quarta-feira, 22 de julho de 2015

O PREPARO INTELECTUAL DO CRISTÃO

Este estudo foi realizado por mim em 16 de dezembro de 2001. É mais um que garimpei em meu acervo pessoal e adapto aqui no formato de artigo. O preparo intelectual é fundamental nos empreendimentos desta vida, e de grande utilidade na vida espiritual, quando o dedicamos ao Senhor. E não há outra saída: quem não estuda, não se prepara, corre um sério risco de ter seu futuro negativamente comprometido e de se tornar um ser humano frustrado e marginalizado. Deus nos criou como seres inteligentes e o mínimo que devemos visar é a faculdade.

A Bíblia enfatiza a aquisição pelo homem do conhecimento, do saber, mas saibamos que o simples conhecimento não é o mesmo que sabedoria. Pessoas há por toda parte que detêm um imenso somatório de conhecimento, e apenas pequenos lampejos de sabedoria (Salmo 111:10; Provérbios 9:10).

É possível ser fiel a Deus e aos estudos?


Os jovens hebreus Daniel, Hananias, Misael e Azarias, foram estudantes num curso secular que era ministrado na corte do império babilônico sob o reinado de Nabucodonosor. Estes jovens crentes estavam ali, inseridos em um contexto ímpio, pagão, idólatra, onde a prática de pecados - principalmente do ocultismo - era algo normal, para adquirir conhecimento intelectual num curso que duraria três anos (Daniel 1:5).

O ambiente moral da Babilônia era totalmente pagão. Bem sabemos que o ensino que transmitiam a Daniel e seus amigos, geralmente contradizia os retos ensinos da Lei de Deus. Contudo, isto não os impedia de buscar a Deus normalmente. Como por exemplo Daniel, que orava três vezes ao dia, sem jamais mudar essa prática, mesmo - e principalmente - nos momentos difíceis (Daniel 6:10).

Os alunos de hoje, sejam de que nível for (ensino fundamental, médio ou superior), podem ter mais sucesso na aprendizagem em geral, inclusive nos trabalhos extraclasse e provões, se antes de tudo orarem a respeito do assunto e perseverarem em seguir ao Senhor, como os jovens do texto registrado em Daniel 1:3, 4, 17-21, num ambiente pagão, que não era nada favorável, onde tudo era estranho e adverso: o país, a religião, o povo, as leis, a cultura e os costumes.

Aqueles que resolvem permanecer fiéis a Deus, enfrentando a tentação, receberão forças para permanecerem firmes por amor ao Senhor. Por outro lado, aqueles que antes não tomam a decisão de permanecerem fiéis a Deus e à sua Palavra, terão dificuldade para resistir ao pecado ou evitar conformar-se com os caminhos do mundo (leiamos Romanos 12:1, 2). Deus é fiel àqueles que vivem para Ele, a fim de amá-lO, servi-lO e adorá-lO, inclusive a população estudantil que o Senhor.

A intelectualidade somada à fé


O viver cristão e o preparo intelectual - Não há incompatibilidade entre uma vida verdadeiramente cristã e o preparo intelectual, desde que não haja extremos em nenhuma das partes. É necessário que o crente assim preparado, culto, intelectual, conserve-se humilde, dê toda glória a Deus, vigie e ore, para que não se exalte e nem entrar pelo caminho da frieza espiritual e por fim o declínio, a queda e, consequente e fatalmente o desvio. Se isso vier a acontecer , não simplesmente a hostil cultura secular que ocasionou o desvio, mas a falta de propósito, a infidelidade, o descompromisso e a falta de convicções cristãs (conflito de identidade).

Os intelectuais heróis da fé na Bíblia - a) Moisés: Era preparado "em toda a ciência dos egípcios" (Atos 7:22), mas foi fiel, perseverante e santificado até o fim. Quando a Bíblia dá testemunho dele, não destaca seu elevado preparo intelectual, mas sim, a sua fé e fidelidade (Hebreus 2:5; 11:19-23). Seus feitos espirituais à frente do povo de Deus não procederam primeiramente da sua profunda ciência, mas de sua fé em Deus. b) Paulo: Foi um homem com refinado preparo secular. Gamaliel, o seu principal mestre, era o maior expoente em conhecimento e sabedoria do seu tempo entre os judeus. Porém, após seu encontro com o Mestre dos mestres, Paulo deixou de confiar nas coisas terrenas. Ele não colocou seus conhecimentos naturais em último plano, sendo estes usados por ele sempre que fosse oportuno (Atos 17:16-34 - no Areópago, perante os atenienses; Atos 23 o discurso perante o Sinédrio) mas, em primeiro lugar, ele era um homem de Deus e cheio do Espírito Santo.

As estratégias diabólicas e a prevenção da Bíblia - A Bíblia nos previne da "falsamente chamada ciência" (1 Timóteo 6:20). São, em suma, princípios filosóficos alienados de Deus e da Sua Palavra, bem como normas de fé e conduta e outras formas de ensino puramente humanistas e satânicas que nada têm com os princípios, ensinos e doutrinas da Palavra de Deus. Esse tipo de ciência ou conhecimento geralmente - direta ou indiretamente, implícita ou explicitamente - levanta questionamento sobre Deus e pode levar os estudantes para longe do Senhor (Provérbios 8:14; Isaías 47:10; Jeremias 4:22; Colossenses 2:8). O saber puramente terreno, secular, humano, está embutido na expressão "preparo intelectual por si só não conduz ninguém a Deus". O mundo conhece a Deus pela sua sabedoria (1 Coríntios 1:21). É Jesus a verdadeira sabedoria que conduz à salvação, que conserva a salvação (1 Coríntios 1:24; Colossenses 2:2, 3).

A Importância do Preparo Teológico Para a Obra Evangelística-Missionária


“Procura apresentar-te aprovado diante de Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”, 2 Timóteo 2:15.

Em todo o 2º capítulo da 2ª carta que o apóstolo Paulo escreve a seu filho na fé Timóteo o tom do aconselhamento pastoral é perceptível. Tal qual um pai, Paulo transmite a seu filho Timóteo, princípios de liderança que não devem ser esquecidos: “O que ouviste de mim diante de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis e aptos para também ensinar os outros.”, 2 Tm 2:2. Observamos que Paulo está preocupado com a continuidade de seu ministério após a sua morte e por isso exorta Timóteo para que transmita todo o conselho de Deus a homens fiéis e esses por sua vez transmitiriam a outros e assim por diante...

Paulo está passando para Timóteo o que ele aprendeu de Jesus, pois o mestre nos deu um grande exemplo em como preparar pessoas, ficando três anos com os seus discípulos, ensinando-os no dia a dia até que pudessem levar avante a obra de Deus. O resultado deste investimento é que todos os discípulos, exceto Judas, tornaram-se missionários e o Evangelho chegou aos cantos mais longínquos da terra. Esses discípulos, seguindo o exemplo do Mestre, plantavam igrejas e faziam discípulos, preparando-os para continuarem a missão de pregar as Boas-novas a toda criatura. Desta forma o Evangelho chegou até nós, e cabe a igreja hodierna dá prosseguimento ao modelo iniciado por Jesus: “Investir na capacitação dos vocacionados”.

Para o exercício do ministério, de acordo com o que Deus deseja, a igreja precisa ter discípulos devidamente preparados, imbuídos de uma visão correta de sua missão. A igreja deve ter a consciência de que jamais realizará o projeto de Deus se não investir no preparo daqueles que são chamados.

Já houve uma época em que a capacitação de obreiros era vista como algo que não valia a pena, como algo que faria o obreiro esfriar na fé, ou até mesmo perder a fé, mas estudos recentes têm mostrado a urgente necessidade de um bom preparo, a fim de evitar transtornos no campo, inclusive o retorno prematuro de missionários.

Sem o devido preparo, a vida no campo missionário seria insuportável, pois o missionário enfrenta muitos problemas como, costumes diferentes, língua diferente, cultura diferente, estresse, depressão, desânimo, além da saudade da família, país, etc.

Daí a necessidade do preparo adequado dos candidatos à obra evangelística-missionária, evitando-se assim o retorno prematuro. A capacitação visa preparar o candidato para a complexa tarefa de adaptação cultural e comunicação eficaz do evangelho em outra cultura. Quando há um bom preparo, o missionário, além de estar ciente dos possíveis choques, consegue fazer uma contextualização correta para comunicar a palavra de Deus com fidelidade, evitando o sincretismo ou o transporte de sua cultura para o povo com quem está trabalhando; quando há um bom preparo, menor o perigo de retorno prematuro e outras consequências desagradáveis ao campo, à agência, à igreja enviadora e ao próprio missionário; quando há um bom preparo, cumpre-se a recomendação paulina: “Procura apresentar-te aprovado diante de Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”, 2 Tm 2:15. 

É importante frisar que o preparo do obreiro deve começar na igreja, evidentemente, mas deve continuar com o curso teológico e a escola de missões. A igreja deve cumprir o seu papel de preparar e indicar pessoas qualificadas para estudarem e serem enviadas ao campo. Raramente pensa-se na igreja como lugar de preparo, no entanto, ela deve ser o primeiro seminário do missionário, depois o preparo formal. A igreja não pode se esquivar do papel de educação cristã, preparando os seus membros para desempenhar o ministério, Efésios 4:12.

O candidato à obra missionária precisa ter maturidade espiritual e emocional e acima de tudo compromisso com Deus. É imprescindível que o candidato conheça bem a Palavra de Deus e que tenha ter forte convicção do chamado de Deus para sua vida. Deus não chama missionários, mas servos dispostos a dedicarem-se inteiramente a Ele.

Se você tem um chamado de Deus para sua vida e quer que Ele o use na Sua obra atente para o conselho paulino: “procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja bem a palavra da verdade”!

Conclusão


É dever de cada ser humano buscar e adquirir seu preparo intelectual. Além de suas múltiplas e benéficas finalidades pessoais e sociais, ele é de inestimável importância na obtenção de preparo bíblico e teológico e, com certeza, amplia os limites evangelísticos e missionários. Se o crente se esforça para ser fiel a Deus em tudo, pode ficar certo de que Deus será com ele e lhe dará a ajuda e a graça necessárias para que ele execute a Sua vontade (Salmo 37:4, 5; 1 Coríntios 10:31).

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