"2 Ele cresceu diante dele como um broto tenro e como uma raiz saída de uma terra árida e estéril. Ele não aparentava qualquer formosura ou majestade que pudesse atrair os seres humanos, nada havia em seu aspecto físico pelo que pudéssemos ser cativados.
3 Pelo contrário, foi desprezado e rejeitado pelos homens, viveu como homem de dores, experienciou todo o sofrimento. Caminhou como alguém de quem os seus semelhantes escondem o rosto, foi menosprezado, e nós não demos à sua pessoa importância alguma.
4 E no entanto, suas dores eram as nossas próprias enfermidades que ele carregava em seu ser. Sobre seu corpo levou todas as nossas doenças; contudo nós o julgamos culpado e castigado por Deus. Pela mão de Deus ferido e torturado.
5 Mas, de fato, ele foi transpassado por causa das nossas próprias culpas e transgressões, foi esmagado por conta das nossas iniquidades; o castigo que nos propiciou a paz caiu todo sobre ele, e mediante suas feridas fomos curados.
6 Em verdade todos nós, tal como ovelhas perdidas, andamos errantes; cada ser humano tomou o seu próprio caminho; e Yahweh fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.
7 Ele foi maltratado, humilhado, torturado; contudo, não abriu a sua boca; agiu como um cordeiro levado ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não expressou nenhuma palavra.
8 Por intermédio de julgamento tirano ele foi preso. E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi ceifado da terra dos viventes; por causa dos erros do meu povo ele foi golpeado.
9 Deram-lhe uma sepultura com os ímpios, e ficou com o rico na sua morte, embora jamais tivesse cometido injustiça, nem houvesse qualquer engano ou inverdade em sua boca."
O cumprimento das inúmeras profecias bíblicas especificamente acerca de Israel e Jerusalém, constitui-se uma prova incontestável da origem, inspiração e autenticidade divinas dos oráculos¹ dos antigos profetas hebreus. Neste artigo me deterei em analisar as profecias messiânicas registradas em Isaías 53.
Quem foi Isaías?
Isaías, "príncipe dos profetas", é reconhecido teologicamente como o profeta Messiânico. Seu nome significa "Salvação de Jeová". Isaías era casado com uma profetisa (Isaías 8:3). E teve filhos. Direcionou suas profecias para o reino do Sul, Judá, e aos moradores da cidade de Jerusalém entre 742 e 687 antes de Cristo.
Isaías foi no A.T. tal como Paulo no N.T. Um dos maiores profetas do A.T. Também profetizou para outras nações. Viveu na época em que o reino do Norte (Israel) foi levado cativo para Assíria que começou a aniquilar todas as outras nações do mundo civilizado. Israel (o reino do Norte) caiu vítima deste mal, enquanto que Deus salvou Judá (o reino do Sul). Nesta mesma época teve outros profetas: Amós e Oséias (para Israel) Miquéias (para Judá).
No ano 715 a.C., entretanto, as nações escravizadas, resolveram aliar-se, formando um só exército, para tentarem sacudir o julgo da Assíria. Judá foi convidada a tomar parte na aliança. Com tanta essa gente lutando a vitória parecia garantida, mas o profeta deu a sua palavra "não". Deus já o tinha revelado sobre tudo o que ia acontecer. Ezequias obedeceu e não fez aliança dependendo exclusivamente de Deus.
Os temas principais das mensagens do profeta são os poderes do Deus de Israel sobre todas as coisas e sua santidade perfeita.
Propósito profético do livro de Isaías é ensinar a verdade que a salvação vem pela graça, vem de Deus, aleluia! E não do homem. No capítulo 53 – Isaías explica a razão da morte do Messias.
Entendendo a profecia
- A apresentação do Senhor
Na realidade, a conhecidíssima profecia de Isaías 53, inicia-se o capítulo anterior, em que o profeta apresenta o Servo do Senhor da seguinte forma: "Eis que o meu servo operará com prudência (52:13)". O N.T. confirma terminantemente que o mais messiânico dos profetas está, incontestavelmente, falando do Senhor Jesus Cristo. Trata-se, portanto, de uma genuína e autêntica mensagem profética da parte do Senhor Deus (Atos 8:28-35).
- A mensagem do Senhor
Uma das singularidades do ministério de Nosso Senhor Jesus Cristo foi exatamente o teor de sua mensagem (João 7:46). Não obstante, o capítulo 53 inicia já com a pergunta: "Quem deu crédito à nossa pregação (v. 1)?", demonstrando que a predica do Messias seria rejeitada. É contraditório entender o fato de que apesar dos milagres extraordinários operados pelo Filho de Deus e de sua pregação repleta de autoridade e poder, muitos não criam nEle (Jo 12:37,38; Romanos 10:16). Mesmo o ministério de Jesus tendo se expressado não só em palavras, mas em frutos, até mesmo os de sua casa não compreenderam o seu ministério (Marcos 3:21; Jo 7:5).
- A aparência e a rejeição do Senhor
Não há como saber os traços físicos de Jesus, mas é bem possível que a sua aparência física contrarie a todos os filmes já produzidos - inclusive o famoso "Paixão de Cristo", do Meu Gibson - pois a palavra profética declara que "nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos" (v. 2b). A rejeição do Senhor foi tão grande que se iniciou ainda em seu nascimento! Não havia espaço adequado para o nascimento do Filho de Deus em Belém e, por isso, sua mãe deu-o à luz em uma manjedoura (Lucas 2:7). Em Isaías 53, duas vezes o versículo três afirma que Ele era "desprezado" e termina dizendo: "não fizemos dele caso algum". Tal descortesia cumpre-se de forma notória nos Evangelhos (Jo 1:10,11).
A paixão e a morte de nosso Senhor Jesus Cristo
- O sofrimento sem igual de Jesus
Apesar de todo o desprezo sofrido por Nosso Senhor Jesus Cristo ao longo de sua vida terrena, os seus últimos dias, iniciados no Getsêmani, onde a sua agonia foi de tal intensidade que o fez suar gotas de sangue (Lc 22:44) foram de um sofrimento indescritível.
Jesus entrou em agonia no Getsêmani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra. O único evangelista que relatou o fato é um médico, Lucas. E o faz com a decisão de um clínico. O suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo.
O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pela e então escorre por todo o corpo até a terra.
E o que Ele padeceu a partir de sua prisão? É exatamente assim que o profeta Isaías descreve o Senhor: Ele era um "homem de dores" (v. 3) e que "foi oprimido" (v. 7). Isaías apresenta o também como um homem impecável e perfeito em tudo, "porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca" (v. 9). O apóstolo Pedro, que conviveu com Jesus cerca de três anos, confirma essa profecia (1 Pedro 2:22). Sim, Jesus foi "cortado da terra dos viventes" (v. 8) como um criminoso e malfeitor.
- O silêncio de Jesus
O profeta compara o Filho de Deus em seu julgamento e morte ao cordeiro levado ao matadouro e à ovelha muda diante de seus tosquiadores: Ele "não abriu a sua boca" (v. 7). Assim agiu o Senhor diante do sumo sacerdote no Sinédrio (Mt 26:63) e perante Pôncio Pilatos (Mt 27:12, 14). O profeta, pelo Espírito, certamente via as cenas desses interrogatórios. Portanto, o fato de Jesus não ter cometido nenhum delito e de as acusações sobre Ele não terem sido provadas demonstram a total arbitrariedade do julgamento do Mestre, realçando o fracasso da justiça humana.
- A crucificação e a sepultura de Jesus (v. 9)
Isaías anuncia de antemão que o Senhor Jesus Cristo "foi contado com os transgressores", e reafirma a verdade de que Ele carregou nossos pecados. Os Evangelhos relatam que Jesus foi crucificado entre dois salteadores (Mt 27:38; Mc 15:27, 28), mostrando, assim, a autenticidade da profecia bíblica. Note que as palavras de Cristo no alto da cruz: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23;34), foram também preditas por Isaías, quando o profeta diz que o Messias "pelos transgressores intercedeu" (v. 12).
A análise profética fica mais interessante e rica, quando Isaías prediz que a "sepultura" de Jesus foi colocada entre a dos "ímpios" (v. 9). Isso significa que os opositores de Jesus queriam dar-lhe um sepultamento vergonhoso e vil como o de um criminoso. Tal coisa era considerada opróbrio em Israel (Is 14:19). Porém, o plano deles falhou, pois o profeta diz que o Mestre Jesus foi contado "com o rico, na sua morte" (v. 9). Ou seja: o Filho de Deus foi enterrado honrada e dignamente. Os Evangelhos, confirmando Isaías, revelam que um homem rico, chamado José, da cidade de Arimatéia, cedeu um tumulo novo, cinzelado na rocha, para que neste fosse posto o corpo do Mestre (Mt 27:57,58,60).
Lições doutrinárias do sacrifício de Cristo
- As nossas dores e as nossas enfermidades
O profeta, além de preanunciar detalhes da vida e do sofrimento do Messias, também destacou grandes doutrinas oriundas da morte expiatória de Cristo. Um dos maiores ensinamentos é a vicariedade de seu sacrifício. Isto é, Ele padeceu em nosso lugar, tomando sobre si "as nossas enfermidades e as nossas dores" (v. 4). A expiação que o Filho de Deus nos propicia abrange, além da cura física, a espiritual (v. 5), conforme atestamos pela leitura do Novo Testamento (Mt 8:17; 1 Pe 2:24).
- Os nossos pecados
Jesus sofreu não por ter cometido pecado, mas porque agradou a Deus "moê-lo, fazendo-o enfermar", colocando a sua "alma [...] por expiação do pecado" (v. 10). Essa foi a vontade de Deus: que o justo sofresse pelo pecador (vv. 10,11b). O profeta mostra tratar-se, como já foi dito, de uma morte vicária (Rm 3:25; 5,18,19; 2 Coríntios 5:21).
- A humildade e o amor de Jesus Cristo
É digno de destaque o fato de o Senhor Jesus Cristo ter se despido de toda sua glória para tornar-se como um de nós (Filipenses 2:3-11). Tal humildade e amor benevolente servem-nos de exemplo para que possamos agir da mesma forma em relação aos nossos semelhantes (Jo 3:16; 1 Jo 3:16).
Conclusão
Há abundantes evidências em o Novo Testamento sobre o fiel cumprimento de Isaías 53. A Teologia Sistemática de Stanley Horton², na página 91, informa que o protestante americano Peter W. Stoner examinou oito profecias sobre Jesus, no Antigo Testamento, e concluiu que na vida de uma pessoa, a probabilidade dos oito casos serem coincidências é de 1 em cem quatrilhões (100.000.000.000.000.000). A única explicação racional para o fiel cumprimento das profecias da Bíblia é que Deus tudo revelou aos seus profetas. Não se trata, portanto, de manipulações humanas. As profecias messiânicas já cumpridas mostram-nos a autenticidade da Bíblia e advertem-nos de que as profecias escatológicas também se cumprirão.
¹Oráculo: Um Oráculo é a resposta dada por uma divindade a quem a consulta. No caso da cultura judaica, os Hebreus acreditam que o espírito do deus Javé fala através da boca dos seus profetas, tal como se acreditava noutras culturas,( nas sociedades helénicas, nas religiões da antiguidade Egípcia, Fenícia, Cananita, Suméria, Babilónica, etc), que os espíritos dos deuses falavam através dos seus videntes, sacerdotes e profetas. ²A obra Teologia Sistemática (808 pgs), do Stanley M. Horton e da editora CPAD, é ganhadora do prêmio 1997 da Associação Brasileira de Editores Cristãos - ABEC - Categoria Teologia/Doutrina.
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