sábado, 21 de maio de 2016

MARCO FELICIANO DETONA ARTISTAS QUE CRITICARAM O FIM DO MinC

O país de pernas para o ar, com um buraco gigantesco na economia, inflação com 2 dígitos, o número de desemprego alçando voos astronômicos, a moral e a confiança externas degringolando ladeira abaixo, um cenário político fétido e asqueroso, mergulhado em um mar de corrupção, e com uma perspectiva de melhora, recuperação e equilíbrio lá para 2021 (quem [sobre]viver até lá, verá), e uma das decisões do "novo(?)" governo federal que mais gerou discussão foi o fim do tal Ministério da Cultura (em que esse famigerado Ministério faz diferença na vida real do povo brasileiro?). 

Representantes de várias classes artísticas e culturais se manifestaram contrários à medida tomada pelo presidente interino Michel Temer, fundindo o MinC ao MEC, transformando-o em Ministério da Educação e Cultura. Foram protestos em todas as partes do Brasil, quando os tais artistas acusaram a decisão de Temer de retrocesso. Na verdade, essa gente começou a chiar quando lhe foram tiradas as tetas do dinheiro público da boca. 

Pois é, o polêmico pastor e deputado (ou seria deputado e pastor?) federal Marco Feliciano (PSC-SP) botou a boca não na teta, mas no trombone.

Em vídeo publicado em seu perfil no Facebook, ele fez duras criticas aos artista que manifestaram contra a decisão do governo de Michel Temer de extinguir o Ministério da Cultura. Feliciano manda os artistas "procurarem o que fazer".

Marco Feliciano durante sua fala que quer mandar um recado aos artistas e intelectuais que reclamaram e "ficaram tristes" com o fechamento do Ministério da Cultura e diz: "procurem o Ministério do Trabalho. Vá arrumar o que fazer. Parem de sugar nas tetas do governo e vamos fazer nosso país caminhar".

Como também fez um alerta sobre a postura dos ministros que foram indicados pela presidência, que segundo ele aparenta não terem coragem para encarar movimentos sociais. "É preciso colocar pessoas que tenham força", referindo-se aos que estão a frente dos ministérios. "Quem quer ver o país melhor não se curva. Caso contrário, o senhor e seus ministros ficarão reféns para sempre do PT e seus puxadinhos".

Sobre a falta de indicação de mulheres na gestão do governo de Temer até o dia da divulgação do vídeo (18/5), segundo Marco Feliciano é questionável e disserta sobre o tema dizendo: "O PT, com a sua ideologia dos gêneros desconstruiu a figura da mulher e do homem. É ensinado nas escolas que sexo não é definido pelo que as pessoas tem no meio das pernas. O gênero neutro pregado pelo partido e pelos pensadores transformou a gente nisso". E complementa: "Então, quem pode afirmar que não tem mulher no seu governo?"

Feliciano - que já foi acusado de racista - afirma que não é hora de pensar em cor e gênero na equipe ministerial, e sim pensar no país. Principalmente na fome e desemprego que afeta milhares de brasileiros no momento. Veja o vídeo de Marco Feliciano.


O vídeo foi celebrado pelos seguidores e admiradores do pastor/deputado (ou deputado/pastor, sei lá), mas...

Tudo como dantes no quartel de Abrantes


Então, mas de nada adiantou a vociferação de Feliciano. O ministro da Educação, Mendonça Filho, informou neste sábado (21) que o presidente em exercício Michel Temer decidiu recriar o Ministério da Cultura (Minc).

O novo ministro será Marcelo Calero, anunciado na última quarta (18) como secretário nacional de Cultura. Com a decisão, a Cultura deixa de ser uma secretaria e não ficará mais subordinada ao Ministério da Educação. Em nota à imprensa, Calero comentou a medida de Temer e afirmou que ela mostra o "protagonismo" do setor.

Mendonça Filho explicou, em sua conta no microblog Twitter, que a recriação do Ministério da Cultura será feita por meio de Medida Provisória e que a posse do novo ministro será na terça-feira (25). Ainda segundo o ministro, que disse ter conversado com Temer, o compromisso do governo com a cultura é "pleno".

"A decisão de recriar o MinC é um gesto do presidente Temer no sentido de serenar os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira. [...] Com Marcelo Calero vamos trabalhar em parceria para potencializar os projetos e ações entre os ministérios da Educação e da cultura", publicou o ministro na rede social.

À GloboNews, Mendonça disse ainda que a decisão de Temer foi um gesto de "conciliação" do presidente em exercício porque seu objetivo é promover a cultura e a educação.

O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de governo) indicou no Twitter ser contra a decisão, mas disse defender a posição do governo. "Fui vencido internamente. Como governo, defendo a decisão adotada", afirmou ele.

A decisão de fundir as pastas de Educação e Cultura foi tomada com base no princípio adotado por Michel Temer ao assumir de reduzir o número de ministérios. O corte da Cultura, contudo, foi alvo de críticas por parte da classe artística.

Os cães ladraram e pararam a caravana


Nesta sexta (20), por exemplo, músicos como Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Seu Jorge e Marcelo Jeneci participaram de um ato cultural no pilotis do Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio de Janeiro. O prédio, que já sediou o Ministério da Cultura e hoje abriga a Funarte, está ocupado em protesto contra a extinção da pasta.

Diante dos protestos de parte dos artistas e de servidores do Ministério da Cultura, Temer já havia anunciado que, mesmo como secretaria, a estrutura da pasta seria mantida. Nesta sexta-feira (20), edição extra do "Diário Oficial da União" publicou medida que dava status de "natureza especial" ao cargo de secretário da Cultura.

A decisão de recriar o MinC é um gesto do presidente Temer no sentido de serenar os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira"

Mendonça Filho, ministro da Educação


Agora, o presidente em exercício decidiu reverter a decisão e devolver à Cultura o status de ministério.

No último dia 12, ao assumir como presidente em exercício, Michel Temer editou uma medida provisória (726/2016) na qual determinou mudanças na composição do governo.

Entre essas mudanças, a pasta da Cultura foi incorporada pelo Ministério da Educação, que voltou a ser o Ministério da Educação e Cultura, nomenclatura que manteve até 1985, quando o então presidente José Sarney criou o Ministério da Cultura.

Antes de indicação de Calero, a intenção do presidente em exercício era nomear uma mulher - a cantora Daniela Mercury e a jornalista Marília Gabriela foram convidadas a assumir a pasta e não aceitaram - para a comandar a área e assim responder às críticas por um ministério exclusivamente de homens.

Em entrevista ao jornal "O Globo", artistas repercutiram, ao longo deste sábado, a decisão de Temer de recriar o Ministério da Cultura.

A atriz Fernanda Torres, por exemplo, avaliou que o presidente em exercício "deve ter se arrependido".

A empresária e produtora Paula Lavigne (que já foi ex e voltou a ser atual esposa de Caetano Veloso), por sua vez, disse estar "contente" e classificou Marcelo Calero como alguém que "chegou bem, procurando as pessoas e querendo conversar".

Além delas, Eduardo Barata, presidente da Associação de Produtores de Teatro (APTr), afirmou estar "muito feliz" com a "conquista" da classe artística.

"Achei um erro tirar e achei de bom senso voltar. Se volta atrás tudo bem. A gente tem que ter esse entendimento: tirou, errou, consertou", disse o cantor Ney Matogrosso.

"Não podia nem ter havido a possibilidade e não existir Ministério da Cultura. Somos um país continental com uma diversidade muito grande de cultura que comporta um ministério, e não uma secretaria. Vamos parar com esse vacilo, é Ministério da Cultura. Graças a Deus que eles pensaram bem agora", disse a cantora Alcione.

Repercussão política


Líder do governo Dilma na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) afirmou ao G1 que a gestão Temer tem um "problema" porque "diz uma coisa de manhã, volta atrás à tarde e recua de novo à noite".

"É um governo que não mantém posições, quer dizer, age conforme a pressão. E agora, naturalmente, vão começar as pressões pelos ministérios das mulheres e do MDA [Desenvolvimento Agrário]. Um governo não pode ficar assim. Quando decidir alguma coisa, decide. Isso mostra que o governo interino tem dificuldades políticas de governar", declarou Guimarães.

Por outro lado, o líder do governo Temer, André Moura (PSC-SE), disse ao G1 que a decisão do presidente em exercício é um "sinal positivo" para a classe artística, pois atende aos pedidos do setor e mostra a "sensibilidade" de Temer ao ouvir a sociedade.

"Acho que o presidente avaliou todas as recentes manifestações, os pleitos e as solicitações em torno do Ministério da Cultura. É uma decisão importante, acho que mostra a importância que o presidente dá à cultura e demonstra a maior característica dele que é de discutir sempre, debater e ser aberto ao diálogo. [...] Mostra ainda a sensibilidade do presidente, que soube ouvir o setor e tomar esta decisão", disse.

Quem é Marcelo Calero?


O novo ministro da Cultura, o carioca Marcelo Calero, 33 anos, é diplomata, estudou no Colégio Santo Inácio e se formou em direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Tem passagens pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Petrobras. Em 2007, passou a atuar como diplomata e chegou a trabalhar na embaixada do Brasil no México.

Calero trabalhou na assessoria internacional da Prefeitura do Rio e chegou a acumular a Secretaria Municipal de Cultura e a presidência do Comitê Rio450, órgão criado para organizar a celebração do aniversário da cidade.

[Fonte: Globo News]

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