quarta-feira, 1 de junho de 2016

ESPECIAL DEPRESSÃO - FÉ E PSICOLOGIA

A Fé e a Psicologia: esse é um paralelo que vem gerando grande discussão há alguns anos no meio evangélico e a grande pergunta é: Pode o cristão sofrer de problemas psicológicos? Um cristão deve ou não se tratar com um psicólogo ou um psicanalista? Depressão, Ansiedade, Síndrome do Pânico, auto sabotagem entre outras doenças não são acometidos naqueles que creem em Deus?

Vontade de ficar trancado no quanto, falta de apetite, sem ânimo para ir à escola, a igreja e nem festas. Reações estranhas para uma adolescente. Muitos cristãos procurava confidenciam sofrer sintomas que caracterizam a depressão mas não procuram ajuda porque são orientados por familiares (e até por pastores) a procurarem os trabalhos de "oração forte" e nunca a um médico. Dizem que é caso de libertação.

Para muitos crentes o uso de medicamentos é inadmissível, ainda mais o uso de antidepressivos. 

Entretanto, nomes do meio evangélico já vêm discutindo esse assunto um deles é o pastor Silas Malafaia, que é formado em psicologia. Ao ser perguntado sobre o assunto ele respondeu bastante favorável sobre o envolvimento do cristão com a psicologia. "Toda pessoa com bom senso sabe que regularmente deve consultar médicos, fazer exames e check-ups de saúde e buscar aconselhamento com um neurologista, psiquiatra, psicólogo, se perceber que necessita de um tratamento terapêutico e medicamentoso", afirmou o pastor (conforme artigo anterior).

Ele falou ainda mais: "Jesus, de modo indireto, validou o trabalho dos médicos quando disse, em Mateus 9:12, que os sãos não necessitavam de médico, e sim os doentes".

Os evangélicos acreditam que as doenças psicológicas (e quaisquer outras) "não são de Deus" e na maioria das vezes não se tratam porque limitam a ação a algo espiritual. 

Os psicólogos cristãos afirmam que o nosso maior campo de batalha é a mente humana, onde somos bombardeados o dia inteiro, por pensamentos e consequentemente sentimentos. Já diz o ditado: "Mente vazia oficina do diabo." Ele age por habilitação, se cuidarmos de nossos pensamentos, nossas emoções serão tratadas e o inimigo astuto não encontrará brecha para agir em nossas vidas. 

Ou seja, o psicológico é a porta de entrada ao mundo espiritual, os dois andam juntos. Desconsiderar, portanto que necessita de suporte emocional para vencer nas áreas de insucesso não é nada sábio. É dar a chave para o inimigo entrar e fazer morada.

Do natural ao sobrenatural


O poder de Deus sobrepõe qualquer ciência, e pode todas as coisas. Isso é inegável. Contudo, vemos na Bíblia o tempo todo Deus agindo com milagres, por meio de atitudes humanas. Moisés precisou tocar no Mar Vermelho para ele se abrir, Davi precisou enfrentar Golias etc. Deus é Deus que age em nós e através de nós por meio de nossas atitudes. O que precisamos fazer Ele não fará por nós. Orar + ação = oração. O que passa disso é religiosidade.

A psicóloga e palestrante cristã Denise Moreno [A doutora Denise é especialista em Clínica Psicanalítica, Especialista em Neurociências Aplicadas da Reabilitação também é Criadora do perfil Psiquemetanoia, Colunista do site é de Deus. Voluntaria / Colaboradora – Jornal Folha Universal. Voluntaria / Colaboradora – projeto Terapia de Cristo e palestrante sobre temas contemporâneos.] ministra muito sobre o que chama de auto sabotagem. Segundo ela a auto sabotagem é a principal causa de nossos fracassos. 

Ela afirma que talvez o sucesso que tanto almejamos está sendo impedido por um inimigo muito próximo, chamado: 'Eu'.  Ela afirma que na maior parte do tempo, sofremos o insucesso ocasionado por nossas próprias inseguranças. Em suas palestras diz que com certeza já atendeu e atende muitos pacientes que não conseguem avançar na vida pela força destruidora da auto sabotagem. Pessoas que vivem a vida como em um círculo vicioso, e acabam se acostumando com o sofrimento frequente. Porém se o paciente se implicar realmente na análise certamente conseguirá quebrar esse ciclo.

Fé e Psicologia na dose certa = equilíbrio perfeito


A depressão foi definida por Andrew Solomon como um parasita que suga a seiva da nossa vida. É como engolir seu próprio funeral e vestir-se de uma roupa de madeira. A depressão é o cárcere da alma, a masmorra das emoções, o cativeiro que priva milhões de pessoas de nutrirem na alma, a esperança do amanhã. 

Com livros premiados e traduzidos para mais de 20 idiomas, o escritor americano Andrew Solomon, 50 anos, colabora com diferentes jornais e cruza o mundo falando em conferências. No Brasil, participou de um debate durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2014, quando foi ovacionado de pé pela plateia composta por especialistas da área.

Quem observa a movimentada agenda do escritor mal consegue imaginar que Solomon já sofreu crises de depressão tão profundas que o deixaram à beira do imobilismo. O livro O Demônio do Meio-Dia (2001), em que analisa a depressão a partir da própria experiência com a doença, foi escolhido um dos cem melhores da década pelo jornal britânico The Times. Na infância, Solomon contou com o apoio dos pais para superar sua dislexia. Mais tarde, teve dificuldade para ser aceito por eles quando revelou sua homossexualidade. Solomon afirma ainda que "o oposto da depressão não é a felicidade é a vitalidade".

A depressão é classificada como uma doença e, essa doença, que possui múltiplas causas, atinge ricos e pobres, jovens e velhos, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. A depressão é uma doença que provoca muitas outras. Se não tratada convenientemente pode desembocar em tragédias irremediáveis. A depressão é a principal causa do suicídio no mundo.

John Piper [John Stephen Piper é um pregador e autor batista calvinista que serviu como pastor da Igreja Batista Bethlehem, em Minneapolis, Minnesota, por 33 anos.], em seu livro O Sorriso Escondido de Deus, trata deste assunto com esmerado cuidado. Há duas posições que circulam no meio evangélico sobre o assunto, que revelam um desequilíbrio perigoso: 
  • A primeira delas liga a depressão à ação demoníaca. Os defensores dessa vertente afirmam que as pessoas deprimidas estão oprimidas e até possuídas por demônios. 
  • A segunda interpretação vincula a depressão a algum pecado específico ainda não confessado. Assim, uma pessoa fica deprimida porque esconde algum pecado que precisa ser confessado e abandonado. 
Eu mesmo já pensei (e, pior - por completa falta de conhecimento e sabedoria -, já preguei isso!), contudo, hoje não subscrevo essas duas interpretações. Julgo-las deficientes e assaz injustas. É muito verdade que uma pessoa pode ficar deprimida em virtude de seu envolvimento com demônios e também como resultado de algum pecado escondido. Porém, uma pessoa pode ser assolada pela depressão, mesmo levando uma vida cheia do Espírito Santo. Assim como um indivíduo pode ser cheio do Espírito e ter um problema cardíaco, também uma pessoa pode estar plena da presença de Deus e enfrentar o drama da depressão.

Se há várias causas que provocam a depressão, também há vários sintomas que a revelam. O primeiro sintoma é que a pessoa deprimida é tomada por uma desesperança crônica e passa a enxergar a vida pelas lentes escuras do pessimismo. Não vê uma luz no fim do túnel nem janelas de escape. Foi o que aconteceu com o profeta Elias - considerado um verdadeiro ícone da fé, principalmente por crentes da vertente pentecostal - (impossível não citá-lo nesse assunto). Pensou que somente ele havia restado dos profetas de Deus em Israel, quando na verdade sete mil ainda não haviam se dobrado a Baal. 

O segundo sintoma é olhar para a vida pelas lentes do retrovisor. Uma pessoa deprimida sente uma saudade mórbida dos bons tempos que se foram e se desespera diante das incertezas do seu futuro. Sente-se num calabouço existencial e sem ânimo e forças para sair desse cárcere da alma (estes, inclusive, foram os sintomas que eu senti...). Nessa saga cheia de pavores, flerta com a própria morte. 

Não que seu desejo seja de fato morrer, mas é que sente uma dor tão profunda na alma que o único alívio que consegue vislumbrar é o alívio da morte (evocando sempre a certeza da salvação). Não podemos subestimar esses presságios que rondam a alma de uma pessoa depressiva. Isso é uma espécie de alarme, uma trombeta que precisa de encontrar ouvidos sensíveis. É por essa razão, que o terceiro sintoma de uma pessoa deprimida é um completo desânimo quanto ao futuro. É o desejo de fechar as cortinas da vida e colocar um ponto final na existência.

Conclusão


Como devemos lidar com a depressão? Como ajudar uma pessoa deprimida? Primeiro, precisamos orar por ela e com ela. Depois, precisamos cientificar-nos se essa pessoa está recebendo o tratamento médico adequado para a sua doença. Ainda, precisamos estar perto dela, oferecendo-lhe um ombro amigo, um ouvido atento e um coração generoso. Finalmente, precisamos compartilhar com ela a esperança do evangelho, o poder da graça de Deus e o consolo das Escrituras. Deus nos vivifica segundo a sua Palavra. Ele tira a nossa alma do cárcere. Ele acende uma luz de esperança no túnel escuro do nosso sofrimento. Deus arranca os gemidos da nossa alma e coloca em nossos lábios, um cântico de vitória. Em síntese, trata-se da depressão com remédio, terapia - onde entra a participação indispensável de um especialista - e fé.

2 comentários:

  1. olá fiquei muito feliz em ver o meu trabalho mencionado aqui em seu blog. parábens pela abordagem dos assuntos aqui citados

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    1. Olá drª. Denise, é um prazer e um privilégio tê-la como referência e seguidora do meu blog. Aproveito para agradecer a sua contribuição com a disponibilidade de material tão enriquecedor ao conhecimento. Abraços.

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