Deus está no trono. Ele é o soberano de toda a Terra. Essa é a grande verdade que norteia a história do mundo. Ele nunca perdeu sua majestade e nunca perderá! A Ele honra, glória e louvor para todo o sempre!
Quando olhamos para o mundo pós moderno, percebemos uma clara tentativa de retirar Deus do centro da história e de em seu lugar colocar o homem. Primeiramente o Renascimento, depois o Iluminismo tratariam de dar esses primeiros passos. O teocentrismo perderia força e o antropocentrismo ascenderia. Tempos depois, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche afirmaria: "Deus está morto". Como um inseto tentando tirar um rei de seu trono, assim tem sido o homem na tentativa de destronar o Criador.
Sem dúvidas, este "mundo secular" tem se tornado a cada dia mais antropocêntrico. Na tentativa de apagar o "fantasma" da justa ira de Deus sobre a humanidade caída, o homem tem fechado os olhos para o Senhor e tem focado a cada dia em si mesmo. Mas será apenas o "mundo secular" que tem se tornado dia após dia mais antropocêntrico? O que diríamos da igreja evangélica? Analisemos rapidamente uma porção do que tem composto o corpo da igreja evangélica brasileira: a área dos cânticos.
Louvor antropocêntrico
Atualmente existe uma ideia bastante equivocada do que seja o louvor. Para muitos, louvor seria um momento bem delimitado no culto em que os músicos entoam cânticos. A grande verdade, é que todos os momentos do culto (e não penas do culto, mas da nossa vida) devem compor uma atitude de adoração e de louvor. Todavia, foquemos nos cânticos.
Seja em suas várias expressões vetero testamentárias (barak, yadah, balal, etc), seja em suas muitas outras expressões neo testamentárias com seus hinos e suas doxologias, nós percebemos que o foco primordial é Deus. Em outros tempos eu estaria sendo redundante em afirmar que o foco do louvor, dos cânticos, da adoração deve ser Deus, mas não em nosso tempo.
O antropocentrismo que contaminou todo o "mundo secular" está tão presente na igreja evangélica, quanto o é presente em ambientes ditos ímpios, e uma das formas mais claras de percebermos isto é observando o que tem sido cantado em nossas igrejas.
É muitíssimo comum vermos sendo entoadas, em nossos cultos, músicas que afirmam: "Restitui, eu quero de volta o que é meu [...]", ou ainda: "Onde eu colocar as minhas mãos prosperará [...]". É habitual ouvir-se: "Onde era tristeza se verá, a dupla honra me ornar [...]; É chegada a minha hora, Meu silêncio já acabou; Ouça o som da minha grande festa; Eu vou Viver uma virada em minha vida, eu creio [...]", e tão normal cantar-se: "Saia desse sofrimento, Deus não te fez pra sofrer tanto assim [...]". Tornou-se tão natural afirmar: "Agora é só vitória, só vitória; A prova acabou; A luta foi embora; Agora é só vitória [...]", que chegamos ao absurdo de cantarmos: "Quem te viu passar na prova, E não te ajudou, Quando ver você na benção; Vão se arrepender; Vai estar entre a plateia; E você no palco [...]".
A pergunta que fica é: onde cânticos como este louvam a Deus? A palavra de ordem de tais músicas não é outra se não "eu". Não há dúvidas que se queremos chamar tais músicas de louvores, estes louvores não se direcionam a outro se não ao homem, não louvam a Deus. Tais músicas percorrem o caminho oposto do que afirmou Paul E. Billheimer: "O louvor... descentraliza o eu".
A marca dos "levitas" (Levitas???) atuais não é outra se não o antropocentrismo e não apenas isto, mas também um grande desconhecimento e desapego teológico. É por tais questões que temos visto tantos absurdos sendo cantados em nossas igrejas.
Os que se tornam famosos, os grandes "ministros de louvor", não passam de mercenários da fé. Cobram cachês milionários, cinco, dez, quinze mil reais por show, para cantar suas músicas sem conteúdo, verdadeiros "mantras gospéis", mas que trazem em seus eventos multidões enlouquecidas. E o que se vê nesses arrastões são indivíduos em transe, num frenesi ensandecido ao som de trilhas sonoras bizarras chamadas de louvor e adoração. São os bezerros de ouro do século 21 erigidos nos ajuntamentos feitos em nome de Deus.
Conclusão
Sem dúvida, é tempo de voltarmos às Escrituras e entoarmos cânticos que se baseiem nela: "Os teus decretos são o tema da minha canção" - Salmo 119:54a – NVI). Como faz falta ouvirmos hinos que afirmam: "Castelo forte é nosso Deus; Espada e bom escudo", que engrandecem a onipotência divina e nos lembram de que somos fracos e necessitados; como faz falta ouvirmos: "Santo! Santo! Santo! Deus onipotente!", que nos trazem uma profundidade teológica tão grandiosa e nos apresentam um conhecimento tão profundo de tantos atributos divinos; como faz falta ouvirmos: "Sim, eu sempre amarei essa cruz", que nos lembram da obra expiatória de Cristo realizada em nosso favor!
É tempo de voltarmos à pureza e simplicidade do Evangelho, voltarmos aos cânticos alicerçados na Bíblia Sagrada. É tempo de nossos "ministros de louvor" serem não apenas bons músicos, mas também profundos conhecedores das Escrituras. É tempo de abandonarmos o antropocentrismo de nossos cânticos e adorarmos Àquele que é o único digno de louvor e de adoração: "Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém" - Romanos 11:36 – NVI.
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