sexta-feira, 3 de junho de 2016

ESPECIAL DEPRESSÃO - NA MELHOR IDADE

O envelhecimento é hoje um fenômeno universal, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. No Brasil, impressiona a rapidez com que tem ocorrido, visto que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano de 2025, a população idosa no Brasil crescerá 16 vezes, contra cinco vezes da população total. Isso classifica o país como a sexta população do mundo em idosos, correspondendo a mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (OMS, 2006). 

Esse aumento da população idosa esta associado à prevalência elevadas de doenças crônico-degenerativas, dentre elas aquelas que comprometem o funcionamento do sistema nervoso central, como as enfermidades neuropsiquiátricas, particularmente a depressão. Embora o envelhecimento mental possa apresentar um lentificação dos processos mentais, isto não representa perdas de funções cognitivas.

Todo ser humano em qualquer fase de sua vida pode experimentar sintomas depressivos. Nos idosos a probabilidade de padecer desta doença é ainda maior, pois apresentam inúmeras limitações e perdas, tendo como consequências sentimentos de autodepreciação.

A depressão é o problema psicológico mais comum no idoso. Embora isso também seja verídico em outras faixas etárias (conforme visto nos artigos anteriores), a depressão permanece comum um problema significativo encontrado por profissionais que trabalham com o idoso.

Frequentemente se observa que o idoso deprimido passa por uma importante piora de seu estado geral e por um decréscimo significativo de sua qualidade de vida. A gravidade da situação reflete-se na alta prevalência de suicídio entre a população de idosos deprimidos.

Velhice e conceitos gerais 


Ser idoso é um fim que em sentido geral afeta a todos, não há como escapar. Embora o idoso esteja levando uma vida mais produtiva que no passado, o declínio de certas capacidades prejudica a qualidade de vida.

Embora a expectativa de vida tenha aumentado, a duração da vida não. Isso porque os avanços nas pesquisas biomédicas e a introdução de aperfeiçoados tratamentos de saúde, permitiram que mais pessoas atingissem o fixado limite para a duração da vida, mas passando dos 85 anos, as pessoas morrem de velhice, apesar de muitos esforços, parece difícil prolongar por mais tempo nosso tempo de vida.

Nota-se que o desejo de controlar o envelhecimento é um anseio legitimo. A rejeição à terceira idade é um mecanismo de defesa natural do homem, mas sua aceitação como realidade junto a compreensão de que se pode ser plenamente feliz em qualquer idade é o melhor caminho para a longevidade.

Não faz muito tempo. Dizia que o Brasil era um "país jovem", boa parte de sua população tinha menos de 30 anos de idade. No entanto, uma rápida mudança vem ocorrendo nos últimos anos, tanto no Brasil, como no mundo em geral. O numero de idosos (pessoas acima de 65 anos de idade, a chamada terceira idade) vem crescendo rapidamente na população. No Brasil havia cerca de 10 milhões em 1990; esse numero deve chegar a 15 milhões no ano 2000 e 34 milhões em 2025.

Entre as principais doenças mentais que atingem os idosos está a depressão. É uma doença frequente em todas as fases da vida, estimando-se que cerca de 15% dos idosos apresentem alguns sintomas depressivos e cerca de 2% tenham depressão grave. Esses números são ainda maiores entre os idosos internados em asilos ou hospitais.

Identificando a depressão nos idosos


Depressão não é apenas uma tristeza passageira, diante de um fato adverso da vida. A pessoa apresenta uma tristeza profunda e duradoura, acompanhada de desânimo, apatia, desinteresse, impossibilidade de desfrutar dos prazeres da vida. Não se interessa pelas atividades diárias, não dorme bem, não tem apetite, muitas vezes tem queixas vagas como fadiga, dores nas costas ou na cabeça. Aparecem pensamentos "ruins", como idéias de culpa, inutilidade, desesperança; nos casos mais graves podem ocorrer idéias de suicídio.

As causas da depressão são desconhecidas. Acredita-se que vários fatores - biológicos, psicológicos e sociais - atuando concomitantemente levem à doença. Fatores biológicos, como a presença de depressão em outros membros da família podem ser considerados predisponentes, enquanto fatores psicológicos e sociais, por exemplo, perda de um ente querido, perda de suporte social, podem desencadear um episódio de depressão. Sabe-se que na depressão há alterações no equilíbrio dos sistemas químicos do cérebro, principalmente nos neurotransmissores noradrenalina e serotonina.

O reconhecimento da depressão no idoso muitas vezes é difícil. Preconceitos em relação à velhice e às doenças mentais dificultam o acesso dos pacientes a um tratamento adequado. Existe a ideia bastante arraigada de que a depressão é um fato "normal" na velhice. Não é! O idoso não precisa ser necessariamente triste. 

Quando alguém fica desanimado e triste por algumas semanas é preciso levá-lo a um psiquiatra, para uma avaliação especializada, pois pode estar sofrendo de depressão. Muitas pessoas ainda ficam constrangidas de procurar o psiquiatra, diante da ideia de terem uma doença mental. Por causa desses preconceitos, estima-se que cerca de metade dos pacientes deprimidos fiquem sem diagnóstico e tratamento adequados.


Conclusão


Está escrito:
"Sim, todos os nossos dias dissipam-se diante do teu furor, findamos os anos como um suspiro. De fato, os dias de nossa vida chegam a setenta anos, ou a oitenta para os que têm mais saúde; entretanto, a maior parte dos anos é de labuta e sofrimentos, porquanto a vida passa muito depressa, e nós voamos!" - Salmo 90:9, 10 (Versão King James Atualizada)

A depressão é uma doença como outra qualquer, cujo tratamento tem sofrido avanços significativos nos últimos anos. Medicamentos antidepressivos, que atuam nos neurotransmissores permitem uma recuperação do equilíbrio químico do cérebro, com a melhora dos sintomas da depressão. Essa recuperação demora algumas semanas, durante as quais o apoio dos familiares é também fundamental. O acompanhamento psicoterápico permite uma complementação do tratamento medicamentoso, propiciando a recuperação da qualidade de vida do idoso.

Finalmente, familiares e profissionais devem se atentar para não confundir sinais de depressão no idoso com os sintomas iniciais de demência, que é muito comum acontecer. Além dos sintomas da depressão já citados, o idoso portador de demência também costuma apresentar lapsos de memória, desorientação de tempo e espaço, mudanças de personalidade e de comportamento. 

A ordem de ocorrência dos sintomas ajuda a distinguir depressão de demência, pois normalmente os doentes cujas alterações cognitivas precedem os sintomas depressivos parecem ter maior probabilidade de estarem a desenvolver uma verdadeira demência do que aqueles em que os sintomas depressivos se iniciam primeiro. É importante buscar auxílio profissional e tratar o idoso com respeito, atenção, dignidade e acolhimento.

O diagnóstico clínico da depressão no idoso é baseado numa análise detalhada, por isso é importante a busca pelos sintomas, uma investigação de episódios depressivos anteriores, revisão de todos os medicamentos em uso, além da abordagem cuidadosa das questões emocionais acerca de luto e suicídio.

O importante é, seja lá em que idade for, permanecermos com nossas vidas na presença de Deus.

[Fonte: Bem Me Care - Causa de Repouso]

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