sábado, 24 de outubro de 2015

'BOMBA'! DANIEL NUNCA FEZ JEJUM

Acertou quem disse que esses olhos são do ator Rowan Atkinson, o eterno Mr. Bean

“Consertamos qualquer coisa, mas bata na porta pois a campainha esta quebrada” aviso escrito à mão e pregado na porta de alguma lojinha de consertos gerais dessas tantas que tem por aí, assim como o conhecido adágio popular "casa de ferreiro, espeto de pau" são “metáforas vivas” daquilo que a teologia tem se tornado na igreja. 

“Nunca exponha o que há de errado nas igrejas”, é o bem intencionado, porém anti-bíblico, conselho de alguns pastores. Seguissem os escribas o conselho deses pastores não saberíamos hoje das mentiras de Abraão, das covardias de Pedro e do adultério e assassinato cometidos por Davi, para nominar somente alguns. 

Não teríamos hoje os livros dos profetas que tinham como alvo maior o templo, os sacerdotes, e os reis, antes mesmos que os inimigos do Reino de Israel. Quem é honesto intelectualmente sabe que a Bíblia é um registro e exposição dos escândalos do “Povo de Deus”. Resistir em denunciar os escândalos é resistir ao próprio Espírito Santo que inspirou a Bíblia e que não escondeu nenhum dos desvios morais e espirituais do povo. Se os fariseus e saduceus pecaram contra Jesus por super zelosos, por nossa vez pecamos contra Ele por relaxados e coniventes com o pecado. 

Na atualidade, um bom teólogo se dedica mais em tentar desfazer doutrinas que em firmá-las, dado o grande número de indoutrinação e introdução de ensinos e liturgias estranhas que rapidamente caem no gosto popular. Um desses modismos que se tornou uma doutrina é o assim chamado “Jejum de Daniel” que de jejum não tem absolutamente nada. O jejum ensinado na igreja é uma infantil “greve de fome” contra Deus, onde o praticante permanece sem comer, como aquela criança mimada que “engole o fôlego” diante dos pais para ter sua vontade atendida. 

É comum que na igreja se ensine ao povo a jejuar por bênçãos, pedidos, projetos de vida. O argumento de quem defende um jejum como instrumento para alcançar benefícios está equivocado, pois o jejum é bíblico, mas não é uma doutrina bíblica, não é um mandamento, embora possa ser uma manifestação da doutrina de arrependimento ou uma expressão para com Deus sobre o um estado de alma contrito. 

O jejum, portanto, é uma oração de corpo e alma, uma intercessão elevada ao mais alto grau de comprometimento (NUNCA uma espécie de 'moeda de troca'), como Davi em tristeza e arrependimento intercedendo pela vida de seu filho, fruto do seu adultério com Bateseba. Leia um segunda vez somente as palavras em 2 Samuel 12:16-23. Nesta passagem, o que causou a admiração dos conselheiros de Davi foi deste não haver jejuado em luto pela criança como era o costume.

A DIETA de Daniel não era um jejum, mas a observação da Lei de Moisés. E só! 


Daniel não estava triste, arrependido, desesperado ou em luto (motivos culturais e cultuais pelo qual era comum o jejum em Israel na sua época), quando decidiu não comer da comida do rei da Babilônia. Os manjares que Daniel e seus companheiros rejeitaram comer são os mesmos que eu e você comemos todos os dias. São os alimentos, receitas, que levavam carne e não eram preparados segundo recomendava a lei de Moisés, portanto não eram espiritualmente lícitos. É um erro acreditar que eles comeram somente verduras. 

A palavra traduzida como legumes ou verduras em nossas versões da Bíblia na verdade significa "aquilo que provém de uma semente". "Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos deem legumes a comer e água a beber" (Daniel 1:12). A palavra aqui traduzida por legumes é זרען זרע - zêrôa‛ - da raiz זרע zaw-rah' que significa tudo aquilo que é originado de uma semente, ou seja frutas, verduras, cereais, inclusive o trigo. 

O jejum de Daniel nada mais era que uma dieta kosher ['kɔʃɛr / iídiche: no âmbito alimentar, sancionado pela lei judaica, que se comporta de acordo com a lei judaica], vegetariana, e que poderia ter incluído ovos, leite, frutas e vegetais. O importante para Daniel era ter o controle de sua dieta para comer segundo os padrões da lei, evitando as bebidas e receitas com carne. O talmud dos judeus determinava a forma que um animal deveria ser morto e limpo e a maneira que o vinho e a cevada deveriam ser fermentados. 

Ao receber autorização para limitar sua alimentação a apenas "tudo aquilo que produz semente" e água, Daniel estava comendo conforme a lei e dessa forma evitou ferir sua consciência pessoal de fé. Se Daniel exigisse que os manjares fossem preparados conforme a lei, seria denunciado em sua fidelidade a Deus e causaria prematuramente um conflito com os outros "cativos" também de outras nações que concorriam com Daniel e seus companheiros por uma posição permanente na corte do Rei. Observe que anos mais tarde Daniel foi denunciado por seus colegas na corte em Daniel 6:4-16 por fazer orações a Deus e foi lançado na cova dos leões. 

Qual o verdadeiro Jejum de Daniel? 


Daniel jejuou conforme seu costume e sua cultura, “se humilhando” diante de Deus por uma interpretação de uma visão que teve. Daniel 10:2-3: "Naqueles dias eu, Daniel, estava pranteando por três semanas inteiras. Nenhuma coisa desejável comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas completas."  Ou seja, absolutamente nada a ver com os tais "21 dias do jejum de Daniel", doutrina comum em muitas igrejas brasileiras. 

Porque ensinos de campanhas, como o 'Jejum de Daniel', se tornam doutrinas? 

A mão de obra que tornou possível o movimento chamado neo-pentecostal na igreja brasileira cresceu rapidamente pela falta de critério na formação de seus obreiros que formaram sua teologia a partir da repetição da liturgia observada nos cultos e não pelo estudo bíblico formal ou informal. Esses obreiros formados "a toque de caixa" criaram uma teologia inferior, baseada não na Bíblia, mas no interesse das pessoas as quais eles desejavam alcançar. O que as pessoas desejam possuir mais do que "coisas"? 

Se você disse, "amor", errou, a resposta na verdade é: STATUS. “Seja o seu neófito” se tornou a regra teológica do movimento. Ser seu próprio cliente é absolutamente a melhor maneira de entender a mente de quem se quer alcançar. A teologia baseada na Bíblia se tornou um requerimento obsoleto e insignificante naquele contexto. Uma teologia focada em um Deus que distribui bens e milagres e provê status social se popularizou criando um "cult following" que mudou a face da igreja evangélica brasileira. Ao contrário do ensino de Paulo, a ideia desse movimento é manter seus seguidores "neófitos para sempre" em uma dieta de leite, e no melhor dos cenários, um mingau ralo. 

Existe uma ojeriza do movimento neopentecostal em relação ao estudo formal das escrituras e uma supervalorização da chamada “revelação”, que nada mais é que uma introspecção sobre a leitura superficial de um texto bíblico, ignorando as regras da exêgese e hermenêutica por uma teoria sobre o texto que venha a atender ao argumento do pregador. 

Desde o início dos anos 90, afim de saber das novidades, um desses tantos apóstolos, residente hoje em Brasilia, vai aos EUA todos os anos para saber das “novidades e os moveres” do momento afim de importa-los ao Brasil. Daqui ele já plagiou livros (publicados nos anos 90) e introduziu doutrinas diversas no meio evangélico brasileiro, entre elas o movimento de cura interior e da maldição hereditária. 

Um dos argumentos desses ilustres senhores 'apóstolos' é que "nenhum dos discípulos de Jesus estudou teologia”. Mas é claro, cara pálida. Para que precisariam de outros mestres se estavam sendo ensinado pelo Mestre dos mestres? Dahmn!!! Na verdade toda criança judia contemporânea de Jesus já havia lido a Bíblia por inteiro e passava horas por dia recitando porções inteiras das escrituras. Quando Jesus citava as escrituras todos entendiam e sabiam do que Ele falava. É assim hoje? Evidente que não! Dê uma criança uma Bíblia para ler e ela desmaia. Aliás, se com muitos adultos é assim, imagine com as tecnológicas crianças de hoje em dia. 

Conclusão 


As perguntas que cada ministro deve fazer a si mesmo todos os dias é: “O que creio e prego é exatamente o que Jesus cria e pregava?” e “Como posso me aproximar mais ainda do pleno entendimento das Escrituras Sagradas?” Quem é intelectualmente honesto encontrará muito espaço para melhoras em sua teologia. Em nossos dias, parte da liderança da igreja se dedica a pregar aquilo que dá certo, onde esta palavra certo significa “frequência e finanças”, enquanto a outra parte mais intelectual se dedica a moldar o evangelho para caber nele ideologias de ordem social. Os dois grupos estão cada qual buscando o seu “cult following” [ou clássico de culto é a denominação dada aos produtos da cultura popular que possuam um grupo de fãs ávidos. Geralmente, algo cult continua a ter admiradores e consumidores mesmo após não estar mais em evidência, devido à produção interrompida ou cancelada.] por isso a teologia na igreja tem se tornado medíocre.

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