sexta-feira, 19 de junho de 2015

AZUSA, O RESULTADO DA UNÇÃO COLETIVA

"Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como se todos fossem irmãos! É como o azeite perfumado sobre a cabeça de Arão, que desce pelas suas barbas e pela gola do seu manto sacerdotal. É como o orvalho do monte Hermom, que cai sobre os montes de Sião. Pois é em Sião que o Senhor Deus dá a sua bênção, a vida para sempre" (Salmo 133 — NVLH).
O salmo 133 nos dá uma dimensão de um mover especial da unção coletiva. Enquanto a unção individual é para edificação pessoal, a unção coletiva ocorre quando o Corpo de Cristo se reúne unânime no propósito de adorar ao Senhor. Foi exatamente o que aconteceu com a Igreja primitiva, no evento registrado no livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 4, logo após o derramamento do Espírito Santo.

Mais recentemente em nossos dias ocorreu um fato semelhante nos Estados Unidos. O evento ficou conhecido como O Avivamento da Rua Azusa. É sobre o que falo neste artigo.

Tremeu tudo


O avivamento da Rua Azusa, na cidade de Los Angeles — EUA, tem marcado profundamente o Cristianismo dos últimos cem anos. Hoje, dos quase milhão de cristãos protestantes e evangélicos no mundo, uns 600 milhões [os números aqui são estimados e carecem de fontes para sua precisão] pertencem a igrejas que foram diretamente influenciadas pelo avivamento da Rua Azusa (Pentecostais, Carismáticos, etc). O início do avivamento começou com o ministério de Charles Fox Parham.

Em 1898 Parham abriu um ministério, incluindo uma escola Bíblica, na cidade de Topeka, Kansas. Depois de estudar o livro de Atos, os alunos da escola começaram buscar o batismo no Espírito Santo, e, no dia 1° de janeiro de 1901, uma aluna, Agnes Ozman, recebeu o batismo, com a manifestação do dom de falar em línguas estranhas. Nos dias seguintes, outros alunos, e o próprio Parham, também receberam a experiência e falaram em línguas.
"Com gritos estranhos e pronunciando coisas que aparentemente nenhum mortal em seu juízo normal pudesse entender, teve início, em Los Angeles, a mais recente seita religiosa." 
Foi isso o que disse a edição de 18 de abril de 1906 do Los Angeles Times. 
"As reuniões acontecem em um prédio decadente da rua Azusa, e os devotos de doutrinas estranhas praticam os ritos mais fanáticos, pregam as mais extravagantes teorias e se colocam em um estado de louca euforia quando se entregam ao fervor pessoal”,
continuou a matéria.

A publicidade negativa realmente ajudou a trazer mais pessoas. Alguma coisa sobrenatural acontecia naquele prédio antigo. William J. Seymour (✰1870/✞1922), pregador batista negro, recém-chegado de Houston, chamava os crentes a dar um passo a mais. Na verdade, dois passos: ele queria que eles se "santificassem" e que fossem "batizados no Espírito Santo". O batismo, dizia ele, seria acompanhado pelo falar em línguas.

Outras línguas, outra unção


Houve outras irrupções do falar em línguas ao redor dos eua e da Europa nos anos anteriores, mas o acontecimento da rua Azusa foi a grande explosão. As reuniões continuaram naquele "prédio decadente" por vários anos. Muitas pessoas viajaram para lá simplesmente para ver o que estava acontecendo. 

O mundo estava pronto para o avivamento. O final do século XIX assistiu à grande revolução industrial. As pessoas se tornavam engrenagens da máquina social. A lacuna entre os ricos e os pobres aumentava. Infelizmente, a igreja, com frequência, pendia mais para os ricos.

Até mesmo grupos "comuns' e tradicionais, como os batistas e os metodistas, enfatizavam mais os bens materiais do que a energia espiritual. Graças aos precursores avivalistas, como Finney e Moody, as igrejas estavam cheias. Porém, muitos que professavam o cristianismo ainda careciam de alguma coisa.

O movimento Holiness [Santidade] foi o primeiro passo na direção do avivamento. Essas agitações, especialmente na Igreja Metodista, buscavam uma "segunda bênção" de Deus, na qual os crentes seriam “santificados” para viver uma vida santa. 

Os ensinamentos de Keswick também tiveram seu impacto, tanto na Europa quanto nos eua. Criados nas convenções anuais de Keswick, na Grã-Bretanha, os mestres de Keswick imploravam aos cristãos: 
  • "Caminhem no poder da ressurreição de Cristo";
  • "Deixe Cristo reinar em sua alma". 
Não aconteceu nada muito radical ali, a não ser a vontade de uma experiência cristã mais plena, para utilizar a linguagem que os pentecostais usariam mais tarde.

Outra corrente de pensamento que apressou o surgimento do incipiente movimento pentecostal foi o pré-milenarismo, popularizado por J. N. Darby e a Irmandade de Plymouth. A virada do século fez com que as posições pré-milenaristas e pós-milenaristas ficassem conhecidas. 

Muitos começaram a propagar a idéia de um "século cristão", no qual a igreja e a tecnologia prenunciariam o Reino de Deus. Os pré-milenaristas, no entanto, afirmavam que o fim dos tempos estava próximo, pois seria caracterizado, como era profetizado, pelo irromper de uma atividade espiritual.

A unção coletiva rompendo fronteiras


É possível encontrar base para o movimento pentecostal em 1896. William F. Bryant liderou o avivamento no condado de Cherokee, na Carolina do Norte, que incluía o falar em línguas. 

Como essas manifestações continuaram, as pessoas foram expulsas das igrejas, edifícios religiosos foram queimados e o próprio Bryant foi atingido por um tiro. Falar em línguas não era uma atividade popular no condado de Cherokee.

O avivamento no País de Gales, entre 1904 e 1906, teve, certamente, impacto no clima religioso de sua época. Evan Roberts, ex-mineiro, viajou por todo o país de Gales e, mais tarde, pelo mundo, proclamando o ministério do grande avivamento do Espírito. 

O falar em línguas não era enfatizado de maneira específica, mas sim o poder espiritual. Um pequeno grupo de pastores da área de Los Angeles visitou o País de Gales e tentou trazer o avivamento para suas igrejas, mas obtiveram sucesso limitado. Contudo, as sementes da restauração estavam sendo lançadas em Los Angeles.

Se preferir, você pode observar o movimento de restauração da virada do século XIX que apelava para um retorno aos dons e às práticas da igreja apostólica, especialmente o dom de cura. 

John Alexander Dowie (✰1847/✞1907) afirmava que era Elias, o restaurador, e estabeleceu uma comunidade cristã (que mais tarde se tornou a cidade de Zion [Sião], no Estado de Illinois). No Estado do Maine, Franck Sandford (✰1862/✞1948) também afirmava ser Elias, o restaurador, que viera estabelecer uma comunidade em Shiloh [Siló].

Em 1900, Charles Fox Parham (✰1873/✞1929)passou cerca de seis semanas em Shiloh. Ele era um pregador metodista da linha Holiness, do Kansas, que procurava a "fé apostólica". Ele e sua esposa fundaram uma "casa de cura" em Topeka, onde as pessoas poderiam permanecer gratuitamente enquanto oravam por sua cura. 

Em Shiloh, Parham ficou impressionado com a escola bíblica fundada por Sandford, O Espírito Santo e Nós, cuja abordagem era claramente antiacadêmica. A Bíblia era o único texto usado, e o único professor era o Espírito Santo. Parham fundou uma escola similar, quando voltou para sua casa. Cerca de quarenta estudantes se matricularam.

Em dezembro daquele ano, Parham pediu a seus alunos que procurassem nas Escrituras, para ver se havia algum sinal que supostamente indicaria a existência do batismo no Espírito Santo. Quando se reuniram no culto de vigília do Ano-Novo, eles já tinham a resposta: o batismo no Espírito Santo seria manifestado pelo dom de línguas. 

Agnes Ozman (✰1870/✞1937) orou para receber o Espírito Santo e "a glória caiu sobre ela", como disse Parham. 
"Um halo parecia cercar sua cabeça e seu rosto, e ela começou a falar o idioma chinês. Ela não foi capaz de falar inglês por três dias." 
No mês seguinte, a maioria dos alunos teve experiência similar.

Os esforços de Parham para espalhar esse avivamento para as cidades de Kansas City e Lawrence fracassaram. As igrejas se opuseram, e os jornais zombaram desse fato. 

Em 1903, uma mulher do Texas foi curada depois de uma oração de Parham, o que levou a convidá-lo a promover um avivamento na cidade de Galena, no Texas. Esse empreendimento foi bem-sucedido. Em 1905, essas reuniões "pentecostais" ou do "evangelho pleno' aconteciam no Mis-souri, no Kansas e no Texas, e eram frequentadas por cerca de 25 mil pessoas. 

Depois da campanha de Houston, em 1905, Parham fundou outra escola bíblica ali. Um dos alunos mais promissores foi William J. Seymour. Uma mulher de Los Angeles visitou a escola de Houston e teve uma experiência de batismo no Espírito Santo. Quando retornou para sua casa, ela insistiu em que a congregação do Nazareno convidasse Seymour para ser pastor auxiliar daquela comunidade.

Ironicamente, a igreja que trouxera o avivamento pentecostal para Los Angeles não queria ter participação alguma nesse avivamento. A ênfase que Seymour dava ao ato de falar em línguas ofendeu alguns membros, e ele ficou proibido de participar da igreja. 

Por fim, ele começou a realizar cultos na casa de alguns amigos. Os cultos duraram três dias e três noites, atraindo muito mais pessoas do que a casa comportava. 

As pessoas se organizaram para mudar para um prédio na rua Azusa, ocupado anteriormente por uma Igreja Metodista. Ali, sentadas (e em pé!) nos bancos de tábua, entre materiais de construção, as pessoas continuaram seu culto de adoração cheias do Espírito. A igreja passou a se chamar Missão Evangélica da Fé Apostólica.

Todas as linhas da renovação espiritual pareciam convergir para esse prédio. Ele foi a Meca pentecostal. Por vários anos, serviu como centro de um movimento pentecostal crescente. As pessoas visitavam o local e tentavam levar de volta para suas casas o que encontravam ali. 

A despeito desse foco geográfico, o movimento pentecostal foi extremamente diversificado. Havia um grande número de líderes carismáticos, incluindo Seymour e Parham, que reuniam seguidores, bem como disputavam uns com os outros. 

O movimento também foi intencionalmente desvinculado de organização e de denominações, pois se preocupava apenas em seguir a orientação do Espírito. Isso pode explicar a abundância de pequenas denominações pentecostais que existem hoje.

Assembleia de Deus


A Assembleia de Deus, a maior denominação pentecostal hoje em dia, começou como uma tentativa de alcançar alguma coesão — assim como alguma regulamentação — dentro do movimento. 

Havia muitas acusações de conduta inadequada nas áreas financeira e sexual por parte dos principais pregadores. Havia também várias disputas doutrinárias. Um grupo de pentecostais do sul dos eua, liderado por Eudorus N. Bell (✰1866/✞1923), passou a se autodenominar Fé Apostólica e começou a buscar união dentro do movimento.

A medida que outras pessoas se juntaram a eles, o nome mudou para Igreja de Deus em Cristo. Em 1913, essa igreja era composta por 352 ministros em uma associação bastante livre, sem qualquer autoridade que os unisse. 

Em abril de 1914, o grupo convocou todos os pentecostais para uma reunião em Hot Springs, no Arkansas. O propósito era: união, estabilidade, credibilidade do movimento e criação de um programa de missões e de institutos bíblicos. Foi assim que nasceu a denominação chamada Assembleia de Deus.

Apesar de as questões pentecostais se tornaram a razão pela qual houve divisão de muitas igrejas não-pentecostais, o pentecostalismo provavelmente foi a arma mais poderosa do cristianismo no século XX. Sua ênfase em missões e no evangelismo resultou em um crescimento fenomenal do movimento, tanto nos EUA quanto por todo o mundo.

Conclusão


Desde o começo, o toque soberano de Deus estava sobre William Seymour e os que com ele estavam. Por três anos, o avivamento continuou essencialmente 24 horas por dia, sete dias por semana, com uma participação de, às vezes, até 1000 pessoas. 

Pessoas do mundo todo vieram para receber seu "Pentecost", muitos sendo enchidos espiritualmente antes de chegarem ao prédio. O que tem sido chamado de “maior avivamento mundial” resultou, em nossos dias, em um vasto exército de mais de 600 milhões de crentes cheios do Espírito, tocando cada nação da terra.

Um dos fenômenos do Avivamento da Rua Azusa foi seu incrível poder de aproximar crentes de todo o mundo. Esse entendimento de envolvimento global é parte integral do planejamento para o Centenário. 

Delegados de muitas nações convergirão em Los Angeles para a celebração em abril/2006. Planos foram feitos para estabelecer uma iniciativa de oração mundial pelo Centenário. Através da tecnologia de vídeo streaming, os eventos do Centenário foram acessíveis a espectadores em cada parte do mundo.

Hoje, mais de cem anos depois, temos que celebrar este maravilhoso mover de Deus que levou milhões a um profundo relacionamento com Deus. E a melhor forma de celebrá-lo é revivendo-o.
A Deus toda glória!
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E nem 1% religioso.

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