quinta-feira, 29 de outubro de 2015

SIMONE BEAUVOIR ALÉM DO ENEM 2015

A citação de um livro da escritora francesa Simone de Beauvoir em uma das questões da prova do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), aplicada no último final de semana (dias 24 e 25) ainda está dando o que falar. As reações de indignação e repúdio por parte dos evangélicos foi imediata. Os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marcos Feliciano (PSC-SP) usaram as redes sociais neste fim de semana para acusar o Exame Nacional do Ensino Médio de doutrinação (reprodução abaixo). As manifestações dos internautas vieram de ambos os lados com opiniões favoráveis e contrárias ao posicionamento dos polêmicos parlamentares. 

Reprodução Twitter

O motivo da reclamação foi uma questão da prova de ciências humanas, que abordou a célebre frase "Não se nasce mulher, torna-se mulher", da escritora e filósofa francesa Simone de Beauvoir. A questão abordava o tema das lutas feministas no início do século XX. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, rebateu os deputados em entrevista coletiva na noite deste domingo (25). Segundo o ministro, a escritora e filósofa teve "grande contribuição" sobre a condição da mulher na sociedade. Ele lembrou que, no passado, as mulheres não podiam votar e eram consideradas incapazes, sem direitos. "Esse é o contexto do debate. Pessoas podem divergir. Na educação, tem de estar aberto a discutir, a aceitar", declarou.

Reprodução Facebook
Mercadante acrescentou que não teve acesso às questões antes da prova, por conta do sigilo imposto (...). São pesquisadores, professores universitários de competências reconhecidas nas suas áreas." Mas, afinal, quem é Simone de Beauvoir e porque um pequeno trecho de sua obra gerou tanta polêmica e indignação aos círculos cristãos? 

Simone de Beauvoir


Simone de Beauvoir (1908-1986), registrada como Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, foi uma escritora, filósofa existencialista e feminista francesa. Teve relacionamento amoroso duradouro com o filósofo Jean-Paul Sartre. Sua obra mais conhecida é o livro “O Segundo Sexo”. É considerada uma das maiores representantes do pensamento existencialista francês. Ela nasceu em Paris, França, no dia 9 de janeiro de 1908. Filha de um advogado recebeu educação católica (mas assumiu-se ateia ainda na adolescência, mas escondeu a descrença da família) e já tinha planos na adolescência de ser uma escritora. Quando jovem, fez exames para o bacharelado em Matemática e Filosofia. Estudou Letras e Filosofia na Universidade de Sorbonne, onde conheceu intelectuais proeminentes como Merleau-Ponty.

A obra

Simone de Beauvoir foi uma das escritoras mais influentes do ocidente. Suas ideias tratavam de questões ligadas à independência feminina e o papel da mulher na sociedade. Sua obra refletia também a luta feminina e as mudanças de papéis estabelecidos, assim como a participação nos movimentos sociais. O livro que melhor condensa suas experiências é “O Segundo Sexo” (1949) - de onde foi tirado o trecho utilizado na prova do Enem. 

Apesar de Simone não ser feminista à época, o livro se tornou o mais importante trabalho de reflexão filosófica e sociológica sobre a mulher e ajudou a traçar os caminhos do feminismo a partir de então.  O livro é uma análise sobre a hierarquia dos sexos e a opressão da mulher em termos biológicos, históricos, sociais e políticos, segundo a ótica da escritora.

Para a sociedade da década de 1950, o livro foi um escândalo. As reações contra a obra foram violentas. Direita e esquerda passaram a ter algo em comum: reprovavam veementemente as ideias de Simone de Beauvoir, sobretudo aquelas expostas no capítulo sobre a maternidade, em que ela falava sobre o direito ao aborto. A Igreja Católica incluiu o livro no Index, a lista de obras proibidas. Com a repercussão do livro, a permanência de Simone em Paris se tornou insustentável e ela partiu em viagem com Algren pela Europa e norte da África. 

Flerte com o nazismo

Entre 1943 e 1944, quando a França estava sob ocupação nazista, Simone de Beauvoir trabalhou como diretora de sonografia para a Rádio Vichy.1 Radio Vichy era a estação de rádio estatal na assim chamada zone libre (zona livre) da França, após a capitulação da República Francesa diante da Alemanha nazista em 1940. Dizemos “assim chamada” porque o regime de Vichy, embora teoricamente neutro do ponto de vista militar, era de fato um colaborador ativo do regime nazista e hoje é fato reconhecido por todos os lados envolvidos que a Rádio Vichy era porta-voz de fato da propaganda nazista nas ondas de rádio francesas.

Defensores de Beauvoir podem dizer que ela foi obrigada pelas circunstâncias a trabalhar lá, assim como muitos indivíduos agora alegam ter sido forçados a colaborar com a “Securitate” durante o regime comunista. Mas os manuscritos de Beauvoir durante o período, revelados posteriormente, contam uma história diferente.

Mesmo autores feministas, como a Dra. Ingrid Galster, que dedicou anos de sua vida a estudar Simone de Beauvoir, têm que admitir, mesmo a contragosto, que a atitude manifesta por Beauvoir como diretora de sonografia na máquina de propaganda nazista era, no mínimo, de colaboracionismo sutil e a forma pela qual ela chegou àquele trabalho não foi via coerção – mas sim por uma escolha perfeitamente consciente. Beauvoir já era membro do sindicato de funcionários públicos e poderia ter optado por trabalhar numa prefeitura, por exemplo. 

Mas ela tinha que escolher trabalhar em algo que não fosse ensinar, pois sua carreira como professora estava encerrada – apesar de já ter as qualificações e o prestígio necessário para ensinar, dado que ela tinha tido o segundo melhor desempenho como estudante de doutorado em sua geração, ficando apenas atrás de seu amante de toda a vida, Jean-Paul Sartre.

Jean-Paul Sartre e pedofilia

A razão pela qual ela não podia mais lecionar está relacionada exatamente à pedofilia e a Sartre. Em 1943, Simone de Beauvoir foi demitida por comportamento que levara a corrupção de menor.

Novamente, os apologistas de Beauvoir poderão apressar-se em dizer que o momento em 1943 foi um incidente singular ou, como já me disseram, um incidente simplesmente inventado pelos nazistas que não podiam suportá-la após entenderam que ela uma mulher marxista independente e empoderada. Mas isso está longe da verdade.

O interesse sexual de Beauvoir por crianças é um tema recorrente em toda sua vida. Ela estava entre os primeiros filósofos que tentaram unificar o gênero literário que se iniciou nos anos 1930 (e durou até os anos 1980 na Europa Ocidental) chamado pedofilia pedagógica feminina. Ela tentou essa unificação com seu ensaio “Brigitte Bardot e a Síndrome de Lolita”, publicada pela primeira vez na revista Esquire em 1959 e republicada várias vezes até meados dos anos 1970. Nesse ensaio, Beauvoir glorifica Brigitte Bardot por seu aspecto físico infantil, que retém a perfeita inocência inerente no mito da infância e então a apresenta como uma Houdini para meninas, que as liberaria e empoderaria para além das correntes que as subjugavam.

O ensaio de 1959 foi só o começo. Em 1977, Beauvoir, juntamente com a maior parte intelligentsia marxista francesa, assinou uma petição exigindo nada mais, nada menos que a legalização da pedofilia e a libertação imediata de três indivíduos condenados a cumprir longas sentenças de prisão por explorar sexualmente vários meninos e meninas com idades entre 11 e 14 anos. A petição assinada por Beauvoir e Sartre, entre outros, foi publicada no Le Monde e dizia, entre outras coisas [ipsis litteris]:

"Um tempo tão longo de prisão para investigar um simples caso “vicioso” em que as crianças não foram vítimas de qualquer violência, mas ao contrário, testemunharam perante os magistrados que consentiram – embora a lei atualmente negue-lhes o direito de consentir – um tempo tão longo na prisão nós consideramos escandaloso em si. Hoje eles estão em risco de ser sentenciados a uma longa pena de prisão, por terem tido relações sexuais com menores, tanto meninos quanto meninas, ou por terem encorajado e tirado fotografias de suas brincadeiras sexuais. Nós acreditamos que há uma incongruência entre a designação como 'crime', que serve para legitimar tal severidade, e os fatos próprios; mais ainda entre a lei antiquada e a realidade cotidiana em uma sociedade que tende a conhecer sobre a sexualidade de crianças e adolescentes […]."

Assim, na opinião de Beauvoir, crianças de 11 anos na França do final dos anos 1970 tendiam a ser seres sexuais. Desde que a puberdade não acontecia e até hoje ainda não ocorre naquela idade para a grande maioria das crianças, é condizente nomear a defesa feita por Beauvoir como nada além de uma advocacia da pedofilia, a despeito da definição escolhida para a palavra.

A petição de 1977 deflagrou toda uma discussão em nível da sociedade na França sobre as leis relativas à idade do consentimento, uma discussão em que os abolicionistas (entre os quais Beauvoir e seu amante) se uniram no Front de libération des Pédophiles (FLIP – a Frente de Liberação dos Pedófilos) e as intenções dos membros da FLIP eram explicadas claramente por eles próprios na discussão transmitida em abril de 1978 pela Radio France Culture.10 A FLIP seria lembrada como uma pioneira no movimento dos pedófilos franceses, embora a organização em si não tenha durado muito devido a suas discordâncias internas.

Além de Beauvoir e Sartre, houve outras pessoas envolvidas na advocacia da pedofilia naquele período, inclusive pessoas que então acabaram por liderar os destinos da França – a exemplo de Bernard Kouchner e Jack Lang, respectivamente o Ministro da Saúde e o Ministro da Educação (!) no início dos anos 2000, no primeiro mandato de Jacques Chirac.

Tudo isso torna Beauvoir não apenas uma apologia da pedofilia, mas uma apoiadora atuante. Porém, o que faz dela uma abusadora é sua atividade de recrutar alunas, abusando-as e passando-as para Jean-Paul Sartre, às vezes separadamente, às vezes em ménage à trois integrado. O Telegraph escreve, numa crítica do livro de Carole Seymour-Jones, Simone de Beauvoir? Meet Jean-Paul Sartre (“Simone de Beauvoir? Conheça Jean-Paul Sartre”), um livro dedicado a analisar o relacionamento de Beauvoir com Sartre, o seguinte:

"Por longos períodos, o casal se tornou um 'trio', embora os arranjos raramente funcionassem bem para a terceira parte envolvida: ao menos duas das ex-alunas de Beauvoir se viram a tornar-se primeiro suas amantes, então de Sartre, apenas para o casal fechar-lhes as portas, quando a diversão perdia a graça. […]"

Para Seymour-Jones, os casos de Beauvoir com suas estudantes não eram lésbicos, mas pedófilos em origem: ela as estava “preparando” para Sartre, na forma de “abuso infantil”.

Para Beauvoir (assim como para Sartre), a idade não importava, contanto que as parceiras fossem mais jovens do que ela e Sartre.14 A possibilidade de que as outras pudessem se ferir ou ser exploradas não passava nem remotamente pelo radar da eminente feminista, que pensava que “preparar” garotas para Sartre lhes tirar a virgindade (palavras de Sartre, não minhas) era em si e por si um ato de empoderamento sexual para aquelas meninas.

Mas se as escapadas com sabor de nazismo e pedofilia não convencem você do caráter questionável de Beauvoir, vamos dar uma olhada em seus escritos feministas, que estão tão repletos de misoginia que é difícil encontrar equivalente em outros setores da sociedade. Este aspecto por si não é surpreendente, visto que feminismo é em si uma ideologia misógina. 

Com a morte de seu companheiro, em 15 de abril de 1980, Simone vê sua saúde se complicar, com o uso abusivo do álcool e das anfetaminas. Ela falece no dia 14 de abril de 1986, aos 78 anos de idade. Cinco dias depois ela é enterrada no cemitério de Montparnasse, junto ao seu amado Sartre.

Conclusão


Podemos observar que de maneira bem sútil estão tentando enfiar "goela abaixo" da sociedade a tal ideologia de gênero, que, não sei se observou a brilhante equipe formuladora do teste, essa questão é frontalmente contraditória ao tema da redação era justamente “a violência contra a mulher”.

É sabido por todos sabem o quanto o Congresso Nacional batalhou muito para não passar o Plano Nacional de Educação (que previa a implantação da ideologia de gênero no currículo escolar). Após isso, os governos estaduais também trabalharam para não passar. Não passou nas Câmaras Municipais  e mesmo assim, o governo colocou a questão no ENEM, para que as escolas do nosso país viessem a tratar essa questão nos seus currículos. Ou seja, foi o que podemos chamar de um "golpe baixo".


Em que país nós estamos? O que é que nós queremos para as próximas gerações, para os nossos filhos, netos...? Os valores estão invertidos. O que era certo passou a ser errado. O que era errado passou a ser certo. E assim caminha a humanidade, ou, pelo menos, assim caminha o Brasil.

[Fonte: InfoEscola, A voice for mem]

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