terça-feira, 7 de junho de 2016

O AMOR: ESSÊNCIA DE DEUS

O texto deste artigo é mais uma adaptação do esboço uma mensagem que o Senhor me deu em 02 de abril de 2005. Essa mensagem eu tive a oportunidade de ministrar em uma igreja onde fui convidado para pregar. Mais um dos meus inúmeros escritos que encontrei enquanto reorganizava umas pastas.

"Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porquanto Deus é amor." - 1 João 4:7, 8 (Versão King James Atualizada) 

O amor é o sentimento mais falado, cantado e escrito do mundo em todos os tempos. Livros, romances, filmes, peças teatrais, novelas... todas as expressões de arte e dramaturgia sempre enfocam o amor em seus roteiros e enredos. No entanto, por mais que tanto se fale sobre o amor, pouco - ou quase nada - se tem visto dos benefícios de sua prática no mundo. 

O amor em sua essência e raiz, assim como o seus benefícios estão descritos magistralmente no texto da primeira epístola do apóstolo Paulo aos coríntios, no capítulo 13, versos do 1 ao 13 e são: a) doação (entrega), b) paciência, c) bondada, d) humildade, e) justiça, f) mansidão e g) eternidade. 

O que não é o amor no ponto de vista de Deus 


Não se trata de algo meramente sentimental, emocional, humano, carnal. O amor não é um sentimento subjugado a condições. Ele não tem origem no homem, ou seja, o ser humano não "produz" o amor. 

Dois tipos de amor

  1. Eros - o termo vem da mitologia grega, onde Eros e Afrodite eram cultuados como os deuses do amor. Por isso estão ligados ao amor no contexto carnal, humano. 
  2. Ágape - é o termo usado para definir o amor divino. Origina-se na refeição comunitária realizada pelos cristãos primitivos (Atos 2:42, 46). 

O que é o amor no ponto de vista de Deus 


O amor é um dom que vem do alto, é doado pelo Criador ao homem. O amor é uma virtude do fruto do Espírito (Gálatas 5:22). Em algumas traduções encontramos a palavra "caridade" no lugar de amor. Isto se dá porque o termo "caridade" vem do grego "agape" e significa o interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca (Efésios 5:1, 2). Quando os tradutores, além de usar a palavra inglesa "amor" como uma transliteração, muitas vezes escolheram a palavra "caridade". Isso tinha a intenção de reforçar a noção de que agape é um amor abnegado e generoso. O amor de Deus é abnegado e incondicional. 

Por que o amor é um dom de Deus


"E a confiança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que Ele mesmo nos outorgou. Acima de tudo, no entanto, revesti-vos do amor que é o elo da perfeição." - Romanos 5:5; Colossenses 3:14 (VKJA)

A origem do amor 


O amor origina-se em Deus, pois Deus é amor. E Ele não produz o amor, pois o amor é sua própria em essência seu próprio núcleo e a base do seu relacionamento conosco.

Para que o Senhor derramasse seu amor sobre nós foi preciso que Ele estabelecesse um sublime plano: a) primeiro criou todas as coisas; b) depois o homem à sua imagem e semelhança e, c) em seguida por causa do pecado, Ele enviou seu Filho para nos salvar. E essa foi a maior expressão do amor de Deus pela humanidade (Romanos 5:8. Ef 5:2).

Quem não é de Deus não tem e nem conhece esse amor. A falta desse amor é a fonte de todo os problemas que a humanidade enfrenta: "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama o Pai, de igual modo, ama também o que dele foi gerado. Desta maneira, sabemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e obedecemos aos seus mandamentos. Porquanto, nisto consiste o amor a Deus: em que pratiquemos os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são penosos" - 1 João 5:1-3 (VKJA).

Praticando o amor 


Amor não é simplesmente uma palavra bonita para enfeita versos poéticos e canções. Não é algo de simplesmente se dizer. O amor é algo que devemos expressar na prática cotidiana. É algo que devemos compartilhar com todos quantos nos cercam. Assim como o Senhor, não podemos simplesmente contentar em dizer que amamos, mas oferecermos os frutos desse amor. 

Todos os que dizem ama a Deus, precisam desenvolver esse amor em seu interior e demonstrá-lo através de suas atitudes em relação a si próprio e aos outros.

A única forma de desenvolvermos esse amor é tendo Deus, sendo de Deus. Quem não é de Deus, não consegue amar nem a si mesmo, muito menos aos outros. É preciso receber Deus para se ter o amor, pois ele é uma semente divina. Precisa germinar, criar raízes, desenvolver-se e gerar frutos, prosperar. Ele inunda a nossa existência e transforma uma vida estéril e improdutiva numa vida bastante produtiva e frutífera. Ou seja, Deus é amor, logo um não pode viver separado do outro. É como se o amor fosse "o organismo de Deus". Assim, quanto mais Deus estiver presente em nossa vida, tanto mais teremos seu amor em nós. 

1) O amor na prática - Praticar o amor significa negar-se a si mesmo. Nosso maior exemplo está na vida e morte de Jesus Cristo, que entregou-se voluntariamente, negou-se a si mesmo e dedicou-se a servir à humanidade. A obra de Jesus Cristo na cruz do calvário foi um ato extremo do amor de Deus por nós. "O amor seja sem qualquer fingimento. Odiai, sim, o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos dedicadamente uns aos outros com amor fraternal. Preferindo dar honra a outras pessoas, mais do que a si próprios" - Rm 12:9, 10 (VKJA). 

2) Amando a si mesmo para amar o próximo - Como você ama a si próprio? Jesus declara que devemos amar o nosso próprio da mesma forma que amamos a nós mesmos. Pare e pense no que significa amar a si próprio. Provavelmente você se lembrará de cuidados pessoais que envolvem o seu corpo, os seus bens e interesses. Portanto, por mais absurdo, fantasioso ou difícil que possa parecer, é dessa mesma forma que devemos amar ao nosso próximo. E isso da manhã até a hora de dormir, começando tudo novamente durante todos os dias dias de nossas vidas. 

Eis o grande desafio do cristianismo. Muito maior do que ressuscitar um morto! "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei; que dessa mesma maneira tenhais amor uns para com os outros. Através deste testemunho todos reconhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros" - Jo 13:34, 35 (VKJA). 

3) Discipulado, uma forma de amor na prática - A palavra "discípulo" se refere a um estudante ou aprendiz. Nos dias de Jesus, os discípulos seguiam seu rabi (que significa "mes­tre") para onde ele fosse, aprendendo com seu ensino e sendo instruídos a fazer o que ele fizesse. Basicamente, o discípulo é um seguidor, mas é preciso entender esse termo, seguidor, de forma literal. É impossível ser discípulo ou seguidor de alguém e não acabar ficando parecido com aquela pessoa. Jesus disse: "O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre" - Lc 6:40. Para saber mais sobre a importância do discipulado leia: Jo 8:31b, 32; 15:1-8. 

Os frutos do amor 


A Palavra de Deus nos revela que tudo o que plantarmos colheremos na mesma medida e espécie em que plantarmos. Então, quando semeamos o amor, consequentemente colheremos seus frutos. Como já vimos, o amor é bom, portanto, logicamente seus frutos também são bons. 

No mundo não há nada que provoque mais efeito do que o amor. No entanto a humanidade ainda não experimentou a sua capacidade total. Parece que hoje só prevalece os efeitos do ódio. Ou seja, o mundo só tem colhido os amargos frutos do ódio: nas guerras, nos preconceitos, nas desigualdades sociais, nas violências, nas imoralidades, nas injustiças, nas corrupções. Mas quando as barreirada da inimizade são desfeitas, a unidade é edificada, a generosidade e os atos de bondade praticados, então observamos o amor em ação e podemos colher os seus deliciosos e saudáveis frutos. 

Dentre os frutos do amor podemos citar alguns que podem ser classificados como principais para todo o gênero humano: a paz, a igualdade, o respeito, a comunhão, a união, a doação, a honestidade e a justiça.

Conclusão 


Neste artigo foi analisado a natureza e as ações de amor de Deus sobre toda a sua criação e, principalmente, sobre os seres humanos caídos. Aprendemos que esse amor pode ser visto como uma das dimensões da bondade de Deus, uma vez Ele doa a si mesmo como expressão de sua imensa generosidade. 

O ato oferecer a si mesmo envolve a manifestação de suas perfeições nas obras da criação, na história, na constituição ontológica humana, no progresso da revelação especial, e na redenção em Cristo através de seu ministério terreno culminando em sua obra vicária. 

Sendo assim, partimos da premissa teológica de que Deus movido pela sua liberdade soberana nos amou com amor eterno, e no conselho eterno da Trindade definiu um plano especial de salvação, pois éramos incapazes de buscá-lo, conhecê-lo, e amá-lo. 

Em amor, houve a escolha de um povo que seria formado por diversas tribos, etnias, culturas e inúmeros lugares sociais que seriam alcançados em tempos históricos diferentes pelo Filho de Deus. Para isso, foi necessário que o Deus Filho encarnasse e se tornasse sacrifício vivo, santo e agradável ao Pai.

E foi exatamente isso que aconteceu. O Filho veio ao mundo e ficou conhecido como Jesus Cristo. Ele caminhou com as multidões, alimentou-as, curou-as, libertou-as das obras do mal, ensinou-as, e amou-as até a cruz, promovendo através do seu sangue livre acesso ao Pai. 

Deste modo, essas ações revelam o quanto Deus nos amou; e assim, nos desafiam a amá-lo com toda gratidão, adoração, entendimento, alegria e dedicação. Ao mesmo tempo, precisamos amar uns aos outros sob os critérios de nos doar de maneira livre, generosa e contínua; libertando-nos do egoísmo que tem sido a raiz de todos os males e a causa da queda humana. 

Nossos primeiros pais não levaram em conta e não se importaram com o projeto de amor e felicidade criado por Deus no Éden. Eles pensaram si mesmos, e não nas palavras de amor do Criador. 

Quando optaram por criar o seu próprio "projeto de amor", estabeleceram como parâmetro verdadeiro os seus próprios pensamentos e desejos e não os de Deus. Desde aquele dia, até os acontecimentos trágicos em Paris neste ano, o homem perdeu a noção do que seja bom, verdadeiro e salutar para a sua existência.

Todavia, o evangelho continua convidando cada indivíduo para viver, experimentar e celebrar as dimensões do amor de Deus, posto que o amor de Deus tem uma conotação ímpar, pois não é encontrado em nenhum outro lugar e em nenhuma outra pessoa. Todos os amores do mundo querem alguma coisa em troca. O amor de Deus é diferente: ele se oferece.

João Alexandre & Tirza - "Essência de Deus", belíssima canção, clássico atemporal da música cristã.

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