Um assunto "picante" na Igreja é o que se refere à comunhão (tanto a fraternal - entre os irmãos -, quanto à espiritual - entre cada indivíduo com Deus). Uma coisa é fato: NÃO EXISTE COMUNHÃO SOB OS MOLDES BÍBLICOS NO CEIO DA IGREJA! Essa triste realidade nos transforma a grande maioria em um bando de hipócritas, que fingem viver algo que não expressa a realidade em sua essência. Neste artigo, veremos a diferença entre os dois tipos de comunhão que a Bíblia descreve e o contexto de cada uma delas.
Associação incorreta; comunhão incerta
Em 1 João 1, o apóstolo descreve a comunhão dele com Deus como sendo dependente do andar dele na luz da verdade de Deus. Ele tinha aprendido sobre Cristo através de um relacionamento de extrema intimidade com Ele. Assim, João escreveu essa verdade vivida para nosso benefício, para que possamos ter o mesmo tipo de comunhão que ele gozava com Deus, através de seu relacionamento íntimo com Jesus. Assim, de cara concluímos que NÃO HÁ comunhão com Deus para aqueles que andam nas trevas, no erro e no pecado. Ser simpatizante e admirador de Deus, sua Palavra e sua obra NÃO CARACTERIZA comunhão.
Mas em 3 João 9 e 10, João nos conta sobre alguns de seus irmãos (evidentemente pessoas que estavam em comunhão com Deus) que haviam sido expulsos da igreja. Apesar de o apóstolo não ter dado detalhes sobre o ocorrido, deixa subentendido que foi uma atitude de injustiça para com tais irmãos. O tal Diótrefes tinha cortado a comunhão com eles, e proibiu que outros irmãos também tivessem. Ou seja, fica evidente que a manipulação é algo já pré existente na história da Igreja. O que esse cara fez foi, sem dúvida, errado; mas o fato é que coisas assim podem acontecer (E como!) na Igreja. Esse é um caso onde Deus mantinha comunhão que os homens negaram.
Aconteceu ao contrário em 1 Coríntios 5. Aqui, um membro da igreja em Corinto (o qual, concluímos, havia tido comunhão com Deus anteriormente) agora vivia na imoralidade. Segundo 1 João 1 (e, implicitamente em 1 Coríntios 5), esse homem tinha cortado sua comunhão com Deus. De maneira deliberada ele andava nas trevas, mas os irmãos de Corinto continuavam em comunhão com ele, mesmo sabendo de seu estado espiritual deplorável. Os "espirituais" irmão coríntios (se manifestações espirituais [chamada hoje de "mover'], fossem isoladamente evidência da presença de Deus, a Igreja em Corinto resplandecia em glória, o que, segundo a Bíblia, estava longe de ser uma realidade), tratavam tal irmão como se nada soubessem, ou como se nada estivesse acontecendo, mesmo sua vida de pecado sendo conhecida por todos. Isso, também, obviamente, foi errado; mas aconteceu! Os homens mantinham uma comunhão que Deus negou.
Assim percebemos que há dois tipos de comunhão - a comunhão com Deus, que depende inteiramente do nosso andar na Verdade; e a com homens (até com irmãos) que é sujeita à aprovação ou rejeição dos próprios homens. Dizendo que nós devemos aprovar somente o que Deus aprova (uma afirmação com a qual concordo, diga-se) não muda os fatos. Irmãos, às vezes, aprovam o que não devem e rejeitam o que devem aceitar. Deus sabe a diferença, e julga apropriadamente; mas o "partido" nem sempre age como Deus quer.
Associação correta; comunhão certa
Quando obedecemos o Evangelho, individualmente (e essa obediência é pessoal e intransferível), nós nos entregamos a Deus. Quando chegarmos ao fim da vida, teremos que prestar contas a ele, individualmente (Mateus 16:24; Romanos 14:4,12). De acordo com esse compromisso de lealdade a Deus, e sujeitos às obrigações do nosso acordo com ele, ajuntamos-nos a outros para trabalhar e adorar juntos numa comunhão local (uma congregação). Deus ordena esta união; os laços dessa associação são grandes e suas obrigações são reais; mas ela continua sendo o meio de servir o Senhor, e jamais deve se tornar o nosso Senhor.
Comunhão de homens com homens é um laço terrestre que tem um significado aceitável em termos espirituais somente quando ela ajuda no nosso serviço a Deus (exercício dos chamados ministeriais). Esta comunhão tem regras e princípios divinos que estão estabelecidas na Bíblia Sagrada, mas os homens (= gênero) nem sempre seguem as regras. A pessoa que contam somente com um laço externo de comunhão na "igreja" para garantir sua redenção espiritual, se apoia numa bengala quebrada remendada com fita crepe. Entenda bem: eu não estou desvalorizando a Igreja, muito pelo contrário. Eu procuro enfatizar o significado da Igreja verdadeira, como as pessoas que pertencem a Deus e fazem o trabalho de Deus da maneira que Deus tem revelado. Essas pessoas são louvadas por sua lealdade e serviço a Deus, e não por sua lealdade ao "partido".
Irmãos que se preocupam principalmente em manter sua comunhão com Deus serão atraídos um ao outro por esse interesse comum, e encontrarão uma comunhão na congregação que predirá as doces bênçãos do céu (Salmo 133).
O assunto "comunhão" é extenso, complexo e renderá outros artigos, sob outros prismas. Por enquanto, fico por aqui. Até os próximos.
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