domingo, 10 de maio de 2015

CONHECENDO O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA

"E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele (...). E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas (...). Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério." Atos 21:8; Efésios 4:11; 2 Timóteo 4:5
Vemos aqui três passagens do Novo Testamento que explicitam o ministério do evangelista. Este é, sem exagero, o principal dom ministerial da igreja cristã. Neste artigo, trago um breve estudo sobre esse chamado ministerial. O fato de que é o terceiro a ser indicado pelo apóstolo Paulo na relação de Efésios 4:11, não o desclassifica de ser o principal, pois é com o evangelismo que tudo se inicia.

O ministério de evangelista é dado por Deus à sua Igreja como um dom muito valioso. Por isso, o estudaremos procurando vislumbrar como o Senhor Jesus o considerou, e como esse dom ministerial por Deus concedido é tratado em o Novo Testamento, bem como sua destacada operação nas igrejas de Corinto e Éfeso.

Chamados para proclamar a salvação


Temos de Jesus a ordem para proclamar o Evangelho do Reino a todas as nações (Grande Comissão). E, em sua multiforme sabedoria, Deus dispõe para a Igreja o poder necessário para proclamar o Evangelho de Cristo com ousadia e intrepidez. Por isto, nesta lição, analisaremos a missão do evangelista, um dom ministerial ao lado de outros da maior importância, como o de pastor, apóstolo, profeta ou doutor.

Conceito de evangelista - O termo “evangelista” (gr. euaggelistēs), literalmente “mensageiro do bem”, deriva do verbo grego euangelizo (evangelizar) e significa transmitir as boas-novas. Como dom, refere-se àquele que é chamado para anunciar o Evangelho. É concedido por Deus mediante uma capacitação ministerial objetivando propagar o Evangelho de Cristo para toda a humanidade (Efésios 4:11). O evangelista é aquele que demonstra paixão pela salvação dos perdidos. Ele esmera-se por buscar da parte de Deus mensagens inspiradas para tocar os corações e quebrantar a alma dos pecadores.

Dois exemplos bíblicos – Filipe e Timóteo – ilustram o trabalho de evangelista. Lemos a respeito de Filipe que “os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo” (Atos dos Apóstolos 8:12). Paulo disse acerca de Timóteo que ele era “irmão e ministro de Deus no evangelho de Cristo” (1 Tessalonicenses 3:2).

Evangelistas são homens e/ou mulheres escolhidos e capacitados por Deus para divulgarem as Boas Novas (Evangelho) da salvação por meio de Jesus Cristo. Evangelista, portanto, é a pessoa que proclama o Evangelho aos que não o aceitaram ainda, com o fim de levar as boas novas a eles. O evangelista é um porta-voz de Deus. Ele ou ela fala aos outros sobre Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Salvador. O evangelista, em outras palavras, anuncia a Cristo. Não há nenhuma mensagem mais importante para se pregar, pois o Evangelho é “o poder de Deus para a salvação” (Romanos 1:16).

A Bíblia diz


A Bíblia fala muito pouco sobre esse dom ministerial. A palavra “evangelista”, que é muito rara na literatura não cristã, embora fosse bastante comum nos escritos cristãos primitivos, é encontrada tão somente três vezes no Novo Testamento, e nenhuma delas realmente define com detalhes o que um evangelista é (Atos dos Apóstolos 21:8; Efésios 4:11; 2 Timóteo 4:5). Nem por isso o ministério de evangelista pode ser considerado como um ministério com menos importância - muito pelo contrário eu o considero o principal -, no contexto dos dons ministeriais, que devem contribuir para o crescimento e para a edificação da Igreja do Senhor Jesus Cristo. E isto porque os evangelistas estão relacionados junto com os apóstolos, profetas, pastores e doutores, como aqueles que são chamados para compartilhar a construção da Igreja (Efésios 4:11-16). 

A Teologia diz


Com alguma frequência, alguns afirmam que o ministério de evangelista é um cargo com função hierárquica inferior à de pastor e superior à de presbítero. Porém, à luz da boa hermenêutica dos textos bíblicos, podemos constatar que isso não é verdade. O evangelista consta da lista dos dons ministeriais, que são dons de Deus, concedidos por Cristo aos salvos, após sua retumbante vitória sobre a morte (Efésios 4:8-11). Nenhum dom ministerial é superior ou inferior a outro no Reino de Deus (Romanos 12:5). Os cinco dons ministeriais mencionados por Paulo envolvem as ações e funções dos que são chamados, e não os seus títulos. Eles são chamados para liderarem e treinarem outros seguidores de Cristo.

A função do evangelista


O termo “evangelista” significa uma pessoa enviada com uma mensagem. As Escrituras revelam que todos os salvos em Jesus Cristo são chamados para compartilharem as Boas Novas com os outros (Mateus 28:18-20; Atos dos Apóstolos 1:8). Até mesmo os que são chamados e dotados como pastores para servirem uma igreja local são exortados a evangelizarem em todas as oportunidades (2 Timóteo 4:5). Contudo, há os que são especificamente chamados e designados por Deus para o dom e para a função de “evangelista” (Efésios 4:11). 

Infelizmente, o papel do evangelista tem sido entendido de maneira bastante restrita na maioria das igrejas evangélicas. Às vezes os evangelistas não são estimados pelos pastores ou pelas igrejas. No entanto, o dom de evangelista é um dos cinco dons dados por Jesus à sua Igreja com uma tarefa específica a fazer (Efésios 4:11). Quando Paulo escreve ao jovem Timóteo, demonstra que, além de ser um arauto da pregação do evangelho, tem o dever, também, de ampliar sua visão e ministério (2 Timóteo 4:5). O evangelista é, por excelência, o pregador das boas-novas de salvação. Por meio da sua mensagem, vidas são alcançadas e conduzidas à presença de Deus. Um evangelista cheio da unção de Deus poderá tocar os corações com a mensagem do Evangelho de modo tão convincente que levará as pessoas a crer e acatar as boas-novas da salvação e receber ao Salvador Jesus.

Todo cristão verdadeiro é uma testemunha de Jesus Cristo, sem importar se possui ou não o dom de evangelismo. Todo cristão precisa estar preparado para compartilhar de sua fé com os incrédulos, conduzindo-os aos pés de Cristo sempre que se apresente uma oportunidade. Esse é o papel de todos os cristãos verdadeiros que correspondem a esse dom. Mas apesar disso, nem todos os fiéis receberam o dom de evangelista. Quem tem esse dom tem a habilidade sobrenatural dada por Deus para conduzir pessoas não crentes a Cristo.

O evangelismo na Igreja Primitiva


Quando Paulo e seus companheiros de viagem chegaram a Cesaréia, encontraram hospedagem na casa de Filipe, a quem Lucas se refere como “o evangelista” (Atos dos Apóstolos 21:8). Embora Filipe fosse um dos sete eleitos pela Igreja, para a tarefa de “servir às mesas” (Atos dos Apóstolos 6:5), ele foi especialmente notado por sua atividade evangelizadora. 

De Jerusalém, ele foi até Samaria e pregou com grande sucesso (Atos dos Apóstolos 8:4-25). Dali foi enviado para evangelizar um oficial da corte etíope, que estava viajando para casa depois de visitar Jerusalém (Atos dos Apóstolos 8:26-39). Então pregou o Evangelho desde Azoto até Cesaréia, onde tinha sua casa (Atos dos Apóstolos 8:40). 

O papel do evangelista também envolve a demonstração do poder de Deus na mensagem. O evangelista Filipe foi a Samaria e fez um trabalho digno de ter seu registro no Novo Testamento (Atos dos Apóstolos 8:5-8).

A finalidade do ministério evangelista


Evangelista é, portanto, um dom de Deus, concedido por meio da capacitação espiritual e ministerial para a propagação do evangelho de Cristo a todas as pessoas que estiverem ao alcance da mensagem do obreiro que tem o chamado para cuidar da evangelização, como prioridade em sua missão. Enquanto o pastor tem a missão de cuidar do rebanho, ensinar e discipular, o evangelista dedica-se em anunciar o evangelho com mensagens inspiradas que toquem o coração dos pecadores. 

Há homens e mulheres que se colocam à disposição da obra do Senhor e que têm uma vocação prioritária para a pregação do evangelho, para a proclamação das boas-novas da salvação. Entretanto, são pouquíssimas as igrejas locais que sustentam evangelistas ou, o que é pior, são numerosas as igrejas que, comprometendo-se a sustentar evangelistas e missionários, depois de algum tempo deixam de fazê-lo, criando inúmeras situações aflitivas para estes que foram escolhidos pelo Senhor para dirigir e impulsionar seu ganho de almas. Os relatos dos departamentos de missões de várias igrejas comprovam esta triste e lamentável realidade.

Muitas vezes, o evangelista torna-se um plantador de igrejas, mas isso não faz dele um pastor, nem quer dizer que ele tenha o dom ministerial de pastor. Dificilmente um pastor será um evangelista. Tem-se, ainda, uma cultura, em muitas igrejas locais, de que alguém, para ser sustentado pela igreja, tem de ser um “pastor”, ou seja, tem de dirigir uma igreja, cuidar de um “rebanho”, cultura esta que não tem qualquer respaldo bíblico, já que nem todos são pastores no corpo de Cristo (1 Coríntios 12:29). 

Deste modo, acabam por entregar as igrejas para pessoas que são nitidamente evangelistas, apenas para justificar o seu sustento, causando grande prejuízo à obra do Senhor, já que tais pessoas não têm qualquer dom para apascentar o rebanho de Deus, uma vez que elas foram chamadas para serem evangelistas, o que têm causado enormes transtornos. Via de regra, isso finda por acabar com o ministério do evangelista. Pode-se até ganhar um pastor, mas também pode ocorrer de não se ter mais nem um evangelista nem um pastor.

Infelizmente, há também aqueles que se intitulam evangelistas itinerantes, mas que se especializaram em pregar apenas para crentes dentro das igrejas em congressos. Nos dias atuais parece haver muitos avivalistas e poucos evangelistas. Existem igrejas superlotadas de pregadores, mas vazias de ganhadores de almas. E, além disso, a verdadeira função do evangelista é a de ser visto mais fora da Igreja local do que dentro de suas paredes. Isto é, ele não deve ser somente visto numa função local; mas sempre avançar na direção das almas perdidas sem Cristo, fundando novas igrejas e comunidades. 

Da mesma forma que o ministério do pastor e do mestre, o evangelista coopera no propósito de preparar os santos para uma vida de serviço cristão, bem como na edificação do Corpo de Cristo (Efésios 2:20-22). Um evangelista é alguém especialmente eficaz na apresentação da mensagem do evangelho aos perdidos, podendo também, em caráter secundário, contribuir na instrução dos fiéis na fé, motivando-os a seguirem seus exemplos e assim formando novos discípulos em seu dom. Sua finalidade é ministrar aos crentes e descrentes da mesma forma, em várias localizações. Ele não é alguém que anuncia uma nova verdade, isto é, uma nova doutrina. Mas alguém que anuncia a verdade. Por isso, espera-se desse ministério que o seu fundamento seja o Senhor Jesus Cristo. Não pode haver outro fundamento, senão Cristo (1 Coríntios 3:11).

Em parte podemos dizer que uma faceta do evangelista do Novo Testamento é semelhante à dos atuais missionários. Ele traz as boas novas a uma comunidade não evangelizada, forma discípulos, estabelece uma igreja e parte. O que não significa que este seja o perfil de todos os evangelistas, já que existem aqueles que não são itinerantes. São aqueles que anunciam o evangelho aos perdidos, trazendo-os para se reunirem em suas igrejas locais. Podemos, no entanto, afirmar que o papel de um evangelista não se resume somente em levar a Palavra de Deus até alguém, mas em confirmar esta palavra em seu coração, esperando que a mesma confirme a existência de vida. 

Para ser mais claro, podemos comparar seu papel com o de um semeador, que lança no solo sua semente. Ocorre que não basta ao semeador lançar a semente no solo, ele presta os primeiros cuidados necessários no campo, até que a semente esteja alojada e desponte as primeiras mudas. Um evangelista não apenas lança a palavra, mas presta os primeiros cuidados à vida do recém-nascido espiritual, para confirmá-lo na fé; ponto a partir do qual libera o mesmo ao cuidado do pastor. 

O evangelista deve ser, sobretudo, sensível à voz do Espírito Santo. A exemplo de Filipe, o evangelista deve ser obediente ao Senhor, seja para pregar a multidões, seja para falar a uma única pessoa (Atos dos Apóstolos 8:6-26-40). Outro aspecto importante desse ministério é a habilidade que o evangelista deve ter na transmissão das boas-novas. O arauto de Deus precisa ser capaz de responder à seguinte pergunta dirigida ao pecador: “Entendes o que lês?” (Atos dos Apóstolos 8:30).

Conclusão


O ministério de evangelista foi concedido por Deus a algumas pessoas, conforme o propósito do Espírito Santo, para que, com graça e paixão, os pecadores fossem tocados pela mensagem do Evangelho. Este dom ministerial também é concedido para o fortalecimento e a edificação das igrejas locais.

Todos devem estar prontos para contribuir com a evangelização, mas nem todos estão aptos a fazê-lo. Com isto, queremos dizer que o evangelista tem, de forma especial, uma capacitação divina para realizar seu ministério que os demais crentes não receberam. Querer que todos sejam evangelistas é o mesmo que querer que todos sejam um só membro (1 Coríntios 12:18-19). 

Isto, porém, não significa desobrigar os crentes individualmente da responsabilidade de anunciar o evangelho. Todo seguidor de Cristo tem em sua caminhada cristã o firme compromisso de propagar a mensagem do Evangelho. A grande tarefa da Igreja no mundo é pregar o Evangelho de Jesus de Nazaré. E deste compromisso não pode se apartar um único milímetro. Que Deus levante mais evangelistas para a sua grande seara!

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