Tinha pensado em não escrever sobre isso, mas não pude negar a solicitação de uma ilustre seguidora do blog - minha amada amiga e irmã em Cristo Carol - para que eu repercutisse o assunto. Após quase um mês do lançamento mundial, nesta quinta-feira (3/8) chegou ao Brasil o game Pokémon GO, dando continuidade à franquia de capturar monstros que há duas décadas é um sucesso comercial e catalizador de debates e polêmicas. Nos últimos dias, inúmeros textos e reportagens foram feitas na TV e na internet promovendo o jogo, muitas vezes destacando seu caráter "revolucionário".
Por outro lado, há questionadores que o acusam de ser alienante, contra o direito dos animais e, até mesmo, apontamentos que chegam a afirmar que o jogo expande a "idiotização social" que traria ruína à civilização, acomodada frente aos avanços do Estado Islâmico. No meio religioso, obviamente, não faltam posicionamentos contrários ao joguinho. Em uma breve pesquisa na interne, encontrei dezenas de artigos afirmando que o Pokémon Go "é do diabo", não sendo, portanto, conveniente que os crentes o joguem.
Li alguns artigos desses e confesso que não me assustei, pois já esperava esse tipo de reação por parte de muitos evangélicos. Quero deixar bem claro que não me deixei influenciar por absolutamente nenhum desses artigos para compor o texto do meu. O meu posicionamento aqui é de cunho estritamente pessoal e em concordância com meu posicionamento e convicções cristãs.
Há um ponto de equilíbrio?
Sob o aspecto da suposta alienação social, é válido lembrar que análises autoproclamadas "marxistas" seguiram o mesmo caminho, apontando a "infantilização" dos adultos (em uma abordagem absolutamente equivocada de um etapismo psicológico) e a possibilidade de controle governamental das massas. O que poucos compreendem é como este jogo faz parte da sociedade que está inserido e é componente integral da Indústria Cultural moderna.
O que é, afinal, Pokémon GO? É um jogo para celulares que se utiliza da tecnologia de Realidade Expandida (RA) para transformar o "mundo real" em um videogame. A premissa da série é que um jovem treinador deve sair pelo mundo para capturar Pokémon [não há plural no termo] selvagens em uma Pokébola (um mecanismo que os hiberna e conecta sentimentalmente com seus treinadores), cuidar deles, treiná-los, combater e trocar com outros treinadores, e conquistar "estádios" que atestam sua capacidade como Mestre Pokémon.
Nos videogames tradicionais, há uma tripla dimensão de como isso é feito: o jogador controla um avatar que navega por um espaço virtual e faz a narrativa acontecer conforme prossegue em sua missão. Nos jogos de RA como Pokémon GO, o jogador é o próprio avatar e o espaço virtual é substituído pela localização por GPS no mundo real: o jogo indica onde há Pokémon (por exemplo, dentro de um parque) e ele deve ir até lá para capturá-lo – e ele o faz apontando a câmera para o local e utilizando a tela touchscreen.
A narrativa como uma história contada é substituída pela introjeção da narrativa transmidiática em que o jogador é o próprio Mestre Pokémon e o mundo real passa a ter os monstrinhos "de verdade". Alguns teóricos chamam isso de "gamificação" (ou "ludificação") do mundo real, e estes mecanismos lúdicos têm sido pensados a serem aplicados em diversas esferas da realidade, como a educação e o trabalho.
Imagem dos mapas transformados e de um Pokémon
projetado na “realidade” pela câmera do celular.
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Portanto, qualquer análise que tome Pokémon GO como algo absolutamente novo e excepcional falha em perceber como ele se integra em duas esferas: jogadores já passam milhões de horas em videogames; e o uso do meio digital já também foi expandido para o mundo público faz alguns anos (se têm dúvidas, pensem no uso dos celulares em qualquer via comum).
Pokémon Go X a Bíblia, quem vencerá?
Por outro lado é fácil constatar sem exagero algum que os monstros de Pokémon GO são mais populares que Bíblia, ao menos no Wikipédia. Os verbetes relacionados ao game de realidade expandida com as criaturinhas da Nintendo são mais numerosos que os do livro sagrado da fé cristã.
As referências da Wikipedia para Pokémon GO, que foi lançado há menos de um mês, somam 191 artigos relacionados na versão em inglês. A Bíblia, livro de maior circulação de todos os tempos, um texto montados e examinado e debatido ao longo de milênios, tem 113 notas finais, 78 menos que o game.
A discrepância é ainda maior na língua portuguesa. A página com informações sobre o jogo desenvolvido pela Niantic com a turminha de Pikachu tem 164 referências, já a Bíblia registra 100 a menos: são 64 notas referenciais.
A Rússia não está tão contente com o sucesso do game desenvolvido nos Estados Unidos e acredita em uma ligação da Niantic com a CIA, sobretudo em relação ao mapeamento de áreas internas através do jogo. A Igreja Ortodoxa é uma das instituições russas incomodadas com o game e já pediu que os aspirantes a mestre Pokémon fiquem distantes de seus templos sagrados.
E como todo jogo de multidões (como esta no Central Park), quanto mais se fala dele, mais o interesse é despertado em torno dele. O efeito manada é garantido, já que a mídia também dá uma tremenda ajuda nisso, tornando crianças e adultos verdadeiros zumbis em busca de um entretenimento da moda. Até acidente já aconteceu por causa do jogo (já tratei do assunto aqui (http://circuitogeral2015.blogspot.com.br/2016/07/pokemon-go-vem-ai-mais-um-vicio-virtual.html).
É lícito, mas é conveniente?
Estou escrevendo este artigo, porque já vi uma legião de crentes também insandecidos pela novidade, entrando em grupos no facebook, whatsapp, etc…. gerando expectativas maiores que muita coisa extremamente mais importante. Mas qual a origem desse joguinho cheio de monstrinhos?
O nome Pokémon é uma abreviação da marca japonesa Pocket Monsters. O conceito do universo Pokémon foi inspirado no passatempo do diretor executivo Satoshi Tajiri de colecionar insetos quando era criança. Pokémon não apenas recebeu elogios, mas também críticas ruins e contestações quanto a alguns aspectos. Um deles é o design da Jynx original que tinha a pele preta. Muitas pessoas diziam que era um tipo de racismo contido nos jogos.
Muitas igrejas neopentecostais dos Estados Unidos (mas também de outros países como Brasil) acreditam que Pokémon é uma série satânica, embora o tema religião nunca tenha sido mencionado na série. As "conexões" mais comuns que essas comunidades apresentam entre Pokémon e o satanismo são:
Nomes dos monstrinhos são "muito estranhos" e podem ter sido concebidos no ocultismo
Pokémon seriam demônios, são capturados e invocados para fazer o mal.
As Insígnias de Ginásio seriam talismãs mágicos que servem para controlá-los. Alguns Pokémon, como Murkrow e Darkrai, representam bruxas, fantasmas e demônios.
Mas não são apenas igrejas evangélicas que criticam a série. Judeus criticam o TCG por usar a suástica em algumas cartas. O Papa João Paulo II também já criticou Pokémon, alegando que "viola a Criação segundo a Gênesis", mas em um pronunciamento em 2000, alegou que Pokémon seria apenas fruto de uma "imaginação fértil" e que não haveria problema em sua existência e ainda aprovou a série. Outra crítica quanto à religião foi no México, onde um padre planejou uma queima de vários objetos da série, mas desistiu.
Todos contra os Pokémon
Pokémon também recebe críticas relativas aos maus tratos de animais. O mecanismo principal da série, as batalhas, são comparadas com brigas de galo. Dessa maneira, treinadores capturariam e fariam os Pokémon batalharem até a morte. Outros também dizem que isso encoraja as crianças a fazerem crueldades com os animais e a apostarem ilegalmente.
O uso de Pokémon para batalhas até a morte é malvisto na série, tanto que apenas os vilões, como as Equipes Rocket, Magma, Aqua, Galactica e Plasma se baseiam nesse princípio e sempre são interrompidos pelos heróis.
Os monstrinhos aparecem na sua casa, trabalho, onde você estiver |
A mecânica do jogo se baseia na competição entre treinadores, mas sem o massacre de um Pokémon sobre outro.
Quando um Pokémon é derrotado e os seus HP (Health Points, ou pontos de saúde) chegam a zero, o Pokémon desmaia (FAINTED), fica incapaz de lutar, mas ainda está vivo e pode ser despertado com certos itens especiais ou sendo tratado em um Centro Pokémon. Adicionalmente, nas batalhas, a vitória dada pela morte do adversário é proibida. Em alguns momentos, autoridades de vários países (incluindo o Brasil) pensaram em proibir produtos da série, o que não mais acontecerá.
Monstrinho aparece perto de você e a bolinha tem design parecido com o "olho que tudo vê" |
Há, ainda, a acusação de Pokémon não ser original e sim uma cópia do anime Plawres Sanshiro, de 1983. Enquanto em Pokémon os monstrinhos de bolso batalham, no anime Plawres Sanshiro são robôs capturados e usados para batalhar. Um caso semelhante, mas a favor de Pokémon, ocorreu na China, onde o mascote de um campeonato de futebol foi criticado como plágio do personagem Jirachi.
O anime de Pokémon sempre foi considerado muito cheio de clichês. Exemplos disso são o constante tema da Equipe Rocket, as sempre frustradas tentativas de captura de Pikachu por métodos sempre falhos e também a ingenuidade de Ash em relação ao mundo Pokémon, e muitos consideram esse como o motivo de o anime ter afastado vários fãs da série. O anime nunca foi aprovado por muitos pais e foi considerado "difícil" de assistir.
Incenso pode facilitar a captura de Pokémon, atraindo-os para um local |
Outro detalhe é que alguns artifícios ocultistas também são aplicados ao jogo, como exemplo o incenso, para atrair os monstrinhos.
Conclusão
Os servos de Deus precisam ter o discernimento concedido pelo Espírito Santo e perceber que tais entretenimentos, com aparência inofensiva, não agrega absolutamente nada ao Reino de Deus e menos ainda à sua vida espiritual. E sei que tem uma vertente evangélica favorável ao jogo que afirma ser ele uma forma de "evangelismo" - já que os jogadores são incentivados a sair para fora (uma alusão descabida ao termo eclésia) - e à "comunhão" - já que os caçadores de Pokémon se reúnem em grupos para realização das caçadas aos monstrinhos e para discussão sobre o jogo. Não vou de jeito nenhum entrar no demérito de tal questão tão absurda ela é.
Enfim, vai ter uma enxurrada de gente dizendo que não tem nada a ver, que os crentes são idiotas, que criticam tudo. Mas eu lhes dou um desafio: me mostrem em que esse jogo acrescenta em sua vida ou quais vantagens você ganha que eu deletarei este artigo.
Mas antes, analise a si mesmo, olhe o tempo que você vai perder jogando esse jogo de multidão que não usa o cérebro para pensar, mas só para ser feita massa de manobra de uma elite que só precisa de sua distração e falta de sabedoria, para te enganar. Isso sem contar na dinheirama que certamente seus criadores, idealizadores e afins estão embolsando.
Posso instalar o Pokémon Go?
Uai, você pode fazer o que quiser, até pular sem paraquedas de um avião em pleno voo. Instale o jogo agora. Afinal, "todas as coisas me são permitidas, mas nem todas são saudáveis. Tudo me é lícito realizar, mas eu não permitirei que nada me domine. Sim, 'tudo é permitido', porém nem tudo é proveitoso. Sim, 'todas as coisas são lícitas', contudo nem todas são edificantes" (1 Coríntios 6:12; 10:23). E, em seguida, siga para a orientação bíblica dada por Paulo: "julgai todas as coisas, retende o que é bom" (1 Tessalonicenses 5:21). Isso significa que você passará por um tempo de avaliação. Fique tranquilo, o diabo não vai te aprisionar e te hipnotizar.
O objetivo de "julgar" algo é avaliar (racionalmente) se aquilo contribui de maneira positiva para sua vida e mereça permanecer nela. Mas, cuidado: Não seja levado pelas emoções e pelas influências. Use a sua razão para fazer uma avaliação sincera, objetiva, afinal, Deus te deu uma mente para você usar, não é verdade? "Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e ao aperfeiçoamento mútuo" (Romanos 14:19).
Muito bom !!! Clareou minhas idéias!!! Penso que por mais moderno e tecnológico que seja, não me edifica em nada e penso tbm ser mais uma estratégia para distrair as pessoas daquilo que é de fato importante.
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