quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O SILÊNCIO DOS INOCENTES

Um dos grandes males que tem assolado a sociedade nos dias de hoje é o absurdo aumento no número de abusos sexuais contra crianças e adolescentes. E engana-se quem pensa que esse terrível problema está longe de si. Se você tem uma criança ou um adolescente em sua casa, em sua família, todo o cuidado é pouco, pois os algozes em muitos casos estão próximos de suas possíveis vítimas. Muitas vezes eles estão dentro das próprias casas, compartilhando da confiança e da intimidade da família.

Aspectos Gerais


O abuso sexual de forma geral, tanto com criança quanto com adulto, pode designar qualquer relacionamento interpessoal no qual o ato sexual é realizado sem o consentimento do outro, podendo ocorrer pelo uso da violência física e/ou psicológica. Esse ato caracteriza um desrespeito ao ser humano, pois esse não pode manifestar sua vontade e mesmo que a manifeste, essa não é considerada. O abuso sexual, no que se refere à criança, de acordo com especialistas e estudiosos do assunto, corresponde a atos impostos por um adulto, que explora seu poder sobre ela, a fim de obter satisfação sexual sob diversas formas.

É muito difícil estabelecer a frequência com que ocorre a vitimização sexual, devido ao silêncio que se estabelece em torno do fato. Somente alguns casos chegam ao conhecimento dos profissionais especializados e, frequentemente, são os considerados graves, de grandes consequências para a vítima. Há, ainda, muita resistência, tanto por parte da vítima como de seus familiares, em comunicar o ocorrido, provavelmente por ser uma prática que envolve medo e vergonha e por estarem envolvidos nela os próprios familiares e/ou pessoas conhecidas que têm o apreço da família. Por meio de pesquisa realizada no município de São Paulo, verificaram que os casos denunciados aos órgãos públicos são mínimos, e que somente cerca de 6,5% das vítimas são do sexo masculino. Nos casos de incesto, 70% das vezes o autor da vitimização foi o pai biológico.

"Modus Operandis"


A maneira dos abusadores agirem é sempre muito parecida. Eles se aproveitam da confiança e do acesso às vítimas para atacarem suas vítimas. As ameaças mais comuns são de que se a  vítima contar para alguém, o abusador a mata, bem como sua mãe e irmãos. Há  vários casos com este histórico registrados nas Delegacias de Repressão aos Crimes contra Crianças e Adolescentes da DPCA, orgão ligado à Polícia Civil nos estados brasileiros.

Do Medo à Omissão


Algumas vezes, a genitora da criança vítima sabe ou desconfia de que seu filho ou filha (tanto meninos quanto meninas são abusados) vem sofrendo abuso sexual por parte de seu companheiro, mas não tem coragem de enfrentar a situação, de defender seu filho ou sua filha. Continua a fazer de conta que não sabe de nada. A criança ou adolescente chega a adoecer por conta dos abusos, tanto físicos como sexuais. 

A  criança abusada muitas vezes  é também vítima de maus-tratos físicos, e termina fugindo de casa, passando a ser vítima de outras formas  de violência nas ruas, na casa de parentes, ou passando a se prostituir. Há casos em que a criança fica totalmente viciada na prática sexual precoce.

Os Sinais


É comum a presença de distúrbio do sono em crianças que sofreram abuso sexual. A criança manifesta grande angústia e agitação, sem alcançar, geralmente, o estado de vigília. Isso, provavelmente, se deve ao caráter ameaçador relacionado ao relaxamento da censura sobre a fantasia, inerente ao estado de sono. Há, portanto, a relação entre o abuso infantil e o desenvolvimento de problemas psiquiátricos. A criança abusada também passa a demonstrar um comportamento sexual que não é compatível com sua idade. Há também a queda no rendimento escolar, a retração ou manifestação de violência contra outras crianças. A criança também pode tentar fazer com outras da mesma idade ou menores, as mesmas coisas que o adulto agressor faz com ela. Aos pais e/ou responsáveis cabe ficarem atentos a qualquer comportamento diferente que a criança assistida por eles vierem a apresentar.

De Vítima à "Culpado"


Em muitos casos quando o abuso é descoberto, há uma outra problemática familiar a ser tratada, quando quem abusa da vítima é quem mantém a família. Muitas  vezes a criança é que termina sendo acusada de ter causado a desagregação familiar. Em vez de ser o adulto apontado como  culpado, muitas vezes, a criança é que termina com este sentimento de  "culpa".

Algumas  vezes, a própria criança ou adolescente termina desmentindo o abuso sexual, na tentativa de reverter a problemática surgida no quadro familiar, na tentativa de não mais ter "a culpa"  dos acontecimentos (como se fosse dela), assumindo até uma suposta mentira - o que geralmente é feito por indução de um adulto. E o abuso continua a ocorrer. 

As Consequências


Várias são as consequências psicológicas do abuso sexual, que  influenciarão na vida sexual da vítima quando adulta, caso não se submetam a uma terapia. As conseqüências do abuso sexual do ponto de vista físico, da saúde são muito sérias, principalmente levando-se em conta as doenças sexualmente transmissíveis, principalmente a AIDS, isto sem falarmos nos casos em que a vítima sofre lesões graves causadas pelo abusador.

Há casos de gravidez decorrente de abuso sexual  praticado pelo próprio pai ou padrasto. Nestes casos acarreta consequências físicas, psicológicas, sociais etc. Inclusive há registro de  padrastos que engravidaram enteadas, antes que os abusos fossem descobertos, e pai que uma de suas filhas teve dois filhos seus, e a esposa, mãe da criança sabia de tudo. E calava. Caso este inclusive divulgado na imprensa do Sul do País.

Um abusador sexual, é uma pessoa que não tem  uma vida saudável,  não se preocupando com o bem-estar da vítima, e logicamente  não  se preocupando com a possibilidade de transmitir as doenças que porventura tenha. E é muito fácil tê-las, uma vez que tem uma vida sexual geralmente à margem da normalidade. Portanto, podemos dizer sem receio,  que o abuso sexual também coloca a vida da vítima em risco.

Referente às famílias em que ocorre o abuso sexual, assinala o rompimento das fronteiras intergeracionais em certas áreas do funcionamento familiar. Segundo ela, há inversão de papéis, a criança, dependente estrutural, é colocada no lugar de parceiro pseudo-igual no relacionamento sexual inadequado com o abusador. 

O abuso sexual, de caráter incestuoso ou não, pode ser considerado como uma experiência muito negativa, pois provavelmente vai interferir nos padrões normais de repostas e pressupor uma alta probabilidade de desenvolvimento de algum tipo de desordem, sendo, portanto, uma causa, em longo prazo, da delinquência, o que não significa que toda criança que sofreu abuso vai se tornar delinquente. No entanto, o fato de ter sofrido abuso deixa a criança numa situação de risco para o desenvolvimento da delinquência, pois aumentam as possibilidades de que ela venha manifestar problemas comportamentais. A criança ou adolescente chega a adoecer por conta dos abusos, tanto físicos como sexuais. 

Nos mantenhamos, pois, vigilantes e em oração para que esse mal não chegue em nossas casas. Também não poupemos esforços no sentido de orientar aos nossos filhos à luz da Palavra de Deus e também sobre como ele se manter atento à abordagem e possível assédio dessas criaturas tão infames. É o típico caso de atendermos à orientação do Mestre Jesus, mantendo-nos simples como as pombas e prudentes como as serpentes.

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