domingo, 7 de dezembro de 2014

[NÃO] QUERO ME APAIXONAR [NEM POR DEUS]!

Sei que muitos podem vir a não concordar com esse artigo. Muitos acham que associar a paixão ao relacionamento com Deus é aceitável e que “não tem nada a ver” dizer-se apaixonado por Deus... Há também os que sinonimizam a paixão com o amor. Aliás, a atual cultura gospel e seus conceitos contemporâneos têm solidificado e até incentivado isso. Um famoso grupo de louvor e adoração tem um de seus discos intitulado “Quero me Apaixonar”, outro conhecidíssimo ministro de louvor teve uma série chamada “Paixão, Fogo e Glória”, isso só para citar dois casos. 

Ouvi não me lembro de quem (não vem ao caso) a seguinte explicação na tentativa de justificar essa tal paixão por Deus: “É impressionante o que podemos fazer por alguma pessoa – ou deixar de fazer – quando estamos apaixonados. Se somos apaixonados, é muito mais fácil renunciar à nossa própria vontade, porque nossos olhares e nossa atenção se voltam completamente para o outro. Nosso desejo é estar sempre ao lado do alvo da nossa paixão (...). Assim, por que não ser apaixonado por Deus? (sic) A intensão dessa pessoa pode ser a melhor possível, mas, esse é um dos casos de bem intencionados povoando o inferno.

O que é a paixão


Segundo alguns autores, a paixão é uma procura insaciável e egoísta do prazer físico ou sensível. É a inversão dos valores, pondo o amor a serviço do prazer, e não o prazer a serviço do amor. Seria uma tentativa de transformar o amor em mera fonte de prazer. Muitos confundem amor e paixão. Embora nasçam e cresçam no mesmo coração, há entre eles profundas diferenças e radical oposição.

Comparemos:

A paixão é um estado. O amor é uma essência.
A paixão é um resultado físico e sensível. O amor é fruto do espírito.
A paixão nasce e morre; morre tão depressa quanto nasceu. O amor nasce, cresce, se desenvolve, se aperfeiçoa, nunca morre, mas é sempre fonte de vida.
A paixão avilta. O amor enobrece.
A paixão diminui. O amor engrandece.
A paixão rebaixa. O amor eleva.
A paixão humilha. O amor exalta.
A paixão empobrece a ambos, sem enriquecer ninguém. O amor enriquece a todos, sem empobrecer ninguém.
A paixão corrompe. O amor santifica.
A paixão é egoísta, pois só pensa em si. O amor é desprendido, porque só pensa no outro.
A paixão pede prazer e alegria. O amor os oferece.
A paixão condena sempre sem ouvir. O amor perdoa sem condenar.
A paixão vive para si mesma. O amor para o outro.
A paixão passa. O amor permanece.
A paixão é interesseira e egoísta. O amor é serviçal e prestativo.
A paixão é um relâmpago instantâneo. O amor é um sol permanente.
A paixão é um brilho fugaz. O amor é claridade perene.

E, então? É paixão ou é amor?


Na história temos casos de guerras iniciadas por uma paixão. Quem não conhece a história bíblica de Davi. Enviou um homem para a morte na frente de batalha porque desejou sua mulher. O que Davi sentiu por Bateseba NUNCA pode ser equiparado ao amor. Basta dar uma olhadinha nas consequências. Se o que aconteceu com Davi fosse amor, 1 Coríntios 13 seria uma mentira. Aliás, na Bíblia, as únicas vezes em que a palavra paixão é citada está sob um contexto negativo – 1 Ts 4:5, Hb 2:9, em Romanos 1:27 e em Colossenses 3:5, a paixão está subentendida e caracterizada.

Paixão é um instinto animal. O desejo, que nasce dos olhos, lança uma nuvem densa sobre o cérebro, que passa a trabalhar intensamente na construção de uma trama para enredar o alvo da paixão. Tem tudo a ver com a concupiscência da carne do que com qualquer outra coisa. 

Em alguns casos o corpo todo padece, aprisionado numa parede de fogo levantada por um desejo incontrolável. A menina que não quer mais se alimentar é porque está apaixonada, é porque está "amando". A paixão é um sentimento instintivo muitas vezes avassalador, que pode até destruir vidas. É um sentimento que nasce de fora para dentro e que é motivado pela beleza e atratividade do objeto da paixão. 

A força desse sentimento só pode ser controlada por outra força em sentido contrário. Por um firme propósito de não permitir que nada nem ninguém faça com que venhamos a ferir outrem. Por uma atitude de absoluto respeito pelo outro, ou seja, pelo verdadeiro amor. 

Enfim, o Senhor espera que pensemos os Seus pensamentos, pois temos a mente de Cristo. Que busquemos as coisas do alto, agradando a Deus com todas as nossas atitudes. Quer que neguemos a nós mesmos, tomando nossa cruz e o seguindo. Renunciar àquilo que agrada a nossa carne, preferindo sempre agir segunda a direção do Espírito, é o sinal mais evidente de que nosso compromisso com Deus está além das palavras, afinal, amar não são palavras, são atitudes equilibradas, coerentes e responsáveis. Amar ou se apaixonar, a escolha é sua, pois os dois ao mesmo tempo é espiritual e essencialmente impossível.

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