sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

PARA INGLÊS VER

Já não é segredo a ninguém que o ano de 2015 seria terrível para os brasileiros. Desde o segundo semestre de 2014, as perspectivas para a economia da nação para esse ano não eram nada animadoras, conforme previsões unânimes dos especialistas. Entretanto,  à despeito de toda a incerteza do pais que gira sem rumo feito uma nau à deriva em meio à turbulências de um oceano irado, os brasileiros vão seguindo para o matadouro como se nada tivesse acontecendo ou como se eles nada tivessem a ver com isso. Qualquer acontecimento ou assunto inúteis, sem proveito algum, atrai a atenção da massa que, manobrada por uma mídia insana, desvia todo o seu foco para as porcariadas disseminadas pelas [e através das] redes sociais.

#VERGONHA


O início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff está sendo muito mal avaliado pela imprensa especializada estrangeira. Depois de o Financial Times listar "10 boas razões" para a petista deixar o poder, agora uma reportagem de capa da The Economist enfatiza a "bagunça" que domina a política e economia brasileiras. A versão latino-americana da revista, que chegou às bancas nesta quinta-feira (26), traz na capa a manchete "Atoleiro do Brasil". O editorial destaca que a estagnação do País em 2013 está se transformando em recessão, com altas taxas de inflação e inadimplência e redução no volume de investimentos.

O cenário piora, segundo a The Economist, com "o vasto escândalo de corrupção" na Petrobras, que envolve propina bilionária distribuída entre políticos petistas e dos partidos da base governista. A revista confronta o cenário atual com o Brasil que Dilma vendeu durante a campanha eleitoral do ano passado:

"Enquanto fazia campanha por um segundo mandato, nas eleições, Dilma Rousseff pintou um retrato cor-de-rosa da sétima maior economia do mundo. Altos índices de emprego, salários crescentes e benefícios sociais que eram ameaçados apenas pelos planos neoliberais nefastos de seus oponentes, como ela dizia. Com apenas dois meses de seu mandato , os brasileiros já perceberam que foram atraídos por falsas promessas."

Para a The Economist, escapar desse "atoleiro" seria complicado para líderes políticos fortes. "Rousseff, entretanto, é fraca", dispara, apoiando-se na disputa acirrada entre ela e o senador Aécio Neves, então candidato a presidente pelo PSDB, e na queda da popularidade da presidente neste começo de ano, medida pelo Datafolha.

Essa "fragilidade política" ficou ainda mais escancarada com a derrota de Dilma na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) bateu com folga Arlindo Chinaglia (PT-SP) e "vai perseguir a agenda dele, não dela", sublinha a revista. "Não será a primeira vez que o Brasil poderá viver um período de governo semi-parlamentarista."

Esse é o maior teste do Brasil desde o início dos anos 90, de acordo com a The Economist. "Ela [Dilma] precisa levar o País para uma direção inteiramente nova. "Uma nova onda de protestos contra a corrupção e a má qualidade de serviços públicos, como em 2013, pode custar o mandato de Dilma, alerta a revista.

O salvador da pátria?


A revista vê com simpatia o nome do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e seus esforços de ajuste fiscal e de aproximação com mercado e investidores:

"Agora, ele [Levy] é indispensável. Ele deveria construir pontes com [Eduardo] Cunha, deixando claro que se o Congresso Nacional tentar precificar apoio político, isso levará a cortes em outros lugares do Orçamento. A recuperação da responsabilidade fiscal deve ser permanente para a confiança dos negócios e o retorno dos investimentos. Quanto mais cedo o ajuste fiscal estiver valendo, mais cedo o Banco Central poderá iniciar o corte na taxa de juros."

A The Economist emenda que a situação econômica da Rússia é pior que a do Brasil. A economia do país de Vladimir Putin foi "violentada" por guerra, sanções e dependência do petróleo.

"A despeito de todos os seus problemas, o Brasil não está em uma bagunça tão grande quanto a Rússia. Ele tem um setor privado amplo e diversificado e instituições democráticas robustas. Mas seus prejuízos podem ser mais profundos do que muitos estão notando. A hora para mudar isso é agora."

Quem és tu ó, The Economist?


Assim como a agência americana Moody's, que na quarta-feira (24/02) rebaixou a nota da Petrobras de Baa3 para Ba2, fazendo a empresa ter um grau especulativo, a revista britânica The Economist também concedeu a si mesma o papel de juíza do Brasil. Segundo ela, o país vive seu pior momento econômico desde o início dos anos 90.

Não é a primeira vez que a Economist  dá seus palpites. A mesma publicação havia recomendado em seu editorial do dia 18 de outubro de 2014, o voto em Aécio Neves (PSDB) quando faltavam menos de dez dias para as eleições presidenciais. Nessa edição, a capa trazia a ilustração de uma mulher estilizada como Carmen Miranda, mas com ar de tédio e desconfiança e com frutas apodrecidas sobre a cabeça. Com o título "Por que o Brasil precisa de mudança?" ("Why Brazil needs change?"), o texto faz um balanço pessimista dos quatro anos de governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

O mesmo havia acontecido em outubro de 2010, quando também faltavam dias para a votação do segundo turno. A Economist sugeriu o voto em José Serra (PSDB) defendendo a alternância de poder e a austeridade: "É difícil imaginar Dilma e o PT colocando um ponto final nos gastos públicos", argumentava o artigo. Voltando ainda mais no tempo, a revista britânica publicou em novembro de 2009 uma edição com uma capa que ficou famosa. Nela, o Cristo Redentor aparece levantando vôo como um foguete.  Mas o tom era de puro otimismo na matéria intitulada "O Brasil decola" ("Brazil takes off"). 

Na época, o mundo ainda estava atolado na crise financeira internacional e o Rio havia sido escolhido sede das Olimpíadas de 2016 apenas um mês antes. Os capitais de investidores ávidos por lucros rápidos fluíam para os países emergentes. A Economist deu destaque ao Brasil entre os Brics e mostrou suas vantagens. "Ao contrário da China, é uma democracia, ao contrário da Índia, não possui insurgentes, conflitos étnicos, religiosos ou vizinhos hostis. Ao contrário da Rússia, exporta mais que petróleo e armas e trata investidores estrangeiros com respeito".

Quatro anos depois, em setembro de 2013, o Cristo Redentor voltava à capa, mas em queda livre. Falando do Brasil, a matéria carregava no tom alarmista: "Uma economia estagnada, um Estado inchado e protestos em massa significam que Dilma Rousseff deve mudar o rumo". Agora, diante de capas caricatas e desrespeitosas de "renomadas" revistas, é sempre bom lembrar a famosa frase do escritor inglês William Shakespeare, esse sim uma autoridade em seu ofício: "A desconfiança é o farol que guia o prudente". 
As capas: em 2009, alusão à ascensão; em 2013, à queda

A pergunta a se fazer é: Quais são os maiores interessados que estão por trás dessas "avaliações" negativas? Serão banqueiros apátridas que torcem pelo "quanto pior, melhor"? Quem estará ajudando a Economist a desqualificar o Brasil? Seja qual for a motivação, uma coisa é certa. O Brasil está mesmo em um enorme atoleiro, o povo brasileiro vive em Nárnia, mas isso é problema nosso, dos brasileiros e não precisamos dos pitacos e dispensamos as gracinhas de gringos "incircuncivos". Cada um com seu cada qual.

Fonte: JB, Veja, IstoÉ, Época

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