terça-feira, 12 de maio de 2015

LIVRE ARBÍTRIO EM XEQUE

Em conceitos gerais, livre arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações, que caminho quer seguir. A expressão é utilizada por diversas religiões, como o catolicismo, o espiritismo, o budismo etc. O real significado de livre arbítrio tem sentidos religiosos, psicológicos, morais e científicos. Para algumas pessoas o livre arbítrio significa ter liberdade, e muitas vezes confundem com desrespeito e falta de educação. Cada um realmente tem direito de fazer o que quiser com sua vida e escolher qual caminho quer seguir, desde que não prejudique ninguém. Para a filosofia, o livre arbítrio tem origem no "Determinismo", que defende que todos os acontecimentos são causados por fatos anteriores. Para a a ciência da filosofia, o indivíduo faz exatamente aquilo que tinha de fazer, seus atos são inerentes a sua vontade, e ocorrem com a força de outras causas, internas ou externas.

Conceito bíblico


Se por “livre arbítrio” se entende que Deus dê aos humanos a oportunidade de fazer escolhas que realmente afetam o seu destino, então sim, os seres humanos têm um livre arbítrio. O estado de pecado no mundo está diretamente associado às escolhas que Adão e Eva fizeram. Deus criou o homem à Sua própria imagem, e isso inclui a capacidade de escolher. 

No entanto, o livre-arbítrio não significa que a humanidade possa fazer qualquer coisa que lhe agrade. Nossas escolhas são limitadas ao que esteja em sintonia com a nossa natureza. Por exemplo, um homem pode escolher atravessar ou não uma ponte, o que ele não pode escolher é voar sobre a ponte -- a sua natureza o impede de voar. De forma semelhante, um homem não pode escolher tornar-se justo - sua natureza (pecaminosa) o impede de cancelar a sua culpa (Romanos 3:23). Assim, o livre-arbítrio é limitado pela natureza.

Esta limitação não reduz a nossa responsabilidade. A Bíblia deixa bem claro que não só temos a capacidade de escolher, mas também temos a responsabilidade de escolher sabiamente. No Antigo Testamento, Deus escolheu uma nação (Israel), mas os indivíduos daquela nação ainda tinham a obrigação de escolher obedecer a Deus. Da mesma forma, os indivíduos de fora de Israel também podiam fazer a escolha de acreditar e seguir a Deus (por exemplo, Rute e Raabe).

No Novo Testamento, os pecadores são repetidamente ordenados a "arrepende-se" e "crer" (Mateus 3:2; 4:17, Atos 3:19, 1 João 3:23). Toda chamada ao arrependimento é uma chamada para escolher. O comando a acreditar supõe que o ouvinte possa escolher obedecer ao comando.

Jesus identificou o problema de alguns incrédulos quando lhes disse: "Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida" (João 5:40). Claramente, eles poderiam ter vindo se quisessem, o problema foi que escolheram não vir. "...pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6:7), e aqueles que estão fora da salvação são "indesculpáveis" (Romanos 1:20-21).

Entretanto, como pode o homem, limitado por uma natureza pecaminosa, escolher o que é bom? É somente através da graça e do poder de Deus que o livre-arbítrio torna-se verdadeiramente "livre" no que diz respeito à escolha da salvação (João 15:16). É o Espírito Santo que atua na e através da vontade de uma pessoa a fim de regenerá-la (João 1:12-13) e dar-lhe uma nova natureza criada "segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade" (Efésios 4:24). A salvação é obra de Deus. Ao mesmo tempo, nossas motivações, ações e desejos são voluntários e somos devidamente responsabilizados por eles.

Conceitos científicos


Ao longo dos séculos, o livre arbítrio, ou seja, a capacidade de escolha do homem, tem sido discutido, principalmente nos campos da Filosofia e da Teologia. Contestado por uns e defendido por outros, o assunto agora está em debate entre especialistas em Neurociência o ramo da Biologia que se ocupa, em última análise, do estudo do sistema nervoso. 

Um dos primeiros trabalhos que colocaram o livre arbítrio em xeque foi publicado em 2008, realizado pelo psicólogo norte-americano Benjamin Libet (1916-2007). o qual demonstrou que uma região do cérebro envolvida em coordenar a atividade elétrica uma fração de segundo antes de os voluntários tomarem uma decisão - no caso apertar um botão. Estudos posteriores corroboraram a tese de Libet. Um deles foi realizado pelo pesquisador Stefan Bode, da Universidade de Melborurne, na Austrália. A equipe do cientista realizou exames de ressonância magnética em 12 voluntários, aos quais, assim como no experimento de Libet, dada a tarefa de apertar um borão, com a mão direita ou a esquerda. Por meio dos exames, os pesquisadores foram capazes de prever qual seria a decisão de cada voluntário sete segundos antes que estes tomassem consciência do que faziam.

No entanto, não falta quem questione a validade desses experimentos. Pesquisadores como William R. Klemm, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, autor do livro "Atoms of mind - The ghost in the machine materealizes" (ainda sem edição no Brasil, cujo título significa, em tradução livre, Átomos da mente - O fantasma da máquina se materializando), colocaram em dúvida a metodologia utilizada em vários estudos recentes da Neurociência. Segundo Klemm, essas pesquisas ainda dependem de aprofundamento, pois é preciso fazer avaliações fundamentadas em atividades mais complexas do que apenas apertar um botão. 

Michael Gazzaniga, coordenador do Centro para Estudos da Mente da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e um dos maiores expoentes da Neurociência na atualidade, também recomenda cautela com relação a esses estudos preliminares. De acordo com ele, todos devem ser responsáveis por suas ações. Ele conceitua que a estrutura social entraria em caos se , a partir de hoje, qualquer um pudesse matar ou roubar com base em um argumento simplista: "meu cérebro mandou fazer isso". Assim, a crença se que o livre arbítrio não passa de uma ilusão, sendo as escolhas do indivíduo processadas inconscientemente pelo cérebro, não tem o menor fundamento. 

Santo Agostinho disse


"Livre Arbítrio" (de Libero Arbitrio) foi uma obra da autoria de Santo Agostinho. Este livro, que tem data de 395, foi escrito na forma de diálogo do autor com o seu amigo Evódio. Nesta obra, Santo Agostinho elabora algumas teses a respeito da liberdade humana e aborda a origem do mal moral.

Muitas vezes a expressão livre arbítrio, tem o mesmo significado que a expressão liberdade. No entanto, Santo Agostinho diferenciou claramente esses dois conceitos. O livre arbítrio é a possibilidade de escolher entre o bem e o mal; enquanto que a liberdade é o bom uso do livre arbítrio. Isso significa que nem sempre o homem é livre quando põe em uso o livre arbítrio, depende sempre de como usa essa característica. Assim, o livre arbítrio está mais relacionado com a vontade. Porém, uma distinção entre os dois é que a vontade é um ato ou ação, enquanto que o livre arbítrio é uma faculdade.

Conceitos científicos, filosóficos, e humanistas à parte eu uso o meu livre arbítrio e escolho ficar com o que diz a Bíblia:
"Bom e reto é o Senhor; por isso ensinará o caminho aos pecadores. Guiará os mansos em justiça e aos mansos ensinará o seu caminho.Todas as veredas do Senhor são misericórdia e verdade para aqueles que guardam a sua aliança e os seus testemunhos. Por amor do teu nome, Senhor, perdoa a minha iniquidade, pois é grande. Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher."
Salmos 25:8-12

[Fonte: Revista Exame] 

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