segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A REALIDADE DA MORTE

A morte sempre foi um grande mistério para a humanidade. Na tentativa de entendê-la e achar respostas sobre o fenômeno, o homem desde os tempos remotos busca na religião apoio e explicações sobre a sua finitude e principalmente sobre a possibilidade de continuação após sua morte. Sob o contexto da medicina, analisar a relação existente entre religiosidade e aceitação da morte é de extrema importância para a prestação de uma melhor assistência de enfermagem para o paciente considerado terminal.

Morte. Implacável, voraz, intrusa, indesejável, indesejada. Sob a concepção biológica a morte é o termo da vida devido à impossibilidade orgânica de manter o processo homeostático. Trata-se do final de um organismo vivo que havia sido criado a partir do seu nascimento. O conceito de morte, no entanto, foi sofrendo alterações ao longo do tempo. Outrora, considerava-se que a morte, enquanto evento, tinha lugar assim que o coração deixava de bater e que o ser vivo deixava de respirar. Com o avanço da ciência, a morte passou a ser vista como um processo que, a partir de uma certa altura, se torna irreversível.

Hoje em dia, ainda que já não consiga respirar pelos seus próprios meios, uma pessoa pode ter acesso a um respirador artificial, mantendo assim uma vida com alguma qualidade. Por outro lado, convém referir a morte cerebral, isto é, a paragem completa e irreversível da atividade cerebral. Fora a biologia, existe uma concepção social e religiosa relativamente à morte. Costuma-se, neste caso, considerar a morte como sendo a separação do corpo e da alma. Posto isto, a morte corresponde ao final da vida física (isto é, na terra) mas não da existência. 

A crença na reencarnação também é uma questão bastante comum. Um esqueleto coberto com uma espécie de túnica e uma gadanha simboliza a morte. Na mitologia greco-romana, a Parca (uma deusa) chamada Morta representa igualmente a morte. A morte, por fim, é a destruição ou o final de algo. Concreta ou metafórica. Literal ou simbólica. Poética ou trágica. Natural ou não. A morte foi gerada na humanidade pelo pecado, mas, espere, falarei mais sobre isso à frente.

A dona Morte, segundo as religiões


Sob o viés religioso, a morte é vista de maneira bem distinta pelas diversas religiões do mundo. Vejamos como as principais delas conceituam a morte:

  • Islamismo - Os muçulmanos creem que, como o nascimento, a morte está nas mãos de Deus. Vivendo conforme os ensinamentos divinos, não há por que temer a morte. Assim, seguem tranquilos para a reencarnação. Os últimos momentos são de recolhimento e de reconhecimento da supremacia e da bondade do todo-poderoso Alá. Islâmicos que morrem em jihad (luta pela fé) não passam por isso, pois iriam direto para o paraíso. "Foi Alá quem te criou, quem te sustentou, e é ele quem te fará morrer", Suräh 30:40
  • Cristianismo - Para a maioria dos cristãos, na morte, o espírito vai para o céu ou para o inferno - para os católicos, há o purgatório e, para outras denominações, a morte é um "sono" até o dia do juízo. O destino varia de acordo com o que o morto fez em vida. Por isso, quando um cristão morre, familiares e amigos consolam uns aos outros pela perda, além de rezar para que o falecido seja perdoado de seus pecados, alcance o paraíso e sua alma descanse em paz [prática comum ao catolicismo]. Cristãos protestantes oram entre si para que os familiares sejam consolados por Deus. Não no protestantismo a crença de que as almas dos mortos recebem orações. 
  • Budismo - Segundo uma parábola, uma mulher procura Buda para reviver o filho. Buda pede a ela grãos de mostarda de uma casa em que nunca tenha morrido alguém. A mãe não encontra e entende que teria de conviver com a morte. Velas são acesas no oratório doméstico ou de onde ocorreu o óbito - o corpo fica próximo a ele. O rosto é coberto com um pano branco e acendem-se incensos a sua volta. Um monge budista é chamado para ler textos sagrados e confortar a família.
  • Judaísmo - A morte não é uma tragédia, mas algo natural. Os judeus se veem como "hóspedes temporários" de passagem pela Terra. Ou seja, a alma sobrevive mesmo que o corpo tenha falecido. Se foram bons e dignos em vida, a alma será recompensada no além. E é para que siga iluminada que amigos e familiares cumprem uma série de rituais. "Pois do pó viestes, e ao pó retornarás", Bereshit 3:1
  • Hinduísmo - Acreditam na reencarnação, ou seja, que a alma volta várias vezes à vida até se libertar. A vida na Terra é parte de um ciclo de nascimento, morte e renascimento. Logo que alguém falece, iniciam-se rituais para desprender a alma do corpo - geralmente cremado - sem traumas e para que ela encontre nova casa - um corpo humano ou de animal, de acordo com o comportamento na vida anterior.
  • Espiritismo - Defende a continuação da vida após a morte num novo plano espiritual ou pela reencarnação em outro corpo. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais rapidamente. Os que praticam o mal, recebem novas oportunidades de melhoria através das inúmeras encarnações. Creem na eternidade da alma e na existência de Deus, mas não como criador de pessoas boas ou más. Deus criou os espíritos simples e ignorantes, sem discernimento do bem e do mal. Quem constrói o céu e o inferno é o próprio homem. Pela teoria, todos os seres humanos são espíritos reencarnados na Terra para evoluir. A morte seria apenas a passagem da alma do mundo físico para a sua verdadeira vida no mundo espiritual. E mesmo no paraíso, acredita-se que o espírito esteja em constante evolução para o seu aperfeiçoamento moral. As almas dos mortos ligam-se umas às outras, em famílias espirituais, guiadas pela sintonia entre elas. Consequentemente, os lugares onde vivem possuem níveis vibratórios diferentes, sendo uns mais infelizes e sofredores, e outros mais felizes e plenos. Muitas escolas espiritualistas - não todas - defendem a ideia da sobrevivência da individualidade humana, chamada espírito, ao processo da morte biológica, mantendo suas faculdades psicológicas intelectuais e morais.
  • Candomblé - Não existe uma concepção de céu ou inferno, nem de punição eterna. As almas que estão na terra devem apenas cumprir o seu destino, caso contrário vagarão entre céu e terra até se realizar plenamente como um ser consciente e eterno. Os cultos afro-brasileiros acreditam que os mistérios da vida e da morte são regidos por uma Lei Maior, uma força divina que dá o equilíbrio divino ou eterno. O Candomblé vê o poder de Deus em todas as coisas e, principalmente, na natureza. Morrer é passar para outra dimensão e permanecer junto com os outros espíritos, orixás e guias. Trabalha com a força da natureza existente entre terra (Aìyê) e o céu (Òrun). Nos cultos afros, o assunto de vida após a morte não é bem definido. Na Terra, o objetivo do homem é realizar o seu destino de maneira completa e satisfatória. Ao cumprir o seu destino na Terra, o ser humano está pronto para a morte. Após a morte, o espírito será encaminhado ao Òrun, para uma dimensão reservada aos seres ancestrais, ou seja, eternos. O ser humano pode ser divinizado e cultuado. Caso o seu destino não seja cumprido, os espíritos ficarão vagando entre os espaços do céu e da terra, onde podem influenciar negativamente os mortais. Como não se realizaram plenamente, estes espíritos estão sujeitos à reencarnação. Já as pessoas vivas que sofrem as suas influências negativas, precisam passar por rituais de limpeza espiritual para reencontrar o equilíbrio.
  • Umbanda - A Umbanda sofre influências de crenças cristãs, espíritas e de cultos afros e orientais. Como não existe uma unidade ou um 'livro sagrado', alguns umbandistas admitem o céu e o inferno dos cristãos, enquanto outros falam apenas em reencarnação e Carma. Na Umbanda, morte e nascimento são momentos sagrados, que marcam a passagem de um estado a outro de manifestação espiritual, morremos para um lado e nascemos para outro lado da vida, o que nos aguarda do outro lado depende de nós mesmos. A Umbanda explica o universo através de sete linhas, regidas por Orixás. Ao morrer, a pessoa será atraída por estes mundos espirituais. A matéria é apenas um dos caminhos para a evolução do espírito. Sendo assim, a morte é uma etapa do ciclo evolutivo, sendo a reencarnação a base da evolução. O objetivo maior do nascimento e da morte é a harmonização e a evolução consciente do espírito. Após morte, o ser humano leva consigo suas alegrias, sua fé, suas crenças, suas mágoas e suas dores. E terá que lidar com elas, sempre contanto com o auxílio dos espíritos mais evoluídos que o recepcionarão no outro lado da vida e o ajudarão na sua adaptação no mundo espiritual. Com a morte do corpo físico, os espíritos bons podem se tornar protetores, enquanto os maus (espíritos de pouca evolução, devido às poucas encarnações) podem virar perturbadores. Os mortos (desencarnados) podem ser contatados, ajudados ou afastados.

A Bíblia diz que...


Como podemos enfrentar a morte? Não devemos ter medo se Deus está conosco. A Bíblia diz em Salmos 23:4 - “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.” Como é a morte? É como um sono. A Bíblia diz em 1 Tessalonicenses 4:13 - “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança...” E a Bíblia diz em João 11:11-14 - “E, tendo assim falado, acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, ficará bom. Mas Jesus falara da sua morte; eles, porém, entenderam que falava do repouso do sono. Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu.”

Segundo Daniel, onde dormem os mortos? A Bíblia diz em Daniel 12:2 - “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” Sabem os mortos algo? A Bíblia diz em Eclesiastes 9:5-6,10 - “Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque no Seol, para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.”

Mas a morte não é o fim. A Bíblia diz em Isaías 26:19 - “Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair.” Que promete Jesus aos que morrem? A Bíblia diz em Oséias 13:14 - “Eu os remirei do poder do Seol, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó Seol, a tua destruição? A compaixão está escondida de meus olhos.”

O poder da ressurreição vem de Cristo. A Bíblia diz em 1 Coríntios 15:21-22 - “Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados.” Por que que Deus deu o Seu Filho ao mundo? A Bíblia diz em João 3:16 - “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Ambos os justos e os impios serão ressuscitados. A Bíblia diz em João 5:28-29 - “Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.”

Os justos serão ressuscitados na segunda Vinda de Cristo. A Bíblia diz em 1 Tessalonicenses 4:16-17 - “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor.” Que acontecerá depois da ressurreição? A Bíblia diz em Filipenses 3:20-21 - “Mas a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar a si todas as coisas.” Por quanto tempo viveram os justos ressuscitados? A Bíblia diz em Lucas 20:36 - “Porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.”

Quanto tempo têm que esperar os ímpios depois da primeira ressurreição para que eles mesmos sejam ressuscitados? A Bíblia diz em Apocalipse 20:4-5 “E eles [os justos] reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. (Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se completassem.).” Qual é o destino dos ímpios? A Bíblia diz em Apocalipse 20:9 - “Mas desceu fogo do céu, e os devorou.” Quem são os ímpios? A Bíblia diz em Apocalipse 21:8 - “Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte.”

Conclusão


“A vida é a infância da imortalidade”, refletiu o escritor e pensador alemão Johann Wolfgang von Goëthe (1749-1832), o que faz completo sentido se levarmos em conta o que a Bíblia nos ensina sobre a morte. De acordo com o que vivemos aqui na Terra, nossas atitudes e posturas, nosso real compromisso com Deus, nos preparamos para a Eternidade ao lado dEle, como nos foi prometido pelo próprio Senhor Jesus. Entretanto, a maioria das pessoas, mesmo algumas cientes do que a Bíblia diz, não veem a vida e a morte como Goëthe. Resultado: sofrimento, angústia. Muito por causa de uma forma errada de encarar tudo o que acontece.

“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em Sua companhia, os que dormem.” - 1 Tessalonicenses 4:13,14 Claro que a saudade dos entes queridos dói. Mas muito dessa dor diminuiria se pensássemos não só na saudade, que é normal, mas também que a pessoa que se foi teve uma vida íntegra e realmente compromissada com os preceitos Divinos, e que seu lugar na Eternidade está reservado, como Jesus prometeu quando também morreu e ressuscitou.

“Melhor é a boa fama do que o unguento precioso, e o dia da morte, melhor do que o dia do nascimento.” - Eclesiastes 7:1 Ao terminar os seus dias na Terra você terá algo a comemorar? Ou sua vida foi somente tempo perdido? A morte, muitas vezes, pode ser vista como o desfecho de uma vida plena em realizações, não importando sua duração, mas o que foi feito nela. “O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nEle se refugiam.” - Naum 1:7 Quando o luto nos abate, por mais que os cuidados de nossa família e dos amigos sejam de uma enorme ajuda, só Deus é capaz de nos dar a resistência de que precisamos para atravessar o momento difícil.

Jesus nos devolveu o elo partido“Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.” 1 Coríntios 15:21-22 Adão desobedeceu a Deus, e morreu espiritualmente. Separou-se dEle por livre e espontânea vontade, ainda que sob tentação. No entanto, por meio de Sua própria morte em sacrifício, o Senhor Jesus nos devolveu aquele elo partido no Éden. Mas precisamos aceitaresse sacrifício para que ele valha em nossas vidas, eternamente.

“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em Mim não morrerá, eternamente. Crês isto?” - João 11:25,26 A última frase do segundo versículo é muito curta, porém, é uma das mais importantes de todo o trecho bíblico destacado. Sim, muitas vezes ouvimos que o Senhor Jesus é a ressurreição, é a vida em pessoa. Ele mesmo nos prometeu a Vida Eterna se estivermos de acordo com os Seus preceitos.

Mas tudo isso depende de acreditarmos nEle, assim, venceremos a morte física para viver eternamente ao lado do Pai. “Crês isto?” É muito importante entender o que nos espera após a morte, ter certeza da Salvação da nossa alma. Ter convicção que estando em Cristo, mesmo aquele estiver morto, viverá.

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