dele morreram Buddy Holly e The Big Bopper, também astros do rock em ascensão na época. Realmente um dia trágico para a história do Rock. No filme acontece até uma espécie de sorteio, entre artistas da época, para ver quem iria embarcar no voo ou iria de carro, para outra cidade onde iria acontecer um show.

Sobre o elenco



Lou Diamond Phillips (Ritchie Valens) e Danielle von Zerneck (Donna Ludwig), foram os astros do filme. Pena que parece que o sucesso do filme não foi o suficiente para leva-los ao estrelato permanente. Principalmente o ator filipino Diamond, que levou a loucura jovens do mundo todo. Ele foi mais um que ficou pelo caminho. Continuou trabalhando fazendo séries e filmes para TV. Ele ainda participaria de outro sucesso do cinema, "Jovens Demais Para Morrer" ("Young Guns II"), em 1990, mas nada comparado ao sucesso estrondoso de "La Bamba".

Quanto a Danielle, parece que o destino a levou ainda mais longe do sucesso depois do filme. Ao que tudo indica o ultimo trabalho dela aconteceu em 2001, sendo um filme para TV "Acceptable Risk", na verdade uma novela.

Bob (Esai Morales, astro mexicano), meio-irmão de Ritchie, a princípio mostra-se um homem insuportável, com atitudes revoltantes. Mas foi muito inteligente mostrar todo o lado frágil dele. Já a mãe de Ritchie é uma perfeita mexicana: forte e batalhadora, interpretada pela atriz Rosana DeSoto. 

A trilha sonora


Capa do disco com a trilha sonora do filme
A trilha sonora de "La Bamba" foi um sucesso à parte. Com as músicas de Ritchie sendo regravadas pelo grupo Los Lobos - banda de rock dos EUA formada em 1973, cuja música é altamente influenciada pela música country, folk, R&B e músicas tradicionais mexicanas e espanholas -, o filme emplacou de cara quatro músicas nas paradas de sucesso dos anos 80, 23 anos depois: as super dançantes 'La Bamba', 'Come On Let's Go' (que, inclusive tiveram versões "estupradas" por um remixes horrorosos; fico com as versões originais interpretadas pelo próprio Ritchie ou mesmo com a versões feitas para o filme) e as belíssimas baladas mega românticas 'Donna' e 'We Belong Together'.

O disco vendeu tanto que teve até um segundo volume, o 'La Bamba 2', entretanto, apesar de levar o nome do filme, nem todas as músicas estiveram na trilha sonora, mas foram músicas que faziam sucesso na mesma época em que o longa foi ambientado, os anos 50.

Conclusão


Não. Eu não sou fã do Ritchie Valens. Muito menos o conhecia antes de assistir o filme. Porém, como não dispenso um bom filme musical e biográfico não resisti ainda mais por se tratar de um filme gravado nos aos 80 que fala dos anos 50. "La Bamba" é um daqueles filmes atemporais, que podemos assistir com nossos filhos e, num futuro, netos. Se ainda não viu, fica aqui uma super dica para uma boa sessão de cinema num bucólico final de tarde de sábado.





  • Lançamento: 1987
  • Direção: Luis Valdez
  • Gênero: Musical / Comédia, Dramática / Biográfico
  • Duração: 1h49min
  • Classificação Indicativa: 12 anos

terça-feira, 27 de setembro de 2016

"DIA DO PERDÃO", MAIS UMA TENTATIVA DE JUDAIZAÇÃO DA IGREJA

"Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (...) "Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, de pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando palmas" (Filipenses 2:10,11; Apocalipse 7:9, grifos meus). 
Temos observado que várias igrejas hoje no Brasil estão vivendo cada vez mais de corpo inteiro a busca de uma judaização dos costumes e da doutrina da igreja (muito influenciado pelas tais Visões M-12, G-12 e congêneres). E ainda cometem a gafe de denominar tal movimento de "geração profética". Mas quem foi que profetizou isso? 

Olhando para as Escrituras, que é onde devemos de fato buscar o discernimento para tudo isso, vamos encontrar um fato extraordinário ligado ao Dia de Pentecostes que joga por terra qualquer justificativa dessa judaização da igreja hoje ou em qualquer tempo.

Um pentecostes universal


No dia da vinda do Espírito conforme Atos 2:1-13 está registrado o fato de que haviam representantes dos povos partos, medos, elamitas, gente da Mesopotâmia, da Judeia, Capadócia, Ponto, Ásia, Frígia, Panfília, Egito, Líbia, romanos, cretenses, árabes e que todos estes ouviram os crentes judeus falarem as maravilhas de Deus não em hebraico, mas em suas próprias línguas. Isso é singular e vital nessa questão do debate sobre a judaização da igreja.

Se fosse propósito de Deus que toda a igreja cristã estivesse pautada em uma judaização, ou seja se a igreja fosse uma espécie de judaísmo restaurado ou coisa que o valha, o acontecimento de pentecostes seria outro. Os estrangeiros que testemunharam aquelas manifestações de idiomas seriam capacitados a falar e ouvir em hebraico (ou aramaico até), sendo esta a língua dos judeus, pois a língua é um fator determinante da identificação cultural de um povo, a língua diz quem um povo é, da língua partem toda uma estrutura, uma cosmovisão e uma realidade de vida e vice versa. 

Isso é tão importante e impactante que mesmo os judeus dos tempos modernos fizeram do aprendizado do hebraico uma condição "sine qua non" (locução adjetiva, do latim, que significa "sem a qual não". É uma expressão frequentemente usada no nosso vocabulário e faz referência a uma ação ou condição que é indispensável, que é imprescindível ou que é essencial)na reconstrução do estado moderno de Israel. Sem uma língua não existe um povo. A prova cabal disso está no episódio da torre de Babel (Gênesis 11).

Focando apenas nesse ponto, todos aqueles que advogam esta judaização (prática ou teórica) da igreja hoje (que muitas vezes chega ao ridículo através de uma mistura de judaísmo moderno, textos do antigo testamento mau usados, etc., a confecção de uma horrenda colcha de retalhos mau costurados) com o uso de nomes hebraicos, utensílios judeus, mantos, bandeira de Israel, gestuais, uso de arca da aliança, cerimônias e etc. (que nem os judeus de fato usam).

Os que fazem isso estão se esquecendo que no pentecostes a igreja já se universalizava, e que o Espírito Santo levou a igreja que nascera em berço judaico a se tonar gentílica e portanto mundial. A cultura judaica nunca foi referendada como a cultura prevalecente sobre as outras culturas onde o evangelho haveria de chegar, se assim fosse teríamos todos de falar hebraico e viver como judeus mesmo.

Na linguagem do evangelho


O evangelho como dizem os missiólogos é traduzível a qualquer cultura, não é como o islamismo que vê no árabe uma língua sagrada. O evangelho pode ser vivido e encarnado em cada cultura, expurgando aquilo que não é saudável ou que seja pecaminoso dentro de cada expressão cultural.

Não é tornando-se como judeus que iremos encarnar a fé cristã, pois mesmo um judeu que se converte hoje, passa a encarnar o seu judaísmo dentro de uma perspectiva cristã neo-testamentária. Ele se torna um judeu cristão e não um cristão judeu, assim como um brasileiro deve se tornar um brasileiro cristão, assim deve ser com cada povo da terra que irá expressar a fé cristã em sua própria cultura, buscando ser livre das marcas do pecado presentes em todas as culturas da terra.

Yom Kipur, o dia do Perdão


Pois é, mesmo com todo o absurdo que é essa tentativa bizarra de judaizar a igreja ocidental, o que faz com que muitos – em linguagem peculiar – paguem o maior mico, ora andando vestidos com roupas de saco, ora colocando a quipá na cabeça, ora tocando berrante (que insistem em chamar de shofar) no meio do meio louvor, ora hasteando a bandeira de Israel, ora com músicas e vestuários típicos... e tanta apoteose que mais parece um espetáculo circense e/ou um desfile de escola de samba do 3º grupo, quando a gente pensa que já se esgotou a "criatividade" dessa gente, eis que eles nos apresentam mais um ato. Agora estão importando o Yom Kipur, o Dia do Perdão. 

Entendendo o contexto cultural


Nesta época (início do outono – Israel ou primavera – Brasil), os judeus do mundo comemoram a sequência de festas típicas da estação de outono: o Rosh Hashaná (também conhecido como festa das trombetas), os 10 dias de Arrependimento (cujo último dia é conhecido como Yom Kipur, o dia do Perdão) e a Festa dos Tabernáculos ou festa da colheita (Sucôt).

Qual é a origem desses dez dias de arrependimento?


Em Levítico 23:24, encontramos uma ordem: 
"…No sétimo mês, ao primeiro dia do mês, tereis descanso solene, um memorial ao som da trombeta, uma santa convocação". 
Após o exílio Babilônico, este dia do "soar da trombeta" tornou-se conhecido como Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico. Na Torá, tudo o que conhecemos é que é um dia de "fazer tocar as trombetas". No livro de Salmos, encontramos referências interessantes:
  • Salmo 81:3  –  "Tocai a trombeta na lua nova, na lua cheia, no dia da nossa festa". Nesse Salmo encontramos o tocar da trombeta (Shofar, que é um chifre de carneiro) na lua nova, que é a primeira do mês, é também chamada "o dia de nossa festa". 
  • O Salmo 81 traz à luz um outro aspecto tradicional dessa festa. De acordo com a tradição desse dia, Rosh Hashaná, que é o primeiro dia do sétimo mês, é também um dia que os judeus coroam Deus como Rei de suas vidas e da vida da nação. Entre o Rosh Hashaná, que é o primeiro dia do sétimo mês, e o dia da expiação (Yom Kipur), que é o décimo dia do sétimo mês, há um período de dez dias separados para o arrependimento e perdão dos pecados de Israel. Esses dez dias são como um período especial onde as pessoas se tornam mais cerimoniais e contemplativas acerca de seus pecados, num nível coletivo-nacional. Deus concedeu um dia para expiação dos pecados da nação. O bode expiatório que era enviado ao deserto era uma prefiguração do trabalho de Yeshua (Jesus) o Messias, que morreu na cruz pelos pecados do mundo inteiro. Por causa da solenidade que traz esse dia, tornou-se tradição tomar dez dias entre os dois dias santos para contemplação e arrependimento.

Como acontece na tradição judaica?


Os judeus, de modo geral, levantam bem cedo, antes do nascer do sol, e recitam orações e cânticos de arrependimento que expressam a profunda tristeza que cada indivíduo e toda coletividade tem pela fraqueza e pelos pecados que eles cometeram.

Não há nenhuma outra nação que gaste dez dias meditando acerca da expiação e perdão dos pecados como a nação de Israel.

  • O jejum


No dia da expiação quase todo Israel e a comunidade judaica ao redor do mundo jejua. Ninguém come ou bebe, por um período de 24 (vinte e quatro) horas. Cada pessoa, que não esteja doente ou grávida, ou seja maior de doze anos jejua, abstém-se de comida e bebida por 24 (vinte e quatro) horas, isto aumenta a seriedade do dia no qual a pessoa contempla seus pecados e fraquezas. 

  • O culto


Os cultos nas Sinagogas geralmente acontecem na noite anterior, normalmente pela manhã bem cedo, e o último às 18:30 deste dia. Muitas pessoas permanecem na Sinagoga por 10 (dez) horas, para orar e suplicar a Deus pelo perdão do pecados.

A consciência de pecado ensinada pelo apóstolo Paulo está provavelmente influenciada pelas orações do dia da expiação. Passagens como Romanos 7:24  – "Desventurado homem que sou? Quem me livrará do corpo desta morte?", podem estar influenciados pelas confissões do dia da expiação, que repetidamente enfatizam a fraqueza e a vulnerabilidade do homem.

A confusão judaica


Para o povo Judeu que não acredita em Jesus como sendo o messias, o processo de arrependimento é complicado pelo fato de que há muitos textos bíblicos que são lidos os cultos do dia da expiação que mencionam a necessidade de sangue e sacrifício para a perdão de pecados. 

Aqueles que acreditam em Yeshua, o Messias, sabem que o sangue de bodes e touros não mais corre no altar para expiar os pecados de Israel, mas o sangue derramado por Yeshua por nossas transgressões está ainda disponível para expiar e perdoar e redimir os judeus de seus pecados (Hebreus 9). 

O que eu posso aprender com o Yom Kipur?


Contudo, o Dia do Perdão judaico pode sim me ensinar muita coisa para minha vida prática, sem, contudo, nenhuma importação de seu contexto cultural e/ou ritualístico, mas de sua essência espiritual. Vejamos:
  • 1 - Estabelecer um tempo para meditar acerca de seu "status" com Deus, sua necessidade de arrependimento e deixar que este tempo seja oportuno para se fazer um esforço concentrado.
  • 2 - Durante esse tempo separado para arrependimento, você deve levantar-se bem cedo e começar seus dias com uma confissão de pecados.
  • 3 - Há itens que exigem um arrependimento coletivo e, consequentemente, devem envolver toda a congregação no processo de arrependimento.
  • 4 - Embora o arrependimento seja de responsabilidade individual, é importante que as pessoas façam isto juntas, estabelecendo um tempo especial para isso.
Há algumas pessoas que desprezam essa ideia e dizem que devemos nos arrepender diariamente e instantaneamente quando nos surpreendemos em pecado. Sim, isto é verdade. Mas, a verdade também é que há muitos pecados que cometemos inadvertidamente e, sem ter consciência deles. Nós precisamos gastar tempo em nos concentrar como a comunidade judaica faz nos dez dias de arrependimento.

Conclusão


Minha oração neste ano é que durante estes dez dias de arrependimento o Senhor revelará ao Seu povo amado já proveu o cordeiro para expiação dos pecados. Por outro lado, minha oração é também para que o mundo cristão gaste tempo e avalie seus erros e pecados coletivos e individuais cometidos, e gaste mais tempo ainda re-aplicando o sangue de Jesus que está ainda fresco e não seco, capaz de perdoar os pecados não só de um povo mas de toda a humanidade.

Quero concluir citando o historiador e teólogo Justo Luiz González:
"A cultura dos discípulos (que eram judeus) é uma das muitas culturas nas quais o evangelho irá se encarnar… O que o Espírito faz em pentecostes não é capacitar todos os presentes a entender a língua dos discípulos, mas exatamente o contrário: o Espírito faz todos escutarem, cada qual em sua própria língua. ...Toda língua e toda cultura podem ser veículo para o evangelho, e nenhuma língua e nenhuma cultura devem ter domínio sobre ele." ('Cultura e Evangelho', páginas 86,89,90, Ed. Hagnos)
Que possamos buscar ser e viver uma igreja cristã que reconhece sim suas heranças judaicas, mas que caminha firmada na palavra daquele que diz: "Eis que faço novas todas as coisas" (Ap 21:5b). Amem!!! 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A MAIORIDADE DO GOOGLE


O mais famoso dos buscadores de internet do mundo, que na realidade é muito mais que isso, o Google, está completando 18 anos nesta terça-feira, 27 de setembro e, para festejar, ganhou um Doodle comemorativo (acima). 

Doodle


É uma palavra inglesa para referir um tipo de esboço ou desenho realizado ao acaso, quando uma pessoa está distraída ou ocupada. Em português, a palavra traduzida corresponde a "rabisco". São desenhos simples que podem ter significado concreto de representação ou simplesmente representar formas abstratas. 

Google


Agora podemos dizer que o site é "maior de idade". O site foi fundado no dia 4 de setembro de 1998 pelos estudantes Larry Page e Sergey Brin em Mountain View, na Califórnia. A escolha do dia 27 de setembro, no entanto, foi para marcar o início efetivo das operações do buscador. 

Na imagem do Doodle, podemos ver as letras que foram a palavra "Google", organizando a festança para comemorar a data mais que especial. 

Por muitos anos, o buscador manteve sua celebração pública atrelada a "vontade de comer bolo", embora a celebração entre os funcionários seja quase sempre ocorre no dia 7 de setembro, data do registro do domínio Google.com. 

Criado pelos co-fundadores Larry Page e Sergey Brin, enquanto ambos eram estudantes na universidade de Stanford, e tinha uma missão declarada de "organizar a informação mundial e torná-la universalmente acessível e útil". 

Curiosidade 


O nome "Google" é uma brincadeira com a palavra "googol", um termo matemático para o número representado pelo numeral 1 seguido por 100 zeros. 

Atualmente o buscador e seus principais serviços são operados a partir de sua sede em Mountain View, na Califórnia. 

A empresa conta com mais de milhão de servidores ao redor do mundo e processa mais de um bilhão de solicitações de pesquisa e vinte petabytes de dados gerados por usuários todos os dias. 

Conclusão 


Assumamos, depois do "nascimento" do Google, a minha vida, a sua e a de um sem números de pessoas mundo afora mudou e ficou muito mais fácil. Parabéns a você, Google!

"A TERRA PROMETIDA", O "GAMES OF THRONES" GOSPEL?

Cavaleiros multiplicados na pós produção de "A Terra Prometida" (esq) e 'GoT" (dir)
Não é novidade que após o mega sucesso da novela bíblica "Os Dez Mandamentos", que rendeu duas temporadas, uma versão para o cinema e um musical, a Rede Record tem investido cada vez mais em temas bíblicos para movimentar sua teledramaturgia. 

Kalesi (Juliana Silveira) e Emilia Clarke (Daenerys Targaryen): parecidas?
A novela "Os Dez Mandamentos" derrubou a "Babilônia" global que nem mesmo com sua "A Regra do Jogo" conseguiu fazer com a audiência voltasse a subir. Então, embalada pelo sucesso de "Os Dez Mandamentos", a Record seguiu a máxima que diz que "em time que está ganhando não se mexe", assim ela resolveu dar continuidade à saga dos hebreus e no dia 05 de julho estreou "A Terra Prometida".

Além da Bíblia


Clãs brigando por poder, lutas de espada, batalhas sangrentas, muralhas e até um gigante! Qualquer semelhança entre a nova atração da Record, "A Terra Prometida", com "Game of Thrones" não é mera coincidência. E bem que os cenários por onde Daenerys tem feito suas andanças parecem ter saído de algum filme bíblico, não é não? Pois, assim como "Os Dez Mandamentos", a novela que estreou há pouco mais de dois meses também tem muito deserto, figurino de couro e adornos dourados. 

A trama se passa em Israel e vai mostrar a ascensão do reinado de Josué depois da morte de Moisés. E além de ser uma continuação de "Os Dez Mandamentos" - um tipo de terceira temporada -, mais uma vez, a Record não descarta transformar a novela em filme (seguindo a linha, em musical, linha de cosméticos e tudo o mais que se puder explorar). 

A respeito das semelhanças entre o folhetim e a série da HBO, o próprio autor da trama, Renato Modesto, admitiu a "inspiração". Segundo ele "'Game of Thrones' foi uma entre muitas influências que naturalmente acontecem. Eu gosto muito de assistir a séries e a filmes, e essas influências são naturais. E eu gosto muito de 'Game of Thrones'", em entrevista ao Estadão. 

Qualquer semelhança...


Palácios da novela (esq) e da série (dir): comparáveis?
Uma das principais similaridades entre as tramas são os plots múltiplos. Enquanto em "Game of Thrones" temos as famílias (Stark, Lannister, Baratheon, etc.), em "A Terra Prometida" os clãs são chamados de tribos (conforme está na Bíblia). São elas: Efraim, Judá, Levi, Manassés, Benjamin, Naftali, Aser, Ruben, Dã, e outras, digamos, menos importantes. São 12 tribos no total! Resta saber se vai dar para acompanhar tanta trama paralela junta e misturada, né?

De início, Josué tem a missão de comandar todas as tribos de Israel até Canaã, a terra prometida. No caminho, eles precisam lidar com a cheia do rio Jordão (Mar Estreito?) e lutar contra inimigos poderosos, incluindo uma rainha chamada Kalesi (sim!), a "temida senhora das serpentes". A Muralha também estará lá, na primeira grande batalha do povo de Josué. Em Jericó, o pessoal se depara com duas muralhas altíssimas, que possuem quatro metros de grossura cada uma. 

Além das batalhas contra os inimigos, também vão rolar intrigas internas, lógico. Um dos principais vilões da novela é Acã, que começa como aliado de Josué e acaba como traidor. E vai ter intriga até no principal plot romântico da trama! Lá pelas tantas, as irmãs Aruna e Samara se apaixonam por Josué, mas só Aruna é correspondida e Samara vai fazer de tudo para atrapalhar o amor dos dois.

Tal qual a Ygritte, de "GoT", Aruna é uma garota esperta que se destaca pela habilidade nas batalhas e por lutar ao lado dos homens. 

Em "A Terra Prometida", há uma figura peculiar com papel crucial: a prostituta Raabe. De acordo com a Bíblia, ela ajudou dois espias enviados por Josué a Jericó e os protegeu dos capangas do rei. Josué se lembrou de Raabe quando invadiu a cidade, e poupou sua vida. Na tradição cristã, Raabe é considerada uma heroína da fé.
O bordel de "A Terra Prometida" (esq)
 e o bordel de "GoT" (direita): semelhantes?
A novela conta mais detalhes da vida de Raabe. Ela trabalha em um bordel e, muito bem vestida, dança e sensualiza para os clientes. "Game of Thrones" também tem seu bordel, mas lá a nudez é livre e exibida sem pudor, algo inimaginável para a Record, emissora capitaneada por uma igreja evangélica. O jeito foi fazer um bordel mais, aham!, gospel.

Conclusão 


Mas se tem uma coisa que difere "A Terra Prometida" de "Game of Thrones" é o trato com spoilers. A sinopse oficial da Record até já entrega o final da novela! Após algumas passagens de tempo, Josué terá vencido todas as batalhas e vai estar casado com Aruna. O encerramento da novela vai mostrar a morte dele, aos 110 anos. A princípio o folhetim terá 120 capítulos, mas, assim como aconteceu em "Os Dez Mandamentos", a trama pode se estender de acordo com a audiência. 

Enfim, convenhamos, mesmo sendo recebida pelo público como a "Game of Thrones" brasileira, "A Terra Prometida", passa longe da série da HBO. O autor da trama, Renato Modesto, admite que se inspirou na saga dos Sete Reinos e colocou na produção uma sala que lembra a do Trono de Ferro, mas com um assento cenograficamente pobre, e uma rainha chamada de Kalesi, o que remete a Daenerys Targaryen, além de batalhas épicas e um bordel festivo. As comparações, no entanto, param por aí. Há uma distância de R$ 235 milhões entre "A Terra Prometida" e atual vencedora do Emmy, o Oscar da TV. Por isso, os fãs de "GoT", que piram com as comparações, podem ficar sossegados.

sábado, 24 de setembro de 2016

DISCOS QUE EU OUVI - 21: "NIRVANA - NEVERMIND"


Dentre as "muitas coisas" que eu fui em minha juventude, uma delas foi um grunge. O que? Você não sabe o que foi um grunge?

Ser grunge foi...


O movimento grunge surgiu no início dos anos 90, quando uma infinidade de bandas situadas no Estado de Washington, com foco em cidades como Seattle, Olympia e pequenas urbes do entorno, começaram a tocar um tipo de música com influências do punk rock, heavy metal, hardcore e rock psicodélico. 

Por mais que os críticos tentem encontrar uma unidade para os grupos surgidos nessa época, não existem características musicais, nem mesmo visuais, que coloquem estas bandas em um mesmo rótulo. Digamos que todas usassem camisas de flanela, o que não é uma inverdade. Mas, em suas cidades, não somente os músicos vestiam-se assim, mas toda a população, visto que as flanelas eram o "uniforme" dos lenhadores que trabalhavam nas madeireiras e movimentavam a economia local. Outro equívoco é dizer que o som das bandas era parecido, pois alguns conjuntos flertavam mais com o heavy metal e outros mais com o punk.

O som do grunge


Na safra de bandas do movimento (ou seria estilo?) grunge, temos Alice In Chains, Pearl Jam, Stones Temple Pilots, Soundgarden, Mudhoney e Nirvana. 

"Kit-grunge"


Nas lojas de departamento (tipo C & A e Riachuelo), era possível comprar um "kit-grunge", que continha flanela, calça jeans rasgada, camiseta de banda e tênis All Star cano alto. Isto era ser um grunge e eu era um grunge!

Agora sim, podemo falar dele,

"Nevermind", o disco!



O Nirvana transformou-se em um fenômeno nos anos 1990 graças ao lançamento de "Nevermind" e do single explosivo 'Smells Like Teen Spirit', que apareceu quando a MTV americana estava em sua segunda geração de espectadores – a primeira acostumada com a emissora desde a infância. 

"Nevermind", foi lançado em 24 de setembro de 1991 - ou seja há exatos 25 anos - e, puxado pelo sucesso do single 'Smells Like Teen Spirit', acabou sendo um estouro. A gravadora esperava vender algumas dezenas de cópias, mas venderam 250 mil cópias por semana, atingindo o pico de 300 mil na primeira semana de janeiro de 1992. E cada vez mais a popularidade do Nirvana aumentava. 

A crítica, em princípio ignorou o disco, mas o estouro foi tão grande, que era impossível não falar dele. Então, quase todas as publicações deram resenhas positivas, e isso puxou ainda mais a popularidade do álbum, e da banda, ainda mais para cima.

Esse acabou sendo um marco, um ícone da juventude dos anos 1990, talvez a última do gênero no mundo. O Nirvana conseguiu unir as tribos com sua música feroz, os gritos de Kurt, o baixo pesado de Novoselic e a bateria forte de [Dave] Grohl [que também foi do Queens Of The Stone Age, do Them Crooked Vultures e é vocal-leader fundador do Foo Fighters]. O mundo não seria mais o mesmo depois disso. 

A capa


Spencer Elder, o mascote do Nirvana em foto recente (à esquerda)
Um dos motivos do sucesso do álbum é a icônica capa, famosa por ter a montagem de um menino olhando um dólar em um anzol. Como os valores cobrados nas primeiras tentativas chegaram a US$ 7.500, o fotógrafo conseguiu o filho de um amigo - Spencer Elder - para posar. E a ideia de montagem de Kurt funcionou. 

Como o pênis do menino aparecia, a gravadora negociou com o Nirvana para que um adesivo fosse colocado para não ofender as pessoas. O cantor só aceitou se o adesivo contasse com os dizeres "se você se ofende com isso, então você é quase um pedófilo". Resultado: o pinto do bebê ficou!

Faixa a Faixa


Melhor canção dos anos 1990, (01) 'Smells Like Teen Spirit' começa com a bateria marcante de Dave Grohl logo de saída. A canção, de acordo com Cobain, foi uma tentativa de emular o som do Pixies, banda que ele era fã incondicional. Acabou sendo um dos maiores sucessos de todos tempos por conseguir dialogar com uma juventude que não tinha mais a quem se espelhar como seus pais tiveram.

Primeira faixa a ser gravada pelo Nirvana para o novo trabalho, (02) 'In Bloom' ganhou muito por ter a bateriaesada do início ao fim, e Dave Grohl, recém-empregado como baterista, deu tudo de si na canção a pedido do produtor e com os incentivos do vocalista.

(03) 'Come as You Are', com ajuda de um pedal especial, tem a guitarra como um dos pontos altos de uma das muitas letras em que Cobain colocou para fora todo seu sentimento sobre alguma coisa ou alguém. É uma canção muito pesada do ponto de vista emocional e acaba sendo bem triste. Foi hit radiofônico e o vídeo clipe também não saia das telas da MTV.

(04) 'Breed' é um grito, com solo e tudo mais, sobre as regras que a sociedade te impõe para ficar bem com ela mesma – como casar, ter filhos e ter bom emprego. É esse tipo de letra que fez a cabeça de uma geração de pessoas que estavam entre seus 15 e 25 anos (uns e outros com um pouco mais, vá lá que seja...) e se sentiam pressionadas a fazer o que os outros queriam. É um desses gritos de libertação que Kurt proporcionou aos fãs. 

Na sequência, (05) 'Lithium' é sobre um cara religioso que passa por problemas e pensa em se matar. A história por trás dessa canção, que é tranquila e praticamente dominada por um baixo melancólico, é que foi na primeira gravação que Chad Channing, então baterista, não estava agradando.

(Lado B do vinil e do K7)


A acústica (07/01) 'Polly' foi escrita para entrar no primeiro disco do Nirvana, mas Cobain não achou uma boa ideia uma banda punk colocar uma faixa desse estilo no trabalho – ela nasceu como a continuação de 'About a Girl' (do primeiro disco). Segundo Novoselic, a inspiração veio de uma nota de jornal sobre o caso Gerald Arthur Friend, que estuprou e torturou uma garota de 14 anos (essa história foi mostrada recentemente no programa Domingo Espetacular, da Record). É uma das mais reconhecíveis músicas da banda.

A excelente (08/02) 'Territorial Pissings' reflete muito o espírito do Nirvana: rapidez, força nos instrumentos e o vocal melancólico-gritado. É incrivelmente boa. Mantendo o peso, (09/03) 'Drain You' é a que mais ganhou overdubs e a que mais é aberta para um momento de improviso, basicamente no minuto e meio final é feito de um clímax até que ela explode com o retorno do vocal. O peso do Nirvana, musicalmente falando, está na letra. Kurt não poupa esforços para esconder seus sentimentos, assim como seus companheiros não tiram o pé ao tocar cada vez mais alto. Isso resume (10/04) 'Lounge Act' e (11/05) 'Stay Away'.

Em mais uma  com cara de confessional, (12/06) On a Plain' tem o verso?
"It is now time to make it unclear/ To write off lines that don't make sense/ I love myself better than you/ I know it's wrong, so what should I do?/ One more special message to go/ And then I'm done then I can go home/ I Love myself better than you/ I know it's wrong, so what should I do?"
Tradução: "Agora é o momento para torná-lo claro / Para amortizar as linhas que não fazem sentido / Eu me amo melhor do que você / Eu sei que é errado, então o que devo fazer? / Mais uma mensagem especial para ir / E então eu m feito, então eu posso ir para casa / Eu me amo melhor do que você / Eu sei que é errado, então o que devo fazer?"
Olhando agora, já dava pra ver que Cobain tinha tendência a colocar coisas na cabeça e ficar remoendo isso por dias, anos. 

Escrita durante o tempo que Kurt saiu de casa, a sinistra e triste (13/07) 'Something in the Way', pela dificuldade da melodia, acabou sendo gravada primeiro só com vocal e violão. Depois as outras partes foram acrescentadas, como bateria, baixo e violoncelo. E assim o disco termina.

Na versão em CD ainda vem a faixa bônus (muito comum nesse formato): 'Endless, Nameless' é um punk absurdo, com distorção e com uma letra assustadora. Agora, sim, acabou.

Conclusão


A decadência do grunge começou com a mesma banda que o levou ao auge. Com o suicídio do líder do Nirvana, Kurt Cobain, em 05 de abril de 1994, o movimento perdeu sua força. Alguns grupos ainda continuaram lançando discos, como Soundgarden e Pearl Jam (este, aliás, segue firme e forte)  mas o insucesso comercial colocava as bandas cada vez mais longe do estrelato. 

Nesta época, bandas de punk rock californianas como Green Day e Offspring estouraram, ao mesmo tempo do sucesso do britpop inglês que tinha Oasis e Blur como ícones. Com isso, o velho som de Seattle foi sendo substituído por estas novidades. Foi-se o grunge, foi-se o Nirvana, mas esse disco certamente ficará na história.

A SÃ DOUTRINA - O AMOR


"Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus" (1 João 4:7 - Almeida Corrigida Fiel).

O amor é o sentimento mais falado em todos os tempos. Livros, romances, filmes, telenovelas, teatros etc. No entanto, por mais que tanto se fale sobre o amor, pouco ou quase nada, se tem visto dos benefícios de sua prática no mundo. Muitos prometem o amor em muitas formas e não são poucos os que se perdem em enganos e desilusões à procura de seu grande amor. A conhecida canção de Lulu Santos diz: "consideramos justa toda forma de amor" e essa frase bastante emblemática tem servido de slogan para os defensores da diversidade de gêneros. 

Consideramos justa toda forma de amor? 


♫♫ E a gente vive junto; E a gente se dá bem; Não desejamos mal a quase ninguém; E a gente vai à luta; E conhece a dor; Consideramos justa toda forma de amor ♫♫ ('Toda Forma de Amor' - Lulu Santos, 1988, RCA Victor)

Partindo desse pressuposto, entende-se que entre brancos, negros, índios, amarelos, xadrezes, listrados, mulheres, homens, gays, deficientes físicos, anões e mais uma infinidade de classificações que existem no mundo. Amor é amor e toda forma de amar é justa. Não existe condições ideais de amor, ou para o amor. Existe amor e ponto. Certo?

Se eu fosse psicólogo e tivesse dando uma consultoria psicológica, diria que sim. Existem infinitas formas de amor, de amar e de ser amado, cada qual com sua importância. Diria que a insensata tentativa de padronizar, rotular e ditar o amor é na verdade uma tentativa de controle daquilo que é incontrolável. Como sentir amor controlando? 

Como alguém pode dizer para o outro aquilo que não pertence a ele? Como dizer o que é certo ou errado se não são as mesmas pessoas que sentem? Cada um ama a sua maneira porque o amor é grande demais para ser pensado de forma tão pequena como alguns pensam por aí. É triste dizer isso, mas é a realidade que vivemos. 

Essa intolerância a diversidade do amor, retrata de forma clara a deficiência de quem atribui ao outro, um padrão próprio de ser no mundo. Como se todos tivessem a mesma cabeça, vivessem na mesma família, tivessem os mesmos problemas, o mesmo emprego, adoecessem pelos mesmos motivos e tivessem as mesmas histórias de vida. Isso não existe! E graças ao divino nunca existirá, porque se assim fosse morreríamos cedo, pois a vida é uma constante evolução e é justamente a diferença, o novo, é que a deixa ser assim, deixando-nos "mais vivos" a cada dia, semana, ano, década... 

Assim, eu te perguntaria, o que é o amor para você? 

Com certeza você responderia de acordo com sua experiência, com sua vivência afetiva ou de acordo com aquilo que você acredita que seja o amor. Pode ser uma resposta totalmente diferente da pessoa que esteja ao seu lado neste momento que você lê este texto. 

Mas seria a SUA forma de pensar não é? Então, você gostaria que essa pessoa tentasse te convencer do contrário, pedindo para você deixar de amar quem você ama ou desconstruir tudo aquilo que você acredita? 

O amor é tolerância, respeito, companheirismo, fé, entrega, bem-estar e um monte de outras coisas positivas das quais se eu fosse escrever, hoje não terminaria esse texto. Por isso, cabe cada um pensar como sente o amor consigo mesmo e principalmente entenda o significado do respeito ao outro por sentir de forma diferente, pois é forma do outro e não sua. 

Amor não se compra em uma prateleira de supermercado, amor não tem etiqueta de preço ou manual de utilização, apenas se sente! E acredite, senti-lo hoje em dia está cada vez mais raro. Por isso ame como for, mas ame. E se você encontrar com a felicidade no meio do caminho, em um abraço, um beijo ou simplesmente na presença de alguém, ah… Não tenha dúvidas você encontrou o amor! 

Pronto. Sem qualquer pretensão, acredito ter definido bem o conceito sobre o amor sob um viés mais racional, psicológico. Mas, deixemos de lero-lero e vejamos o significado do amor sob o viés dAquele que tem o amor como sua própria essência. Vamos, então, à sã doutrina. 

O Amor, essência de Deus 


Os efeitos benéficos da prática do amor estão descritos no clássico texto da primeira epístola do apóstolo Paulo aos coríntios, capítulo 13, versos do 1 ao 13: doação, paciência, bondade, humildade, justiça, mansidão, eternidade. Mas, espere, onde está o item "diversidade"? Isso mesmo. Não está. 

O que NÃO É o amor no ponto de vista divino 


Não se trata de algo sentimental, ou meramente sentimental, humano, racional, carnal. O amor não é um sentimento subjugado a condições, a intempéries das diversidades dos relacionamentos. Ele não tem origem no homem, ou seja, o ser humano não "produz" o amor.
  • Dois tipos de amor: Eros - o termo vem da mitologia grega, onde Eros e Afrodite eram cultuados como os deuses do amor. Por isso, estão ligados no amor no contexto carnal, humano. Ágape - é o termo que define o amor divino. Origina-se na refeição comunitária realizada pelos cristãos primitivos (Atos 2:42,46).

O que É o amor no ponto de vista divino 


O amor é um dom que vem do alto, é doado pelo Criador ao homem. O amor é uma virtude do fruto do Espírito (Gálatas 5:22). Porque "caridade" - vem do grego "ágape" e significa o interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca (Efésios 5:1,2).

O amor é um dom de Deus


"E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. "E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição" (Romanos 5:5; Colossenses 3:14, A.C.F., grifos meus).

A origem do amor 


O amor origina-se em Deus, pois o amor é sua própria essência, seu próprio núcleo e a base do seu relacionamento conosco. Para que o Senhor derramasse seu amor sobre nós, foi preciso que Ele estabelecesse um sublime plano de redenção: 
  • A) Primeiro criou todas as coisas; 
  • B) Depois criou o homem à sua imagem e semelhança e; 
  • C) Em seguida, por causa do pecado que deformou tudo, Ele enviou seu Filho para nos salvar. E essa foi a maior expressão do amor de Deus pela humanidade (Romanos 5:8; Efésios 5:2). 

Praticando o amor 


Amor não é simplesmente uma palavra bonita que enfeita versos, poemas e canções. Não é algo de simplesmente se dizer. O amor é algo que devemos expressar na prática cotidiana. É algo que devemos compartilhar, semear com todos quantos nos cercam. 

Todos os que dizem amar a Deus, precisam desenvolver esse amor em seu interior e demonstrá-lo através de suas atitudes em relação a si próprio e em mesma proporção, aos outros, ao próximo. 

A única forma de desenvolvermos esse amor é tendo Deus, sendo de Deus. Quem não é de Deus, não consegue amar nem a si mesmo, muito menos aos outros. É preciso receber Deus para se ter o amor, pois Ele é uma semente divina. Precisa germinar, criar raízes, desenvolver-se e prosperar em frutos. Ele inunda a nossa existência e transforma uma vida estéril e improdutiva numa vida bastante produtiva e frutífera. Ou seja, Deus é amor, logo, um não pode viver separado do outro. Assim, quanto mais Deus estiver presente em nossa vida, tanto mais teremos o seu amor em nós e o manifestaremos aos outros. 

  • 1. O Amor na (em) prática - Romanos 12:9,10 


Praticar o amor significa negar-se a si mesmo. Nosso maior exemplo está na vida e morte de Jesus Cristo, que entregou-se voluntariamente, negou-se a si mesmo e dedicou-se a servir a humanidade (Filipenses 2). A obra de Jesus Cristo na cruz do calvário, foi um ato extremo do amor de Deus por nós. 

  • 2. Amando a si mesmo, para amar ao próximo - João 13:34,35 


Como você ama a si próprio? Jesus declara que devemos amar ao próximo da mesma maneira, na mesma proporção, com a mesma intensidade. Provavelmente você se lembrou dos cuidados pessoais que envolvem o seu corpo, os seus bens e interesses. Portanto, por mais absurdo, fantasioso ou difícil que possa parecer, é exatamente dessa mesma forma que você deve amar ao seu próximo. Da manhã até a hora de dormir! 

  • 3. Discipulado, uma forma de praticar o amor 


Discípulo é aquele que recebe o ensino de alguém ou segue as ideias e doutrinas de outro. Jesus nos chamou para sermos discípulos que fazem discípulos (Mateus 28:18-20)!
Jesus priorizou seu ministério em fazer discípulos! Devemos fazer discípulos! Fazer discípulos significa investir em sua vida em outras vidas! Da mesma forma devemos também ser um discípulo dEle!

A Bíblia, no Novo Testamento, mostra claramente que Jesus é o exemplo máximo de preparação dos seus sucessores, os discípulos. Jesus, durante três anos, treinou e discipulou doze pessoas para que o evangelho fosse propagado até os confins da Terra. Jesus estava consciente que o seu tempo ministerial terminaria um dia, e por isso treinou os discípulos: para que continuasse o trabalho que Ele iniciou. A Bíblia não mostrou esse grande exemplo de sucessão por mera historicidade. Não, Deus quis dar um exemplo vivo de como deve ser feita uma sucessão. Deu um exemplo de como deve acontecer o discipulado. Portanto, discipular é amar (João 8:31b,32; 15:1-8).

Conclusão

Os frutos do amor


A Palavra de Deus nos revela que tudo o que plantarmos, colheremos na mesma medida, espécie e proporção. Então, quando semeamos o amor, consequentemente colheremos amor. Como já vimos, o amor é bom, portanto, logicamente seus frutos também são bons.

No mundo não há nada que provoque mais efeito do que o amor. No entanto, a humanidade ainda não experimentou a sua capacidade total. Parece que hoje só prevalece os efeitos do ódio. Ou seja, o mundo só tem colhido os amargos frutos do ódio: as guerras, os preconceitos, as desigualdades, as violências, as imoralidades, as injustiças, a corrupção...

Mas quando as barreiras da inimizade são desfeitas, a unidade é edificada, a generosidade e os atos de bondade, praticados, então, observamos o amor em ação e podemos colher os seus frutos.

Dentre os frutos do amor podemos citar alguns que podem ser classificados como principais para todo o gênero humano: a paz, a igualdade, o respeito, a comunhão, a união, a doação, a honestidade, a comunhão e a justiça.

"Essência de Deus" - Intérpretes: João Alexandre & Tirza (faixa do álbum "Simplesmente João", 1991, Gospel Records)

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A SÃ DOUTRINA - A CEIA DO SENHOR (OU "SANTA CEIA")

Quase todas as igrejas que proclamam seguir a Cristo observam a Ceia do Senhor. O pão e o fruto da videira são elementos comuns nas assembleias de adoração de vários grupos religiosos. Mas há diferenças no entendimento a respeito desta comemoração. Neste artigo, examinaremos o que a Bíblia ensina sobre a Ceia do Senhor para aprender como devemos participar dela hoje em dia.

O que é a Ceia do Senhor? Como e quando deve ser celebrada? Quem pode participar dela? Quero esclarecer um pouco desta ordenança de Jesus praticada em nossas igrejas…

O exemplo de Cristo


Quatro textos registram os pormenores da primeira "Ceia do Senhor". Três destes relatos estão nos evangelhos (Mateus 26:26-29; Marcos 14:22-25 e Lucas 22:19-20) e o outro está em 1 Coríntios 11:23-26. Podemos aprender como Jesus e os apóstolos celebraram a ceia comparando estes relatos. Por favor, pare uns poucos minutos para ler cada uma destas quatro passagens, antes de continuar este estudo. Observe as minúcias:

  • O propósito: "Fazei isto em memória de mim" (Lucas 22:19). A Ceia do Senhor é nossa oportunidade para lembrar o sacrifício que Jesus fez na cruz, pelo qual ele nos oferece a esperança da vida eterna: "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha" (1 Coríntios 11:26). A Ceia do Senhor não pretende ser um memorial do nascimento, da vida ou da ressurreição de Cristo. É um momento especial no qual os cristãos refletem sobre o Salvador sofredor para serem lembrados do alto preço que ele pagou por nossos pecados. Precisamos manter este tema central do evangelho (1 Coríntios 2:1-2) em nossas mentes.
  • Os símbolos: Jesus usou dois símbolos para representar seu corpo e seu sangue. É claro que ele não ofereceu literalmente seu corpo (que ainda estava inteiro) nem seu sangue (que ainda estava correndo através de suas veias). Ele deu aos discípulos pão sem fermento para representar seu corpo e o fruto da videira (suco de uva) para representar o sangue que estava para ser derramado na cruz. Ele não deixou dúvida sobre a relação deste sacrifício com nossa salvação: "Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados" (Mateus 26:28).
  • A ordem: Quando comparamos estes quatro relatos, podemos também ver a ordem na qual a ceia foi observada: 1] Jesus primeiro orou para agradecer a Deus pelo pão e então todos o partilharam. 2] Ele orou de novo para agradecer ao Senhor pelo cálice, e todos beberam dele. Deste modo, ele chamou especial atenção para cada elemento da ceia.


Uma Instituição de Cristo


"…o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e disse: 'Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.' Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: 'Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes em que o beberdes, em memória de mim.' Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha" (1 Coríntios 11:23-6).
Observando a expressão "fazei isto", percebemos que se trata de uma ordem de Jesus. É um imperativo, e fica ainda mais evidente ser uma ordenança para a Igreja, quando Jesus repete a expressão "todas as vezes que"… mostrando que este ato deveria ser parte da nossa prática cristã.

Conceito contextual de "memorial"


  • Memorial: É uma instituição permanente, de interesse geral, voltada para a preservação e propagação de informações históricas compostas de dados, documentos e imagens relativas a pessoas, instituições ou lugares.
Lugar algum das Escrituras mencionam o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico do ato ao dizer: "fazei isto em memória de mim".

Pão sem fermento - Porque pão sem fermento? Jesus instituiu a ceia do Senhor durante os dias judaicos dos pães asmos, uma festa anual na qual somente pão sem fermento era permitido entre os judeus (veja Lucas 22:15 cf. Êxodo 12:18-21). Podemos apreciar mais claramente o significado do pão sem fermento quando consideramos o significado simbólico do fermento na Bíblia. 

Não era permitido fermento nos sacrifícios oferecidos a Deus, no Velho Testamento (Levítico 2:11). A ideia de impureza ou pecado é claramente associada com fermento em vários textos. Por exemplo, Jesus usou fermento para falar simbolicamente de falsas doutrinas (Mateus 16:11-12). Paulo usou o fermento para representar falsa doutrina e corrupção moral (Gálatas 5:7-9,13,16; 1 Coríntios 5:6-9). 

É plenamente adequado, então, que o sacrifico perfeito e sem pecado do próprio Filho de Deus seja representado por pão sem fermento: 
"Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebramos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade" (1 Coríntios 5:7-8).
O próprio Jesus já havia se identificado usando como figura de linguagem o pão:
"Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não morra. Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que deverei dar pela vida do mundo é a minha carne" (João 6:50,51).
E se você ler o versículo 52, verá que os religiosos daquele tempo (assim como muitos de hoje), não entenderam absolutamente nada do o Mestre estava falando, pois estavam fazendo um raciocínio totalmente carnal. 

A ceia do Senhor, portanto, é um momento de recordação, de reflexão do que Ele fez por nós ao morrer na cruz para a remissão dos nossos pecados. Quando a celebramos, estamos anunciando a morte do Senhor Jesus até que Ele volte! Os elementos são, portanto, figurativos, e não literais.

Um ritual de aliança


Os orientais davam muito valor às alianças, e as respeitavam. Quando Jesus institui exatamente o pão e o vinho como os elementos da Ceia, ele sabia exatamente o que estava fazendo. Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue, o mais alto nível de aliança a que alguém poderia se submeter.

Ao contrair uma aliança deste nível, as duas partes estavam declarando que misturavam suas vidas e tudo o que era de um passava a ser de outro e vice-versa; por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a aliança NO seu sangue, estabelecendo com isso, na ceia, um ritual de aliança.

No Velho Testamento vemos Abraão indo ao encontro de Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo, e levava pão e vinho. O que era isto? Um ritual de aliança. Quando ceamos, estamos reconhecendo que realmente estamos aliançados com Cristo, e que nossas vidas estão misturadas, fundidas uma na outra  (1 Co 6:17).

Jesus deixou bem claro aos que o seguiam que não bastava apenas simpatizar-se com Ele ou segui-lO pelos milagres que operava, mas que era necessário aliança, e aliança no mais elevado e sagrado nível que os judeus conheciam: a aliança de sangue.

Muitos não compreendem isto por não conhecer os costumes da época, mas era a este tipo de aliança que Jesus se referia ao proferir estas palavras:
Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (João 6:53-56).
É óbvio que Jesus não falava sobre canibalismo, comer a carne literalmente, mas sim sobre aliança, sobre mistura de vida; isto fica claro quando o Mestre conclui dizendo que tal pessoa permaneceria nele e ele nesta pessoa. Este texto também não fala diretamente da Ceia, mas sim da nossa aliança com Cristo; embora deixe claro qual é figura da Ceia: um ritual de aliança onde testemunhamos comunhão entre nós e o Senhor Jesus Cristo.

Um tempo de comunhão



  • Koinonia: Do original Grego que significa comunhão. É uma expressão muito usada na igreja entre os cristãos, que quer dizer: participação, companheirismo, comunicação, ter em comum, compartilhar.
No tempo apostólico as ceias eram também chamadas de "ágapes" (ou "festas de amor" – Judas 12), o que reflete parte de seu propósito. As ênfases na expressão "corpo" que encontramos no ensino bíblico da ceia, reflete esta visão de unidade e comunhão:
"Ora, vós sois o Corpo de Cristo, e cada pessoa entre vós, individualmente, é membro desse Corpo. (...) "assim também nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e cada membro está ligado a todos os outros" (1 Coríntios 12:27; Romanos 12:5).
A mesa é um lugar de comunhão em praticamente quase todas as culturas, civilizações e épocas, e a mesa do Senhor não deixa de ter também esta característica.

Um ato de consequências espirituais


Na epístola de Paulo aos coríntios, fica claro que a Ceia do Senhor tem consequências espirituais; ela será sempre um momento de benção ou de maldição para os que dela participam.
  • Benção:
"Porventura o cálice da benção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?" (1 Coríntios 10:16)
Observe o termo "cálice da benção". Isto não é figurado, é real. A Ceia do Senhor traz bênçãos espirituais sobre aqueles que dela participam.

Um outro termo empregado neste versículo, que nos revela algo importante, é "comunhão"; quando ceamos, estamos pela fé acionando um poderoso princípio, temos comunhão com o sangue e com o corpo de Cristo! O que isto significa? Quando derramou seu sangue, Jesus o fez para a remissão de nossos pecados, logo, ao comungarmos o sangue, estamos provando que tipo de bênçãos? A purificação, e também a proteção, pois o diabo não pode transpor o poder do sangue para nos tocar (Êxodo 12:23; Apocalipse 12:12).

E o que significa ter comunhão com o corpo? O corpo de Jesus foi moído porque Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e as nossas dores carregou sobre si, e pelas suas feridas fomos sarados (Isaías 53:4,5). A obra redentora de Cristo nos proporciona cura física, e na Ceia do Senhor é um momento onde podemos provar a bênção da saúde a da cura. Muitos estavam fracos e doentes na igreja de Corinto por não discernirem o corpo do Senhor na Ceia.

Ao falar sobre comungarem com o corpo do Senhor, Paulo se referia não apenas ao corpo do Cristo crucificado por meio do qual somos sarados, mas também ao corpo ressurreto, no qual habita toda a plenitude da divindade e é fonte de vida aos que com ele comungam.

A Ceia do Senhor deve ser um momento especial de comunhão, reflexão, devoção, fé, e adoração. Tudo deve ser feito de coração e com reverência, pois é um ato de consequências espirituais.
  • Maldição
A Bíblia não usa especificamente esta palavra, mas mostra que a maldição pode vir como um juízo de Deus para quem desonra a Ceia do Senhor. Depois de ter dito que ao participar da mesa do Senhor a pessoa está anunciando a morte de Jesus até que ele venha, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, traz a seguinte advertência:
"Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 
Eis a razão porque há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo" (1 Coríntios 11:27-32).
Para muitas pessoas, a Ceia é algo que as amedronta; preferem não participar dela quando não se sentem dignas, para não serem julgadas. Mas veja que a Bíblia não nos manda deixar de tomar, e sim fazer um auto-exame antes, pois se houver necessidade de acerto devemos fazê-lo o mais depressa possível (1 João 1:9).

Deixar de participar da mesa do Senhor é desonrá-la também! Devemos ansiar pelo momento em que dela partilharemos, e não evitá-la. Mas há aqueles que querem fingir que estão bem, e participam sem escrúpulo algum do que é sagrado; para estes, não tardará o juízo.

Participar da mesa do Senhor tem consequências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é amaldiçoado. Não há meio termo; a refeição não é apenas um simbolismo; não se participa da Ceia do Senhor como se participa de uma cerimônia qualquer, pois é um momento santificado por Deus e de implicações no reino espiritual.

Quem participa


A Ceia, como ritual de aliança que é, destina-se, portanto, aos que já se encontram em aliança com Cristo (e isso não tem nada a ver com denominação); ou seja, aos que já nasceram de novo e estão em plena comunhão com Deus. Há igrejas que só servem a Ceia para quem pertence ao seu rol de membros; consideramos isto um grande erro, pois a Ceia do Senhor é para quem O serve de todo coração, independentemente de tal pessoa congregar em nossa igreja local ou não; se a pessoa faz parte do Corpo de Cristo na terra, então deve participar da mesa.

Há ainda, aqueles que afirmam só poder participar da Ceia do Senhor quem já se batizou nas águas, mas não há sustentação bíblica para isto; desde o momento em que a pessoa se comprometeu com Cristo em sua decisão ela já está dentro da aliança firmada por Jesus na cruz. Entendemos que o novo convertido deva ser encaminhado para o batismo tão logo seja possível.

Os critérios básicos são: estar aliançado com Cristo, e com vida espiritual em ordem. Contudo, não proibimos ninguém de participar, apenas ensinamos o que a Bíblia diz, para que cada pessoa julgue-se a si mesma. Nem Judas Iscariotes, em pecado e endemoninhado foi proibido por Jesus de participar da Ceia (Lucas 22:3,21). Outro equívoco presente nos segmentos cristãos é o de que crianças não podem participar da Ceia. Por Deus, onde há na Bíblia respaldo para isso?

A instrução bíblica é que a pessoa se examine a si mesma, e não que seja examinada pelos outros. Portanto não examinamos ninguém, nem as proibimos, só instruímos. Se a pessoa insistir em participar de forma indigna colherá o juízo divino. Quanto às crianças, deixemos que o próprio Senhor da Ceia fale por si:
"Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas" (Mateus 19:14).

Onde acontece


Não há um lugar determinado para se realizar a Ceia, onde quer que estejam reunidos os cristãos ela poderá ser feita.

No livro de Atos, lemos que o pão era partido de casa em casa (Atos 2:46), o que nos deixa totalmente à vontade em relação a celebrá-la em reunião nos lares; mas Paulo ao usar as seguintes palavras: "…quando vos reunis na igreja…" e "Se alguém tem fome coma em casa…" (1 Coríntios 11:18,34). 

A Ceia do Senhor é um ato de comunhão entre cada cristão e o Senhor, e é também um ato de comunhão entre cristãos. Em Atos 20:7, os discípulos se reuniam para partir o pão. 1 Coríntios 11:20-22 distingue entre a Ceia do Senhor, que era o propósito de sua reunião como uma congregação, e as refeições comuns, que eram tomadas nas casas de cristãos. Portanto, quando nos reunimos no templo ou nas casas, à semelhança dos dias do Novo Testamento, também praticamos a Ceia do Senhor nos dois locais de reunião, sendo que a maior incidência se dá no templo quando reunimos todo o corpo local (a congregação).


Quando acontece


Entendemos que não há uma periodicidade definida pela Bíblia quanto à celebração da Ceia; Jesus apenas disse:
"…fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim" (1 Coríntios 11:25b, ênfase minha).
Esta expressão "todas as vezes que" nos dá liberdade de fazermos quando quisermos, mas sempre em memória do Senhor Jesus Cristo.

É prática na maioria das igrejas, celebrar a Ceia do Senhor mensalmente no templo, contudo, esta periodicidade fica ao critério de cada denominação (podendo, inclusive, comemorar o mês inteiro, se quiser).

Como é celebrada


Como dito anteriormente, na igreja primitiva, quando celebrada nas casas, a Ceia do Senhor era também chamada de ágape ou festa de amor. Os irmãos se reuniam para ter comunhão ao redor da mesa, onde tomavam suas refeições juntos; e juntamente com as refeições celebravam a Santa Ceia. Seja como for, que seja feita de maneira festiva, pois é um momento de muita alegria. 

Conclusão

A Ceia do Senhor: Passado, Presente e Futuro


Os discípulos de Cristo são privilegiados ao participarem com Ele todas as semanas da Ceia do Senhor. Deste modo, ligamos o passado, o presente e o futuro.
  • Passado: Olhamos para trás, para o sacrifício que Jesus fez na cruz. Entendemos isto como sendo o fundamento e o centro de nossa salvação.
  • Presente: Quando meditamos no terrível preço que Jesus pagou para nos redimir de nosso pecado, nossa decisão de resistir à tentação é fortalecida.
  • Futuro: Entendemos que a morte de Jesus é a base de nossa esperança, e assim proclamamos nossa fé nEle quando olhamos em frente para a volta do Senhor e para nossa salvação eterna.
Ao participar da Ceia do Senhor devemos saber precisamos nos preparar para este momento como Jesus ordenou, saber que Ele nos conhece como somos, obedecer ao mandato de Jesus, invocar a presença do Senhor em nossas vidas, entender o significado profético da Santa Ceia, saber que o propósito é estar em comunhão com os irmãos e o objetivo de renovar nossa Aliança com Deus. Não deixe que a Ceia seja um momento qualquer em sua vida, aproveite este privilégio e responsabilidade que Jesus nos deixou preparando-se para este momento. A Ceia do Senhor é bênção de Deus para a nossas vidas.