domingo, 14 de fevereiro de 2016

A APARÊNCIA NÃO É TUDO! SERÁ?

"Narciso" (1590), pintura de CaravaggioGalleria Nazionale d'Arte Antica, Roma.

Narcisismo é o amor de um indivíduo por si próprio ou por sua própria imagem. O termo "narcisismo" foi introduzido na psiquiatria, no final do século XIX - e viria a ser adotado no campo da psicanálise - por Havelock Ellis (1898), para descrever uma forma de sexualidade baseada no próprio corpo do indivíduo. O termo "narcisismo" vem do mito grego de Narciso, um bonito jovem e indiferente ao amor que ao se ver refletido na água apaixonou-se pela própria imagem refletida (imagem acima).

O conceito de egoísmo excessivo tem sido reconhecido ao longo da história. Na Grécia antiga, o conceito foi entendido como arrogância. É só nos últimos tempos que foi definido em termos psicológicos. O narcisismo é atualmente um conceito na teoria psicanalítica, introduzido por Sigmund Freud em seu livro Sobre o narcisismo. A Associação Americana de Psiquiatria o classifica como Transtorno de personalidade narcisista, em seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Freud acreditava que o narcisismo existe quando a libido está direcionada para si próprio. 

Muitos cristãos acreditam que a aparência não é importante, associando-a à questões de vaidade. Muitas vezes dizemos "não julgueis os outros pela sua aparência", mas quando vemos, por exemplo, alguém que não se enquadra ao que consideramos ser o padrão de um cristão (como por exemplo, homens usando brincos, pessoas tatuadas...), não poupamos os julgamentos.

É óbvio que há um padrão bíblico para o comportamento cristão em meio a sociedade em que está inserido. Esse padrão, entretanto, sempre deve ser manifestado de dentro pra fora e NUNCA de fora pra dentro. Como judeu, Jesus não se diferenciava em absolutamente nada dos demais homens de sua época, tanto, que para ser reconhecido por seus algozes, foi necessário o beijo de Judas.

É fundamental que nos lembremos de que Deus vê mais além das aparências, ou seja, mais além do que os espelhos e olhos podem mostrar. A Bíblia diz em 1 Samuel 16:7 "Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração." Este, aliás, é o texto usado pela maioria quando o assunto é aparência (muito embora, retirado de seu contexto, ele se torna frágil como base para determinadas colocações).

O nosso testemunho está associado com a nossa aparência. A Bíblia diz em 1 Timóteo 2:9-10 "Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos [ou seja, caros], mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras." 1 Pedro 3:3-4 "O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos [novamente as tranças], o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranqüilo, que és, para que permaneçam as coisas" (Os grifos e adendos entre [ ] são meus).

Ou seja, se for para descontextualizar essas duas passagens (que aliás são o mote dos legalistas), tem muita igreja por aí, que apesar do aparente rigor nas questões de usos e costumes, grande parte (quiçá) a maioria das irmãzinhas "estão em pecado"!

A aparência, segundo a Bíblia


"Abstende-vos de toda aparência do mal." - 1 Tessalonicenses 5:22 

Sempre o ser humano deu importância a aparência, isto não é de hoje, veja o exemplo de Eva, ela foi atraída pela aparência (boa de comer, agradável aos olhos e desejável) Gênesis 3:6. Simplesmente hoje existem mais condições propensas para o exibicionismo, como: internet, fotos, cartazes, televisão, tudo isso de forma mais acessível e barata, além dos centros sociais, clubes e igrejas abrirem muito mais possibilidades de evidencia para as pessoas. 

No meio disso existe um paradoxo no qual a aparência e ressaltada grandemente. Por um lado alguns pregam as tais "vestes santas" usando roupas longas e não utilização de adornos e jóias, e do outro lado prega-se que a aparência não é importante, porém adotam uma atitude na qual a aparência se sobressai ainda mais, com utilização de roupas sensuais e extravagantes, jóias e adornos. Como se vê neste paradoxo todos dizem que o importante é o interior, porém mostram o contrário. Vejamos o que a Bíblia diz. 

O homem não vê com vê Deus 


"...Porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração - 1 Samuel 16:7b" 

É um fato bem claro que o homem julga pela aparência, veja o exemplo do profeta Samuel acima (nos mantendo dentro do contexto). Contudo, incentivamos sempre a não se fazer um julgamento pelo exterior, porém isso é praticamente impossível, a não ser, é claro, que Deus revele, como no caso de Samuel ou de Cristo que conhecia o coração dos homens; do contrario os nossos julgamentos são externos, pela aparência e no mais pela convivência.

Costumamos dizer que o que vale é a beleza interior, mas na prática fazemos o contrário! Aliás, isto fica claro quando a questão são as escolhas sentimentais. Contamos e avaliamos o que está por fora. Ou seja, os bonitos - pouco ou absolutamente nada importando os predicados espirituais - levam vantagens nos julgamentos humanos. 

O mundo em que vivemos 


Talvez você já deve ter ouvido falar de alguma seleção em que a pessoa foi dispensada pela aparência sem ter tido a chance de mostrar o seu interior ou suas habilidades (já passei por isso em uma seleção de emprego). Veja que Davi quase foi excluído pela sua aparência externamente fora dos padrões considerados ideais aos seus avaliadores - inclusive o profeta, de quem se poderia esperar a análise espiritual que a situação necessitava (1 Samuel 13:12): ele era ruivo de aspecto gentil (fraco). 

No mundo em que vivemos - principalmente hoje, com o advento das mídias sociais -, normalmente se conhece a imagem de alguém, e depois, quando acontece, a sua personalidade, e se não fosse Deus Davi não teria chance alguma, haja visto que seus irmãos eram mais bem apresentáveis: eram mais bonitos e mais fortes. Sendo assim, humanamente falando, a beleza exterior, pode ser classificada, a grosso modo, como a porta para a beleza interior. Se a porta é bonita a maioria se anima a entrar na casa, se não é, nem todos se animarão. E no mundo comercial, profissional e de certa forma, impessoal que nós vivemos, a porta está tendo um valor muito alto. 

Classificação da beleza 

A beleza pode ser classificada de duas formas 


A interior, ligada a coisas intangíveis, como a inteligência, simpatia, espiritualidade e comportamento no geral. A exterior, ligada a corpo, rosto, roupas, etc. 

Existe um velho ditado que prega o seguinte: "Quem tem dois tem um, quem tem um não tem nenhum." Esse ditado é bem aplicável a esse tema. Se uma pessoa só dispõe de beleza interior ela tem que vencer na vida se valendo única e exclusivamente dela, se a pessoa só dispõe de beleza exterior, ela terá que vencer na vida se valendo apenas dessa. Se a pessoa possui as duas, ela possui mais recursos, mais versatilidade, e com isso, mais chances de prosperar. Isso não significa que quem só dispõe de uma beleza não irá prosperar, mas, quem tem as duas terá mais facilidades. 

É claro que nesse momento estamos simplificando um conceito subjetivo em algo bipolar, tem ou não tem, mas, na verdade, a beleza esta nos olhos de quem vê, e variam de intensidade. Todavia, alguém que tenha 170cm de altura e 60Kg, tem uma chance maior de ser considerado bonito, do que alguém que tenha 170cm e 100Kg. Assim como alguém que fale corretamente e sem vícios de linguagem tenderá a ser considerado mais bonito do que alguém que a toda hora fala gírias.

Enfim, conta o que está por fora, porque quase sempre o que as pessoas conhecem de em um primeiro momento é o exterior, e por vezes, se o exterior não agrada o suficiente, não é dada a chance de se conhecer o interior. Com isso, devemos estar bem externa e internamente. Eis aí mais um desafio dele, o indispensável EQUILÍBRIO. 

Beleza como ajudante 


Quando se trata de beneficio da beleza não podemos deixar de citar o caso de Ester, que se tornou rainha do império dominante da época, pela vontade de Deus, porém cooperando a sua beleza. Veja o que está escrito: "E a moça pareceu formosa aos seus olhos, e alcançou graça perante ele; pelo que ele se apressou em dar-lhe os cosméticos e os devidos alimentos, como também sete donzelas escolhidas do palácio do rei; e a fez passar com as suas donzelas ao melhor lugar na casa das mulheres - Ester 2:9. Ester passou pelo que hoje poderíamos chamar de um "spa de luxo" (Aqueles tipo os que estampam as páginas de uma conhecida publicação brasileira - que tem como título o sinônimo de "rostos" - voltada às celebridades e aos endinheirados). 

Ester alcançava a graça de todos que a viam, ela com certeza era uma jovem muito bonita e simpática. E Deus usou estes atributos para colaborarem com a salvação do povo de Israel. 

A beleza está nos olhos 


O que a nós parece bonito em outro tempo pode até se repulsivo, veja o exemplo de Jacó, ele se enamorou por Raquel, mas, veja as característica das duas irmãs Raquel e Léia: Léia tinha os olhos enfermos (era vesga, caolha), enquanto que Raquel era formosa de porte e de semblante. Gênesis 29:17 

Raquel era forte (para os conceitos de hoje "gordinha", com muito peito e nádegas) e Léia era magra. Apesar de dizermos que o amor é cego, não parece que foi este o caso de Jacó. 

Notadamente perceba que se você gosta de arte, e examinar os quadros antigos, com pinturas de mulheres, perceba que elas são sempre bem robustas, veja a exemplo das pinturas de Eva, isso era simplesmente os conceitos de beleza feminina antiga, na qual a mulher bonita tinha de ser forte. 

A Bíblia não condena a beleza mas ressalta que ela é passageira 


Analisando o texto, agora observando-o dentro de seu contexto: "O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranquilo, que és [num sentido de essência], para que permaneçam as coisas [internas]. Porque assim se adornavam antigamente também as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam submissas a seus maridos - 1 Pedro 3:3-8 (Os grifos e o adendo entre [ ] são meus)"

Nestes versículos acima notem que Pedro ressalta a importância do interior da pessoa, pois o interior é mais importante, ou seja, a nossa aparência é importante, porém Deus não leva isso em conta, pois Ele vê o interior. Existem comparações na Bíblia com relação a ser bonito exteriormente e por dento feio e vazio, comparações como o de sepulcros caiados (Mateus 23:27) e até como diz em Provérbios 11:22 - "Como joia de ouro em focinho de porca, assim é a mulher formosa que se aparta da discrição." 

Conclusão 


Em um mundo competitivo, desigual e superficial como o de hoje cabe a nós termos a simplicidade das pombas e a prudência das serpentes (Mateus 10:16). Precisamos cuidar da nossa aparência exterior, sermos atrativos e adequados ao testemunho de Cristo ao mesmo tempo não negligenciando a importância de nossa aparência exterior com base no que remete à ordem e decência. 

Precisamos seguir o exemplo de Ester que demonstrou beleza, porém a sua marca para historia do povo de Deus foi de submissão, oração e santidade. Não podemos nos deixar levar pelo mundo, pelos seus atrativos, e sim olhar para Cristo, para que quando Cristo olhar para nós Ele vendo o nosso interior, possa ver a verdadeira beleza, que é uma vida santa perante Ele. 

"Pois o sol se levanta em seu ardor e faz secar a erva; a sua flor cai e a beleza do seu aspecto perece; assim murchará também o rico em seus caminhos" - Tiago 1:11.

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